ℱui direto do trabalho para o supermercado.
Naquela manhã antes de sair de casa, Davison fez uma lista do que eu deveria comprar que já estava em falta. Sempre costumava ir do trabalho para o supermercado, já que ficava bem perto, sendo assim, não gastaria passagens de ônibus para ir e vir o tempo todo, fazendo tudo logo de uma vez, além de que amava o ar condicionado do supermercado. Iria comprar tudo pelo débito, afinal todo o dinheiro que eu havia ganhado de Henrique ainda estava intocado na minha conta do banco.
Empurrava um carrinho de compras ainda vazio, já que havia acabado de chegar no supermercado. O primeiro setor que fui foi o dos alimentos não perecíveis. Peguei arroz para o mês inteiro, além de feijão e macarrão. Também iria comprar alguns laticínios, já que gostava de alimentos derivados do leite como margarinas, queijos, iogurtes, etc. Depois fui para o setor das carnes, afinal como um carnívoro nato, não poderia faltar carne na minha mesa.
Um vazio se instalou dentro de mim, enquanto fazia as compras. Pensei automaticamente em Henrique. Tudo ali seria pago com o dinheiro que eu havia ganhado em serviço à ele. De repente cada produto ali parecia ter sido tocado por Henrique. Podia sentí-lo presente e de certa forma aquilo me aqueceu por dentro. Não sabia exatamente como explicar aquilo, mas o vazio parecia ter ido embora por ora, mas logo voltou quando despejei o produto dentro do carrinho e segui para o próximo setor.
Demorou cerca de quarenta minutos para estar com o carrinho abarrotado de compras e seguindo em direção à fila para o pagamento. Eu era bem ágil quando se tratava de compras. Com a lista do que faltava ficava ainda mais fácil para eu ser objetivo. Saber o que deveria comprar acelerava o processo, mas até ágil era algo do meu ser. A única coisa que me faria demorar um pouco mais era a fila. Haviam muitos carrinhos à minha frente e eu teria de esperar bastante até que a minha vez chegasse.
Meia hora depois e agora finalmente havia chegado a minha vez de passar as compras. A moça que estava no caixa, uma garota negra com o cabelo preso num coque, era bastante simpática. Seu rosto completamente maquiado ressaltava a sua beleza afro, marcando cada detalhe do seu rosto cor de chocolate. Seus olhos negros brilhavam e eram bastante expressivos, enquanto passava as minhas compras e me dirigia sorrisos bem abertos.
A moça me perguntou como eu iria pagar as compras e respondi que seria no débito, portanto ela trouxe a maquininha. Enquanto digitava os números, pensei automaticamente em Henrique. O dinheiro dele me ajudava naquele momento. Estar deixando uma parte do dinheiro que havia ganhado dele, era como estar deixando uma parte dele ali. A única parte que ainda me restara. Não tinha muita a fazer. Assim que o processo de pagamento terminou, saí dali mais vazio do que quando havia chegado.
***
Agora estava dentro do Uber, quase chegando em casa. O Uber virou mais uma rua e finalmente chegou na que eu morava. Ele seguiu direto até que de longe pude ver a casinha onde residia. Havia um carro cinza parado ali a frente. Por um segundo Henrique invadiu à minha mente, já que o carro dele também era cinza, mas não era nada parecido com aquele, portanto acalmei os ânimos, porém ainda fiquei curioso para saber de quem era aquele carro parado na frente de casa.
O Uber não pôde parar em frente à casa porque o carro ocupava o espaço ali, portanto parou um pouco mais para o lado. Desci e em seguida o cara que dirigia o Uber. Ele abriu o porta-malas e me ajudou a carregar as compras até além do portãozinho, colocando tudo no chão. Assim que todos os pacotes acabaram, paguei à ele e então o homem se foi, dirigindo o seu carro branco, enquanto eu fechava o portãozinho de ferro.
Caminhei para dentro de casa e ao abrir a porta, ouço gemidos vindo do quarto. O que será que estaria acontecendo ali? Os gemidos vinham do quarto de Davison. Caminhei até lá e por fim bati na porta. Os gemidos cessaram. Continuei ouvindo barulhos de correria e sussurros exasperados. Quando a porta se abriu, pude ver o médico de Davison saindo com um sorriso nervoso no rosto e completamente despenteado. Ele carregava os sapatos nas mãos e as calçadas estavam com o zíper aberto. A camisa social também estava aberta revelando seu peitoral cor de chocolate.
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Quem dá mais por ele?
RomansaQuem dá mais por ele? É o que eu escutava aquela noite inteira. Estava quase chegando a minha vez de ser leiloado. Confesso que eu estava bastante nervoso com o fato daquela licitação, mesmo sendo vendido em benefício daquela instituição para gays d...