23 O Trem

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Todo o corpo de (S/N) tremia e suava frio com as dores da dilatação; as contrações que ocorriam a cada trinta minutos agora estavam mais frequentes e dolorosas, a tirando do foco da missão a cada 5 minutos. Ela saberia que iria doer, mas não tinha ideia de que fosse tanto. Sua bolsa havia rompido e, ainda nas primeiras horas em trabalho de parto, Eric apareceu dizendo que o trem que transportava os jovens dos outros complexos do CRUEL para a Última Cidade estava sendo atacado. Alguma coisa dizia a (S/n) que eram eles, o Braço Direito, e sua intuição gritou em seu peito mais do que ela gritava agora de dor, não dando outra opção que não fosse obrigar Eric a levá-la até lá, levando Sonya, Aris, Minho e uma garota de catorze anos que ele tinha raptado da enfermaria para realizar o seu parto. (S/n) não sabia nem o que dizer quando soube que a garota era apenas uma auxiliar e tentava não pensar muito a respeito, se controlando para não jogar o asiático lá de cima.

-Manda aquele Berg parar de atirar! - ela exclamou assustada para Eric, vendo a aeronave atirar na direção ao carro que agora dirigia em zigue-zague para despista-los. - O que estão fazendo?!

Ela deixou a cabine do helicoptero e se aproximou da porta aberta do mesmo, segurando-se em Minho que assistia a cena concentrado.

-Olha o Thomas ali - ele apontou para o garoto correndo sobre o teto do trem com Vince, até que uma fileira de soldados apareceram em direção oposta. Eles se esconderam entre os vagões, sumindo da vista dos amigos que ficaram ansiosos ao ouvir o barulho de tiros.

-Eric, aproxima mais! - ela gritou, mas se calou com a explosão que separou os cinco últimos vagões do restante do trem, que lentamente freou também. - Uou!

-Esses são os trolhos que conheço! - Minho comemorou tão animado e orgulhoso quanto a garota, que até havia se esquecido da dor naquele momento.

Os joelhos de (S/n) fraquejaram e um arrepio passou por todo seu corpo quando viu seu loirinho aparecer de trás de uma pedra, fazendo tudo ao seu redor parar. Newt correu em direção ao trem, seguido de outras duas pessoas que também carregavam mochilas. Thomas batia na parede dos vagões, parecendo procurar por alguém e, quando a encontrou, Newt começou a separar o vagão específico do trem com um maçarico enquanto Thomas e Vince amarravam-o, desviando e atirando contra os soldados que se aproximavam.

-Por que eles não pararam de atirar? - (S/n) perguntou irritada, fechando a mandibula e os olhos com força pela onda de dor que cruzou seu tronco. Ela voltou para a cabine e pegou o walkie-talkie do painel, tomando fôlego para gritar: - Ei, seus soldados filhos de uma puta! É bom pararem de atirar ou serão largados no deserto à própria sorte, seus idiotas. Se matarem o pai do meu filho eu mesma mato vocês!

-Preciso verificar a dilatação da sua vagina de novo - Skye disse quando ela voltou para perto de Minho, buscando imediatamente por Newt, mas Minho a cutucou para mostrar que os soldados que haviam pousado o Berg e descido do mesmo estavam sendo rendidos por Brenda, Jorge e outros membros do Braço Direito.

-Agora não, momento importante.

-Seus filhos são mais importante agora! Não da pra você fechar as pernas e ignorar isso! - a pirralha falou irritada, mas seu semblante mudou para uma expressão de medo e vergonha e ela se corrigiu: - Desculpa, moça, seus bebês já estão vindo e não tem como esperarmos mais!

(S/n) encarou a garota por um segundo, espantada com sua mudança de humor repentina. Sua pele negra estava coberta por mini gotículas de suor, mas não sabia dizer se era de nervosismo ou por causa do calor. Ela soltou um suspiro sabendo que ela estava certa, ela podia sentir a cabeça do bebê fazendo pressão contra as paredes da sua vagina.

-Tá bom, vamos. Eric, não os perca de vista, siga-os se preciso - ela disse, mas foi interrompida por uma pontada de dor que quase a fez dobrar ao meio. A vontade de fazer força agiu involuntariamente em seu corpo e Minho a levou para o outro lado do helicoptero, apoiando-a contra a parede do mesmo.

