O grupo andou durante um dia inteiro pelo Deserto que parecia não acabar nunca e, ainda assim, as montanhas continuavam longe, não importando por quanto tempo andassem. O sol era quente, quase escaldante, fazendo a pele arder e ficar avermelhada com as queimaduras solares, mesmo que seus corpos estivessem quase inteiramente cobertos por roupas. Toda a água que (S/n) havia ganhado e que eles tinham encontrado no acampamento já havia acabado e a sede arranhavam suas gargantas, criando rachaduras nos lábios secos de desidratação.
Winston estava mal e parecia piorar cada vez mais. Os ferimentos em sua barriga estavam infeccionados e apodrecendo sua carne rapidamente. (S/n) já sabia que haviam o perdido no momento em que as veias negras começaram a se tornar visíveis em sua pele, como as de um Crank, mas Thomas não desistiria tão fácil dele assim. Todos estavam cansados de perder pessoas, mas a primeira clareana começava a se conformar de que aquela era a realidade deles agora.
-Tá tudo bem? - Newt se aproximou de onde ela estava sentada, mais afastada dos demais, tomando coragem para abrir as pastas. - Eu trouxe comida pra você. O que é isso? - ele franziu as sobrancelhas para a foto em sua mão, que ela olhava estagnada, sem nem se importar com o sol queimando seu couro cabeludo.
-É a minha vagina - falou em um fiapo de voz e ele se sentou ao seu lado, pegando-a e franzindo os olhos para as ramificações negras saindo do colo de seu útero.
-Que mértila é essa? - ele pensou alto, pegando a pasta de sua mão e abrindo-a no chão. (S/n) caiu de costas sobre a areia e lamentou, começando a chorar desesperadamente:
-Meu priquito tá podre!
-Tá parecendo uma inflamação - ele disse com calma, vasculhando os papéis e lendo algumas anotações. Mostrou um post it amarelo pra ela, que estava ocupada demais chorando, pensando em sua morte: - Aqui diz que o Fulgor está controlado. Seu corpo está o combatendo...
-Na xota?! - ela praticamente gritou, indignada.
-É... Bom, pelo menos você é imune!
-E como que isso veio parar aqui? - perguntou, mantendo os olhos fixos no céu azul.
-Ahn... - Newt leu a mesma folha um monte de vezes antes de dizer, em choque: - Acho que é culpa minha, baby. Você tá grávida...
-Não...! - ela exclamou chorando ainda mais, como se sua vida tivesse acabado ali mesmo. - Isso quer dizer que...
-Eu não sou imune - Newt concluiu cabisbaixo e guardou os papéis de volta na pasta. Sem saber nem o que pensar, apenas encarou seus pés em silêncio, enquanto a menina chorava de soluçar.
-Nós podemos dar um jeito. Se eu sou imune, talvez possa te transferir a imunidade também... Como uma vacina!
-Não sabemos como isso funciona, (S/n). Como vamos fazer isso?!
(S/n) balançou a cabeça, esfregando os olhos. Ele estava certo, não fazia ideia do que poderiam fazer.
-Escute, não se preocupe, tá bom? - ele disse, segurando em seu rosto para ter sua atenção. - Eu vou ficar bem. Vamos ter essa criança juntos.
Ela balançou a cabeça, mas o barulho de um tiro os assustaram, interrompendo a conversa. Eles ficaram de pé em um pulo, voltando para onde os meninos descansavam na sombra, chegando ao mesmo tempo que Thomas e Teresa, que também estavam conversando mais afastado do grupo.
-O que aconteceu?
-Eu não sei, ele acordou e foi pegando a arma e então tentou... - Caçarola tentou explicar, assustado demais para não tremer a voz.
Winston se apoiou nos joelhos para vomitar algo preto e viscoso, caindo de costas na areia em seguida. Com a respiração rápida e pesada, ele levantou a blusa, expondo o ferimento que crescia, corroendo cada vez mais de sua carne. Nem mesmo o mais forte conseguiu encarar por muito tempo sem que o embrulho se fizesse presente em seu estômago.
-Tá aumentando... Dentro de mim. Eu não vou conseguir - ele disse e estendeu a mão para a arma na mão de Caçarola. - Por favor, não me deixa virar uma daquelas coisas.
O grupo se entreolhou, em silêncio, sem saber o que dizer ou o que fazer. Newt, por fim, pegou a arma da mão de Caçarola e se ajoelhou ao lado de Winston, encaixando-a em sua mão.
-Obrigado. Agora... vão embora.
-Tchau, Winston - Newt disse baixinho e se levantou, mas se abaixou de novo para sussurrar algo na orelha do amigo, arrancando um último sorriso seu, mesmo cheio de dor.
