20 O Plano, parte II

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O berg havia ficado apertado com tantos jovens imunes e guardas do CRUEL. Minho não conseguiu deixar de reparar em como um deles era mais baixo que os demais e em como pareceu familiar o gesto feito com o queixo em sua direção. Ele se lembrou de todas às vezes que (S/n) o fez, com um olhar irritado e interrogativo, enquanto perguntava o que ele tava encarando, usando seu amplo vocabulário de xingamentos e palavrões. Minho achava engraçado seu jeito pouco feminino no modo de falar, andar e agir, como se tanto tempo vivendo apenas com garotos a tivesse feito um. Mas ele conhecia bem a mulher que ela era - forte, corajosa, com um corpo lindo e gemidos suaves que ele adoraria ter como trilha sonora toda noite... Quer dizer, se ela não fosse namorada do seu melhor amigo.

Ele balançou a cabeça para afastar essas lembranças como fazia sempre que elas surgiam, chutando-as para longe antes que sua paixão adormecida viesse a tona. Apesar de tudo, alguma coisa o fazia sentir que aquele não era um dos casos; não era apenas uma lembrança. Algo vindo daquele soldado o fazia lembrar-se muito da clareana.

Ali, dentro daquele uniforme pesado e largo, (S/n) sentia seu corpo entrar em combustão. Seus dedos apertavam com força a arma em suas mãos, em uma tentativa de parar os tremores causados pelo nervosismo. Ela tentava não pensar em como Newt ficaria louco quando não a encontrasse no esconderijo em que a deixou, se concentrando em estudar todos os movimentos que precisaria para poder voltar com vida ao loiro.

Quando percebeu todos relaxarem um pouco, ela agiu, atirando nos três soldados que estavam na frente com movimentos mínimos. Minho impediu que o soldado ao seu lado reagisse, acertando uma cotovelada em sua garganta antes de roubar sua arma e atirar contra o mesmo e outros dois.

Janson e Ava estavam imóveis, mas ele vagarosamente buscou a pistola presa no cós da sua calça, mantendo-a escondida atrás do corpo. (S/n) tinha a arma apontada para o peito dele e, às vezes, a direcionava para a Ava, que estava mais pálida que as próprias roupas. Minho se posicionou ao lado da garota e alguns dos outros jovens pegaram as armas dos soldados abatidos. Em instantes, tinha seis armas apontadas para os fundadores do CRUEL.

(S/n) tirou o capacete e o jogou no chão, ignorando os fios de cabelo que caíram em frente ao seu rosto suado, vermelho e ofegante. A adrenalina corria em suas veias, acelerando seus batimentos cardíacos e a fazendo sentir ser capaz de tudo. Seus olhos fuzilavam os de Janson, que continuava com a mesma expressão de sempre, sarcástica e fria.

-De novo esse truque, (S/n)? Achei que fosse mais original. Como está sendo a experiência de ser mãe de um Crank?

-Cala a boca! - ela mandou, ameaçadora. Teresa arregalou os olhos ao lado de Ava, sentindo medo da garota.

-Você pode ter a cura em cada partícula do seu corpo, mas o pai dessa criança não é sequer imune! - ele continuou a falar como se fosse uma boa piada.

-Não fala dele. Não ponha o nome do Newt nessa maldita boca!

-Quer um conselho, (S/n)? Você deveria ter escolhido o Minho. As chances de ter uma criança morta te devorando de dentro pra fora seriam menores se o filho fosse dele.

-E era isso que vocês queriam quando nos usaram para a porra desse experimento? - ela questionou, mostrando que sabia muito mais do que eles suspeitavam. - Eu sei de tudo!

-Sabe que o amor de Newt por você é falso?

-Não, não é!

-(S/n), ignora - Minho disse ao seu lado. - Estão tentando desestabilizar você.

Ela engoliu em seco.

-Escuta aqui, seus mértilas, eu vou deixar que terminem esse experimento. Vão fazer tudo o que precisam para que essa gravidez seja segura até o fim e quando essa criança nascer, acabou.

-O que você tá fazendo?!

-Minho, não questiona. Eu sei o que estou fazendo! Eu sou a imune. A porra da química de vocês deram certo, parabéns. Os Cranks não estão nem aí pra mim! Vão poder usar essa mesma merda para imunizar quem quiserem, mas os experimentos acabaram. Só usarão a cura que vocês desenvolveram!

-Não é assim que funciona, (S/n) - Teresa interveio, cautelosa. - Não é tão fácil quanto você pensa.

-Se eu tô dizendo que vai ser assim é porque vai ser assim! Eu não nasci com a cura, vocês me deram, e vão dar essa mesma merda pra quem precisar! Acabou! Nada de Labirinto, nada de drenagens... Os procedimentos serão realizados dentro da nossa capacidade, vocês queiram ou não!

-E o que mais quer, (S/n)? Uma suíte de luxo, um jatinho particular? - Janson perguntava, sarcástico.

-Para começar, quero essa arma que você tem bem aí - ela disse estendendo a mão. De mal agrado, Janson a entregou e ela se livrou da arma de choque, passando-a para outro jovem. - E também quero a posse do CRUEL!

A risada alta de Janson ecoou nas paredes da aeronave, mas (S/n) sequer se abalou. Ava tinha uma leve expressão de surpresa e Teresa de confusão.

-Só pode ser uma piada!

-Tenho a arma e a munição bem aqui, não diria que isso é uma piada, mas pode acabar sendo divertido pra mim no final.

-O CRUEL é uma instituição grande - Ava começou a dizer, a voz calma e suave para não piorar a situação. - Algo muito complexo, você não daria conta sozinha. Acabaria com tudo em uma semana!

-Tenho meus planos, mas não garanto deixa-los vivos para ver.

-E se não entregarmos o CRUEL? - Janson perguntou cruzando os braços sobre o peito.

-Você tá vendo alguma porra de opção? - ela teve vontade de rir. - Se não me der o CRUEL por boa vontade, vou tomá-lo a força! Acabou, Janson, você e a tiazinha vão fazer exatamente o que eu mandar a partir de agora!

-Tiazinha? - Ava repetiu, incrédula.

-E então? Temos um acordo?

-Janson, faça o que ela quer.

-Ouviu isso, Cara de Rato? - ela sorriu triunfante. - Faça o que eu quero.

A PRIMEIRA CLAREANA [FANFIC INTERATIVA - MAZE RUNNER]Onde histórias criam vida. Descubra agora