Dois meses depois...
(S/n) se lembrava nitidamente do frio na barriga que sentia quando a porta do Berg foi aberta, no terraço do prédio principal do CRUEL. Ava, Janson e Teresa estavam com as mãos amarradas e dentro da sua mira quando eles desceram. A primeira ordem aos soldados foi clara e em pleno desespero: "não atirem".
Aparentemente, o maior medo da Doutora Ava Paige era a morte e era com isso que (S/n) a manipulava, com o auxílio de uma coleira que transmitia fortes ondas elétricas sempre que achava necessário. Por mais que ela não gostasse da ideia, Ava e Teresa ainda eram úteis para as pesquisas, ao contrário de Janson, que foi jogado na prisão onde ela encontrou um velho amigo e aliado. Com o rosto machucado e quase irreconhecível, Eric O'connor sorriu imediatamente ao reconhecê-la. Seu estômago estava embrulhado e ela não conseguiu conter as lágrimas ao ver que sua situação só estava tão péssima pela ajuda que ele a deu. Não faziam ideia do porquê deixaram-o vivo e nem como ele havia sobrevivido; algumas marcas de queimaduras cobriam toda sua cabeça e ele estava cego do olho esquerdo, mas disse que passaria por tudo outra vez se precisasse de ajuda.
No momento em que fizeram a transmissão para toda a cidade e colaboradores, obrigando Ava a anunciar que o CRUEL agora pertencia a (S/n), ela soube que seu plano havia dado certo, mas não estava completo.
A busca por Newt e o restante do grupo estava difícil, qualquer um poderia suspeitar que estavam todos mortos se não os conhecesse. Naquele mesmo dia, Aris e Sonya voltaram com o Berg para as montanhas, mas eles já não estavam mais lá. Desde então, todos os dias eles saem a procura dos sobreviventes do Braço Direito, mas nenhum rastro foi encontrado até agora. Era como se eles tivessem sumido do mapa, fazendo a expressão "caçar fantasmas" do Jorge finalmente fazer sentido.
-O CRUEL não é mais o CRUEL, ouviram isso, seus trolhos? - (S/n) dizia no rádio. - Não precisam mais se esconder. Essa mértila é minha! Alguém aí? Câmbio?
(S/n) soltou um suspiro frustrado após outra tentativa fracassada, despojando o corpo sobre a cadeira de couro preto da sala que pertenceu a Ava e que agora pertencia a ela. Aris, Sonya e Eric estavam do outro lado da mesa e entre eles um mapa estava aberto, com alguns lugares marcados e riscados.
-Não se preocupa, filha - Eric tentou a animar. - Conhece eles, só devem estar desconfiados. Não desista, logo eles dão a cara.
-Ele tá certo. Vamos continuar com as rondas nessa região durante essa semana e na outra fazemos a oeste - Minho dizia apontando para o mapa. - Continue com as transmissões de rádio, uma hora ou outra vão reconhecer sua voz.
- Estamos indo atrás deles esse tempo todo, mas estão fugindo de nós. Ainda acham que é o CRUEL ou, pelo menos, um armadilha do CRUEL. Como poderemos nos aproximar sem que eles fujam?!
-Garota, relaxa! Vince deve estar monitorando as ondas de rádio - foi a vez de Sonya tentar acalma-la. - Se ouvir alguma coisa, saberá onde nos encontrar.
-Você pode contar histórias - Aris sugeriu. - Lembranças que eles compartilharam. Assim saberão que é você. Tipo um diário, ou algo do tipo...
-E se outras pessoas ouvirem? Não quero toda essa exposição!
-Outras pessoas, quem? - Minho perguntou, achando graça. - Mais da metade da população está morta!
-Bom, de qualquer forma... Tenho as entrevistas para fazer. Sonya, você pode tentar achar alguma coisa no rádio? É a voz mais simpática do grupo.
-Claro, pode deixar.
-Como está a fabricação da vacina? - Eric perguntou, com uma mão embaixo do queixo.
-Bom... Já começamos os testes. Os voluntários estão em quarentena e parecem progredir sem problemas. De dez pessoas, só tivemos uma perda.
-São bons números, isso é bom - o mais velho pensou alto, balançando a cabeça.
-Assim que for seguro, abriremos as portas da Última Cidade para as pessoas de fora. Podemos até mesmo usar as Clareiras e os Complexos desativados para os abrigar.
-Acho melhor ir com mais calma - Minho disse, preocupado. - Você sabe as recomendações, não pode se esforçar.
-Eu não tô me esforçando... - ela resistiu ao ímpeto de revirar os olhos. Minho estava tão superprotetor nos últimos meses que começava a irritar. - São só cinco frascos por semana e eu tô comendo que nem um porco!
-Isso você sempre fez - disse ele, para a provocar. - Tá na hora da sua consulta, vamos?
Ela respirou fundo, cheia de preguiça até se lembrar que era a consulta em que descobriria o sexo do bebê. Estava tão preocupada com a administração da Última Cidade e com a procura dos amigos que deixaria-a passar facilmente. Tinha sorte que Minho estava ao seu lado, a lembrando e a acompanhando a suas consultas, preparando suas refeições nutritivas e se lembrando do horário de suas vitaminas. Por mais grata que fosse, ainda tinha um buraco em seu peito, porque aquele era o papel que Newt deveria cumprir. Não ter nenhuma notícia sua estava deixando-a louca. Tinha medo que acabasse como Alby e Rhuan. Se algo acontecesse, ela poderia salva-lo de estivesse perto, mas de longe de nada seria útil. Se algo acontecesse, ela sequer saberia.
[...]
-Vejamos... - o homem de jaleco branco e cabelo ralo estava concentrado no televisor onde manchas escuras eram transmitidas e que ela não entendia absolutamente nada. Ele passava um aparelho em sua barriga agora já proeminente, deslizando-o sobre um gel gelado que a dava arrepios. - Parabéns, é uma garota! - ele apontou um ponto específico na tela, fazendo Minho abrir um sorriso e segurar a mão de (S/n), apertando-a. - E é um garotinho também...
-Hermafrodita? - (S/n) perguntou, olhando-o confusa. Só não esperava a resposta, que veio com uma risada nasal:
-Um casal.
-Dois?!
VOCÊ ESTÁ LENDO
A PRIMEIRA CLAREANA [FANFIC INTERATIVA - MAZE RUNNER]
Fanfic(S/N) acordou em uma caixa de metal fria e escura, sem nenhuma lembrança além do próprio nome. Seus punhos disferiam socos em busca de uma saída enquanto ela gritava por ajuda, quando finalmente a Caixa parou. Mesmo ansiosa para sair, a adolescente...