Anne tamborilava os dedos na mesa do restaurante, não sabia se conter, mesmo durante dias sem vê-lo. Olhava para a porta e para o celular, Joaquim, seu assistente, tentava desvendar o que a deixava tão inquieta, não disse nada para não ser fuzilado. Sabia que ela odiava atrasos, mas esse não era o problema, chegaram quinze minutos antes do combinado.
Logo a figura de Pedro surgiu na porta, estava com uma mulher linda, o coração de Anne bateu forte, não conseguia raciocinar, era pouco tempo para ensaiar um sorriso. Agiu como sempre, formal, ágil e sem delongas.
— Espero ter deixado tudo muito claro, Sr. Bianco. Estamos de acordo? — disse com um sorriso maléfico se formando, estendeu a mão para cumprimentá-lo.
Ele a analisou dos pés à cabeça com um olhar que a queimou por dentro, Anne não perdeu a pose, porém ele sabia ser perturbador.
— Como sempre, foi uma reunião muito produtiva An... Sra. Santonini, vejo-a em breve! — disse com um tom de voz irônico.
Saiu com a mulher a qual disse ser sua secretária, Anne duvidou muito.
— Sra., desculpe me intrometer, mas acho que o Sr. Bianco estava tentando te provocar. — comentou Joaquim.
Ela sorriu, segurou para não gargalhar.
— Fico impressionada com a infantilidade dele, não somos mais crianças. — disse caminhando na frente do assistente.
Chegou em sua casa por volta das onze horas da noite e foi surpreendida pela visita de Clara, sua amiga de longa data.
— Mulher, você não tem casa? — ironizou, abraçando-a com força.
— Que saudades! Venho trabalhado como uma louca, nem paro em casa, até acho bom... — disse indo até a sala com a amiga.
— Fugindo dos problemas? — indagou Clara, encarando-a com seus olhos verdes.
Clara, com a mesma idade de Anne estava em um real casamento perfeito, e Anne a invejava por ser bem-sucedida no assunto família, tinha três lindas filhas, um marido que dava a elas toda a atenção possível e ainda era seu amigo.
— Pois é, odeio admitir, mas sim, estou fugindo dos problemas me entupindo de trabalho. Pedro foi um atraso em minha vida. — disse, tirando o salto dos pés que estavam dormentes. Esparramou-se no sofá, sentia falta da amiga.
— Conta tudo, desabafa, acho que temos muito papo para colocar em dia — disse, indo até a cozinha preparar um chá para as duas enquanto Anne ficou deitada pensando por onde começar.
— Hoje fui a uma reunião para acertar o evento com Pedro, ele foi tão infantil, teve a ousadia de levar uma... como ele disse, secretária. Para a minha sorte, ela não abriu a boca, porque eu não estou sabendo lidar com o divórcio, está difícil acreditar que, depois de dez anos, estamos nos separando. Acho que fui a quem amou pelos dois. Não sei mais o que sinto, ele me deixa confusa... — disse Anne, roendo as unhas; quando nervosa, roía todas as unhas, dando o maior trabalho para a manicure, que tinha que fazer um milagre.
— Amiga, você acha que ainda o ama? — indagou Clara a encarando seriamente. — É meu irmão, porém ele foi tão idiota com você.
— Ele me deixa confusa, não sei se o amo ou se o odeio. Ele foi meu único namorado. — disse com a voz embargada.
— Se ele pedisse outra chance, o que faria? — perguntou firme, analisou a expressão de Anne e chegou à conclusão. — Você voltaria! Olha como você fica quando fala dele. — concluiu Clara, pegou o celular.
— Não faça isso! — disse Anne, pegando o celular da mão da amiga.
— Nem precisei, ele está ligando. Me dá isso, boba, não vou fazer nada — prometeu, juntando as mãos. Colocou na viva voz.
— Onde você está, mana? — disse Pedro. O coração de Anne acelerou com força.
— Na casa de Anne... Por quê? — Disse sorridente, queria aprontar alguma.
— É que... preciso da sua ajuda. Acho que perdi a mulher da minha vida. — disse com um tom de voz triste.
Anne não sabia como disfarçar o sorriso.
— Por que vocês dois não conversam? — sugeriu mordendo o lábio inferior.
— Garanto que ela não quer me ver nem pintado a ouro! — concluiu.
— Venha aqui; se quer vê-la, essa é a chance — disse olhando para Anne que arregalou os olhos, escondendo o rosto na almofada.
— Sério?! — disse, sem ter certeza de que ela estava falando a verdade.
— Venha logo! — disse, desligando o telefone.
— Pronto, agora conversem como dois adultos civilizados e deixem tudo claro. — disse, puxando a amiga do sofá. — Vai dar um up nessa vida, vocês precisam decidir se vão colocar um ponto final ou uma vírgula nessa história.
Anne subiu as escadas, pensativa, e de repente pensou em Leonardo, fingiu que não havia pensado nele, eram apenas amigos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Guarda-Chuva Vermelho
Roman d'amourArte da Capa: Thais da Rocha Martins Camargo. ❤ Anne se escondia da felicidade. Seus olhos pareciam ocultar segredos que o dono do guarda-chuva vermelho se arriscaria para desvendar. Envolver-se com uma mulher como ela não estava em seus planos, por...