A PRIMEIRA CLAREANA [FANFIC INTERATIVA - MAZE RUNNER]

02 Dor

(S/n) abriu os olhos aquela manhã, mas não teve ânimo nenhum para se levantar. Minho tinha acabado de sair da sua tenda depois de tê-la acordado - da melhor maneira possível -, mas dessa vez ela não o acompanhou para fazer os alongamentos diante dos muros, ele para mapear o Labirinto e ela para percorrer ao redor da Clareira cinco vezes antes de os meninos acordarem. Estava tentando manter uma rotina de exercícios saudáveis, mas naquele dia seu corpo parecia querer matá-la. Ela entendeu o motivo da cólica, do mau humor e dos seios doloridos no momento em que uma mancha escura cresceu no fundo do seu shorts. Justo aquele dia, que ela havia marcado de nadar no lago com Newt.

A garota passou a manhã inteira deitada em sua tenda por mais tempo do que poderia, deprimida e sentindo as dores horríveis que seu período menstrual a fornecia, como se já não bastasse o castigo de sangrar feito os porcos no Abatedouro.

Newt parou seu treinamento nos jardins e se juntou aos garotos que almoçavam nas mesas externas da Cozinha, não deixando de procurar pela garota que normalmente nunca se atrasava quando o assunto era comida, mas naquele dia não tinha aparecido nem para o café da manhã.

-E aí, Fedelho? - Newt se assustou quando o líder bateu em seu ombro, aparecendo repentinamente ao seu lado.

-Oi, Alby. Viu a (S/n) por aí?

-Não, o que quer com ela? - perguntou desconfiado. Alby estava começando a ter muitos motivos pra ficar em alerta com Newt, desde que os encontrou dormindo juntos no Campo Santo eles não desgrudavam mais.

(S/n) tinha uns 12 anos quando Alby chegou na Clareira e, por ser mais velho, praticamente a adotou. Ele a considerava como sua irmã mais nova e todo o cuidado excessivo não poderia deixar o ciumes de fora. Ele havia ameaçado cada trolho dali quando descobriu que ela e Minho estavam flertando e agora todos tinham medo de se aproximar para dizer um oi. Apesar de ter ouvido a mesma conversa, Newt não conseguia ficar longe da garota com quem vinha fazendo uma amizade forte, mesmo que essa amizade o fizesse sentir as bochechas sempre quentes e o estômago revirado.

-Nada, é só que eu não a vi hoje - o loiro disse.

-Vai por mim, nem vai querer ver - ele brincou, embora houvesse um pouco de verdade naquilo. O mau humor da garota a deixava tão delicada como um coice de mula e chorona como um bebê. Alby já havia decorado os dias que sua menstruação costumava descer - afinal, ele presenciou quando isso aconteceu a primeira vez, e ficava louco quando ela atrasava, enchendo-a com bilhões de perguntas pouco discretas -, e sempre a dava folga quando esse período chegava. Tem quem chamasse de privilégio feminino, mas ser a única mulher em meio a tantos garotos parecia uma praga pra (S/n). Constantemente ela tinha que lidar com comentários machistas e olhares indiscretos e passava a maior parte do tempo dando lições de moral, mesmo que não a levassem tão a sério pela pouca idade e, claro, por ser mulher. De qualquer forma, eles sempre acabavam aprendendo a respeita-la por ter sido a primeira e, principalmente, porque poucos resistiam até o final no círculo de luta em que Gally adorava se divertir nas festas. (S/n) não era mais forte, mas era ágil, flexível e esperta, o que a dava vantagem contra qualquer garoto com mais de 1,80m de altura.

Após o almoço, Alby foi para a Sede terminar a segregação das coisas que tinham vindo na Caixa junto com a chegada de Newt. Ele separou tudo o que era feminino e o guardou em uma caixa, saindo com a mesma em mãos em direção a tenda da garota, isolada de todos os meninos por questão de segurança.

-O que pensa que ainda tá fazendo deitada, cara de mértila? - Alby brincou ao entrar, recebendo um resmungo em resposta, enquanto a garota se virava para o rapaz parado em sua porta:

-To sangrando.

-Está machucada?

-Não, Alby. Apenas pagando o preço por ser mulher - ela respondeu sem paciência, o que o fez rir.