- Vai me deixar aqui? - perguntei.
- Não, só serei pago com você.
- Então eu sou o pacote...
- Isso mesmo, você é - ele respondeu.
- Não sei porque pensei que poderia ser diferente. Você e meu pai me vêem da mesma forma. Mais um negócio do que uma p...
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Passou-se mais alguns dias, Tio Saju contratou uma mulher para cozinhar, cuidar da casa e de mim.
- Você tem visita - a senhorinha falou.
- Não quero receber ninguém - disse, sem tirar os olhos do piano.
Mas uma mulher encosta em cima do piano, me fazendo parar. Era a mulher que ajudou a me salvar.
- Oi Malia - ela disse.
- O que quer aqui? - perguntei
- Vim ver se você está bem.
- Estou. Pode ir embora agora - respondi rude. Não quero conversar com ninguém.
- O que houve entre você e Tyler? - ela foi direta.
Olhei para o piano, desconcertada.
- Não houve nada. - respondi
- Mesmo? Por que me lembro muito bem do olhar dele pra você, antes dele cair no rio. Era um olhar de um homem apaixonado.
Olhei nos seus olhos: - Deve estar louca...
- Malia, eu não sou a vilã. Tyler era como um irmão pra mim. E se ele estava apaixonado por você, quero cuidar de você como uma irmã também.
- Já tem gente demais deixando de viver suas vidas pra cuidar de mim.
- Então é verdade? Estavam apaixonados? - ela continuou
- Talvez... Mas agora ele está morto. E eu também logo estarei. - disse me levantando.
- Não fale uma coisa dessa. Olha seu estado, você tem comido?
- Vá embora - falei olhando em seus olhos e virando as costas pra ir pro meu quarto. O que ela queria com essas perguntas?
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Tio Saju avisou que iria passar a noite com a esposa e o filho, então a senhorinha que não me lembro o nome, bateu na porta.
- Não quero receber ninguém - gritei.
- Dona Malia, trouxe chá e bolo de chocolate. - ela falava atrás da porta.
Bolo de chocolate é golpe baixo. Levantei, abri a porta e peguei a bandeja.
- Vou pro meu quarto, qualquer coisa você me chama, ok? - ela disse. Ela até que é uma senhorinha fofa. Imagino ela como uma avó, como eu queria ter uma...
Comi o bolo de chocolate e bebi o chá. Depois de algum tempo peguei no sono.
- Ei, voltei! - ele dizia
- Tyler? Tyler é você mesmo? Corri o abraçando.
- Eu prometi, não?
- É, prometeu!
- Eu te amo Malia.
- Eu também te amo Tyler!
Malia... Malia... Tyler falava enquanto caía no chão, cheio de sangue.
Tyler não! Tyler! Tyler!
Acordei gritando por ele. Novamente o vazio me atingiu. Chorei e gritei o quanto pude. Nada tira essa dor que carrego em mim!
Tinha que acabar com isso! E seria hoje.
.... Vai acabar, vou ser livre. As pessoas a minha volta serão livres... vai ficar tudo bem... tudo ficou escuro....
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