-Você lutou bravamente, eu estou orgulhosa de você - (S/n) disse ao se aproximar, passando a mão em seu cabelo negro e deixando um beijo no topo de sua cabeça. - Tchau, Winston.
-Cuide deles, (S/n) - ele a respondeu com lágrimas nos olhos, segurando sua mão por breves segundos. Ela se levantou e se juntou a Newt, afastando as lágrimas que escorriam por suas bochechas enquanto os outros se despediam do menino.
Eles começaram a andar, tinham que ir agora. Já tinham tomado uma certa distância quando suas pernas estancaram no momento em que ouviram o barulho. Fizeram um minuto de silêncio pela alma de Winston antes de continuarem a caminhada.
Quando a noite caiu, eles pararam para descansar ali mesmo no meio do deserto, acendendo uma fogueira que mal dava para os esquentar, mas seus corpos cansados nem se importaram com isso. Eles só não contavam com a tempestade que caiu de repente, com direito a trovoadas e quedas de raios. Eles correram para as luzes acessas nas montanhas, mesmo sem saber do que se tratava e se conseguiriam a alcançar. Caçarola abriu a porta primeiro, a segurando para os outros. Teriam escapado sem dano algum se um raio não tivesse acertado muito perto de onde Minho passava, deixando-o inconsciente. Thomas o trouxe para dentro do galpão e o deitou no chão, balançando-o e o chamando em uma tentativa de acordar o asiático. Um coro de suspiros aliviados e comemorações encheram o ar quando ele resmungou, abrindo os olhos.
-O que rolou? - ele perguntou, grogue.
-Um raio te atingiu.
-Ah...
Os meninos o ajudaram a se levantar e (S/n) se afastou do grupo para explorar o local, sentindo uma confusão de sons bagunçarem sua mente. Embora não sofresse perigo nenhum, ela sabia que seus amigos estavam em risco naquele lugar, mas antes que pudesse fazer algo eles descobriram por si só.
-Mas que cheiro é esse? - Teresa perguntou, apontando a lanterna para o lugar. Um Crank avançou em sua direção, não conseguindo ir muito além pela corrente que o prendia em uma pilastra, mas o suficiente para dar um susto na garota.
Ele não era o único; dezenas de Cranks presos ali tentavam alcançar o grupo encurralado contra a porta, gritando assustados. Ouvindo isso, (S/n) se virou no meio deles, um lanchinho fácil mas que era completamente ignorado por aquelas coisas.
-Vejo que já se apresentaram aos cães de guarda - uma voz feminina surgiu em meio a escuridão. Ela se aproximou por um corredor delimitado por Cranks, mas ainda era uma sombra para seus olhos que ainda se acostumavam com a mudança repentina de luminosidade. A garota morena de cabelo curto e olhos redondos parou em frente ao grupo, concluindo após uma rápida olhada: - Vocês estão detonados! Venham comigo... A não ser que prefiram ficar com eles.
Brenda deu meia volta, mas seu corpo congelou assim que viu a garota parada entre os Cranks. (S/n) congelou na mesma hora, sem entender a reação da garota, que a olhava com os olhos arregalados, como se visse uma pilha de ouro. Ou melhor dizendo... De cura. A cura definitiva que Jorge ouviu, nas ondas de rádio, o CRUEL reclamar ter perdido. Era ela, bem ali na sua frente, o tão famoso Milagre.
-Então você é mesmo real! - a morena disse, admirada.
-Me conhece?
-Não, mas as lendas rondam por aí. Vamos! Jorge quer conhecer vocês - ela disse com uma olhada rápida no grupo, voltando para (S/n) ao dizer: - Principalmente você.
Brenda começou a andar e eles a seguiram em fila, quase sem opção. (S/n) olhava atenta pelo lugar que era ainda maior do que parecia de fora, fechando a expressão para os homens que os olhavam com curiosidade e até mesmo com sorrisos sedentos.
-Quem é Jorge? - Thomas perguntou, mas Brenda deu de ombros, demorando a responder:
-Vão ver... Ninguém sai no deserto há muito tempo. Deixaram ele curioso... - então ela olhou para Thomas, olhando-o de cima a baixo sem esconder seu interesse. - E a mim também.
-Alguém mais está com um mal pressentimento sobre esse lugar? - Newt perguntou, inconscientemente apertando mais forte a mão de (S/n).
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A PRIMEIRA CLAREANA [FANFIC INTERATIVA - MAZE RUNNER]
Fanfiction(S/N) acordou em uma caixa de metal fria e escura, sem nenhuma lembrança além do próprio nome. Seus punhos disferiam socos em busca de uma saída enquanto ela gritava por ajuda, quando finalmente a Caixa parou. Mesmo ansiosa para sair, a adolescente...