34 Lembranças

1.8K 154 24
                                    

(S/n) foi a única que restou acordada no final da noite, depois de horas de conversa. Sentada no chão diante da fogueira, com as pernas dobradas contra o peito e um cobertor sobre seus ombros, ela ficou observando as chamas do fogo, com o pensamento longe. Não parava de pensar em sua vida e nas decisões que estava tomando, tentando se convencer de que não estava errada por ouvir seu coração (ou sua vagina, ela ainda não sabia muito bem de onde vinha a voz que gritava a plenos pulmões por Minho).

Estar com ele sempre foi bom...

Quando chegou na Clareira, tinha o cabelo cortado estilo tigelinha, bochechas redondas e um olhar confuso e assustado, que fixou em (S/n) assim que ela abriu a boca, cochichando para um dos garotos que estava ao seu lado: "por que ele tá com uma tigela na cabeça?". A partir daí, patada atrás de patada. As provocações eram diárias e começavam no mais simples diálogo, tornando-se até divertidas. Apesar de na maioria das vezes estarem se irritando, se xingando, competindo e desafiando um ao outro, se davam muito bem. Foi quando Nick foi morto (esmagado entre a Porta Norte porque insistiu que ficassem mais um pouco, na primeira exploração ao Labirinto), que eles se aproximaram de verdade. (S/n) estava traumatizada, assustada e enojada com a cena que tinha visto; enquanto Minho se sentia culpado, já que havia sido ideia dele entrarem no Labirinto. Duas noites seguidas de pesadelo fizeram a (S/n) ir ter um papinho com o fantasma de Nick, que ela acreditava estar a atormentando, já que não era uma de suas pessoas preferidas. Só não esperava encontrar o asiático em frente a Porta Norte, com as mãos nos bolsos dianteiros e os ombros caídos. "Duas noites sem dormir...", Ele explicou, com um sorriso forçado. (S/n) contou seus pesadelos e como ficava mal quando acordava deles e ficaram conversando por um tempo, até Minho a acompanhar de volta a sua tenda. Continuaram conversando por algumas horas, sentados na cama de (S/n), compartilhando seus medos e segredos. Quando ela começou a bocejar e coçar o olho, Minho entendeu que deveria ir embora, mas assim que tentou levantar, ela segurou seu braço, o puxando de volta, fazendo ele cair muito mais perto do que estava sentado antes.

-Não queria que você fosse... - ela disse em voz baixa, constrangida. - Não quero ficar sozinha.

Ele limpou a garganta, não entendendo porque seu rosto ficou tão quente.

-Alby vai me matar se me ver aqui dentro - disse bem humorado. - Posso ficar do lado de fora. Se tiver um pesadelo, vou estar aqui pra te acalmar... Que tal?

-Promete? Estar aqui quando eu acordar?

-Prometo.

Nenhum dos dois imaginava que dormiriam tão rápido, sem nenhum peso ou fantasma na consciência, relaxados e seguros na presença um do outro, mesmo que estivessem há alguns metros de distância. Na noite seguinte, fizeram a mesma coisa. E na outra, na outra, e na outra... Assim que todos os meninos caíam no sono, Minho se esgueirava pelo acampamento até a tenda de (S/n), que já estava dormindo. Embora quisesse conversar, se contentou em sentar embaixo da árvore, observando o céu estrelado. Já sentia os olhos começando a pesar quando ouviu uns movimentos e barulhos, como quem tentava escapar de algo. Olhando pra dentro da tenda e forçando os olhos para enxergar em meio a escuridão, ele percebeu que (S/n) estava tendo um pesadelo, se remexendo em cima da cama. Ele correu para acordá-la, tentando fazer isso de maneira sutil. Mesmo assim, recebeu um tapa na lateral do rosto quando ela acordou, gritando assustada.

-Minho, é você? Me desculpa, eu não queria fazer isso! - ela disse com culpa, ficando sentada na hora. Balançando e abaixando a cabeça, ela deu um suspiro cansado, culpado e frustrado. - Eu sonhei de novo... Sonhei que estava no Labirinto!

Primeiro, ele pediu pra se acalmar, sentando na beirada da cama e segurando suas mãos trêmulas. Depois perguntou sobre o sonho, acariciando o dorso das suas mãos e entrelaçando seus dedos. A respiração de (S/n) gradativamente se acalmou, mas ainda se tornava difícil respirar com ele tão perto.

A PRIMEIRA CLAREANA [FANFIC INTERATIVA - MAZE RUNNER]Onde histórias criam vida. Descubra agora