01 Meu lugar

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(S/n) se sentia estranha ao ver a rocha em que gravou seu nome quando chegou se encher de outros nomes, chegando um por um, a cada mês.

Quando acordou naquele lugar, confusa, assustada e sozinha, jamais imaginou que um bando de garotos um dia se tornaria sua família, ou pelo menos o mais perto que poderia chegar de uma. Ela não lembrava dos seus pais, não tinha certeza nem mesmo da sua idade; todas suas lembranças haviam sido apagadas quando acordou na Caixa.

Ela se lembrava da chegada de cada um; a expressão perdida e assustada, o corpo trêmulo e geralmente coberto de suor ou coisas piores e com o mesmo desespero que sentiu de tentar entender o que estava acontecendo, o que era aquele lugar e porque não conseguia se lembrar de nada.

Nick chegou no mês seguinte a sua chegada, mas não se davam bem nem um pouco. O que chegou no mês seguinte, Alby, foi a ponte entre os dois, com certeza o mais racional entre os três. Juntos, eles estudaram a Clareira do modo que estavam ao seu alcance, delimitando cada área, cada função e cada regra, que na verdade só se baseava em três: fazer a sua parte, não machucar nenhum outro Clareano e nunca, em hipótese alguma, ultrapassar os limites dos muros.

O novo fedelho a olhou assim que terminou de riscar a última letra do seu nome, a tirando do seu estado de reflexão para olhar sua obra prima: NEWT.

-E aí, loirinho, quer fazer o que agora? - ela perguntou com os braços cruzados sobre o peito.

-Você quem deveria me dizer, não?

-Pra falar a verdade, eu odeio apresentar a Clareira aos Novatos - confessou fazendo uma careta, não entendendo porque havia se oferecido para esse dever dessa vez. - Mas cá estou eu, então... - ela parou pra pensar nas possibilidades, talvez devesse mostrar a Sede primeiro, ou de repente...

-Por que não deixou que outra pessoa viesse então? - ele perguntou um pouco irritado, atrapalhando seus pensamentos. - Assim eu poderia saber o que realmente é esse lugar!

Os lábios da garota se curvaram minimamente, um sorriso arrependido por ter entrado naquela furada. Era por isso que não gostava de fazer as boas vindas dos Novatos; todos chegavam confusos, irritados e em pânico por não saberem de absolutamente nada e bem ignorantes. E, ultimamente, estava cansada da ignorância daqueles trilhos com quem vivia.

-Deixa eu te falar uma coisa, Fedelho. Tá vendo todos esses nomes aqui? Cada um deles tá nesse maldito lugar. Peça ajuda a qualquer um!

Ela o deixou lá, caminhando em passos largos até a construção de madeira que poucos botavam fé. Viu quando os Corredores voltaram do Labirinto, adentrando a Clareira em suas corridas ritmadas em direção a Sala dos Mapas.

-E aí, bravinha! - Minho a cumprimentou quando passou correndo por ela, com um sorriso zombeteiro no rosto avermelhado e suado. Já tinha visto tanto aquela cena e gostava muito, não podia negar, embora estivesse de saco cheio do asiático, e de todos os outros ali.

-Não fode! - ela gritou de volta, sem parar sua caminhada, mas estancou no lugar ao lembrar dos muros que se fechariam dali alguns minutos. Era comum que os Novatos sentissem o ímpeto de se jogar para dentro do Labirinto, diante do desespero de ficar preso para sempre naquele lugar bizarro com aquelas pessoas desconhecidas.

(S/n) deu meia volta, perdendo o luxo de assistir as costas musculosas de Minho no tecido suado, transparente e grudado em seu corpo. Como podia ser tão delicioso?

Ela percorreu os olhos pela Clareira a procura do Novato e não foi difícil encontrá-lo - alto, magro, pálido e de cabelo dourado -, estava diante da Porta, se aproximando com curiosidade, se perguntando o que diabos teria para lá.

A PRIMEIRA CLAREANA [FANFIC INTERATIVA - MAZE RUNNER]Onde histórias criam vida. Descubra agora