-Vamos contar com a ajuda da gravidade. Deixe os pés afastados e dobre um pouco os joelhos. Vou precisar que faça força quando eu contar até três! - ela disse e levantou a camisola da garota, vestindo um par de luvas e se abaixando a sua frente em seguida.

-Se você olhar eu arranco seus olhos - (S/n) falou com dificuldade para Minho, se apoiando em uma barra de metal e apertando os músculos do seu braço a cada pontada de dor intensa.

-Pode deixar, não quero estragar a lembrança que tenho dela.

-Ow, tem criança aqui - Sonya o repreendeu, mesmo que a criança em questão estivesse concentrada no trabalho entre as pernas da sua primeira paciente, não tendo nem ao menos ouvido.

-Um - Skye começou a contar, mesmo que as contrações já a fizessem fazer força sem ela sequer forçar. (S/n) tentou se acalmar controlando a respiração, concentrando-se pra poder acompanhar sua contagem. -, dois... três!

Ela fechou os olhos com força e mordeu o lábio inferior até sentir o gosto de sangue e nem mesmo assim conseguiu evitar que o grito de dor escapasse dos seus lábios.

-Continua, já ta aparecendo a cabeça! - Sonya gritou empolgada, mas (S/n) começava a ver tudo rodando. Continuou colocando força, confiando em Minho para se manter em pé. O peso que ela sentia em seu ventre foi aliviado de repente, sendo o motivo agora segurado pelas mãos pequenas de Skye. Seus braços e suas pernas se mexiam agitados e em segundos seu choro cortou o ar, enchendo o coração de (S/n) de felicidade e de desespero para acalma-lo, fazê-lo parar.

-É um menino - Skye anunciou sorridente, passando-o pra toalha que Sonya segurava aberta.

(S/n) não conseguiu evitar que uma risada escapasse do fundo do seu corpo tão cansado e fraco. Minho afastou os cabelos que estavam grudados na testa da garota e beijou sua cabeça. Seu sorriso enchia seu rosto, assim como o de cada um ali presente e ela ouvia os gritos de comemoração de Eric na cabine do helicóptero.

Skye cortou o cordão umbilical que os unia e Sonya finalmente o entregou em seus braços, após (S/n) ter se sentado, uma vez que suas pernas não apresentavam firmeza. De início ela se sentiu estranha, não sabia como deveria se sentir, mas o acomodou em meus braços e o olhou com cuidado.

-Meu menino... - ela sussurrou para o pequeno enquanto desastrosamente tentava o acalmar, balançando-o levemente. - A mamãe ta aqui, amor. Ta tudo bem.

-Ele parece com o Newt - Minho comentou ao seu lado.

-Pra mim parece uma massa de pão amassadinha - ela comentou rindo um pouco, encantada com suas bochechas redondas e rosadas, seus fios loiros e sua pele pálida, coberta por uma pasta branca e pegajosa. - Eu contava com Newt para escolher seu nome, mas agora não sei o que... - ela foi interrompida por outra onda de dor que a obrigou a fechar os olhos com força e gritar.

-Tudo bem, hora da segunda.

Minho pegou a criança dos seus braços e a passou para Sonya, enquanto Skye se ajoelhou novamente a sua frente. A vontade de fazer força agia novamente em meu corpo e assim o fez, mal conseguindo ouvir as orientações da pré adolescente que ela não sabia como não estava traumatizada ainda.

Depois de alguns minutos, ela sentiu a pressão em seu ventre aliviar. (S/n) se manteve de olhos fechados, com medo de abri-los. Seu corpo estava cansado como quando cruzou o Deserto a pé, talvez dez vezes pior e ainda mais sonolento do que quando aquela doutora do CRUEL a deu um sedativo para o último exame antes de escapar de lá. Mas então ela ouviu o choro, baixo e um pouco tímido e abriu uma fresta dos olhos para ver um bebê ainda menor que o primeiro, com pequenas veias negras percorrendo deu corpinho.

Skye a olhou com os olhos castanhos arregalados de puro pavor e anunciou, com a voz falha:

-É um crank!

A PRIMEIRA CLAREANA [FANFIC INTERATIVA - MAZE RUNNER]Onde histórias criam vida. Descubra agora