O Guarda-Chuva Vermelho

PARTE 2 • Capítulo 8 •

Leonardo ligava insistentemente no celular de Anne, não chamava, mas deixou uma mensagem em sua caixa postal. Já eram onze horas, e ela ainda não havia aparecido, foi almoçar onde combinaram e nada. Voltou para a editora e todos estavam reunidos em grupos, Joaquim falava com dificuldade e o chamou para uma conversa particular.
— O que houve? — indagou, observou lágrimas se formarem nos olhos de Joaquim. Um arrepio lhe percorreu o corpo, as pernas bambearam. Anne.
— Anne... ela sofreu um acidente muito grave! — disse, falava com a voz embargada.
Leonardo não conseguia se levantar, ficou imóvel. Depois de um longo tempo, conseguiu achar as palavras que precisava.
— Preciso vê-la. — disse, levantando-se rapidamente.
— Eu te levo, você não pode dirigir.
O mundo de Leonardo caiu, era uma mistura de crer ou não, parecia tão impossível acontecer algo com ela, sempre no controle de tudo... Mas era a realidade. Nenhuma palavra saía de seus lábios até porque o choro estava entalado em sua garganta.
Chegaram ao hospital, havia muitas pessoas lá, entre eles jornalistas extremamente desesperados por notícias.
— Olha! O dono do guarda-chuva vermelho! — gritou uma mulher baixinha vindo na direção de Leonardo, que entregou o objeto para Joaquim.
Correu para a recepção, mas não poderia vê-la, seu estado era de risco.
Foi até a sala onde ocorreria os procedimentos, mas não conseguia vê-la, somente muitos médicos ao seu redor. Sentou-se ao lado da porta, desabou ali mesmo, a mulher da sua vida estava ali dentro, entre a vida e a morte.
Um médico saiu da sala. Leonardo o interrogou.
— Doutor, o que está acontecendo? — perguntou, atropelando as palavras.
— A Sra. Santonini sofreu traumatismo craniano, ela está em estado coma. Estamos fazendo o melhor. — informou, sigiloso.
Adormecera entre lágrimas, sentado em uma cadeira nada confortável, não poderia vê-la tão cedo, Anne passaria por muitos exames, talvez, se resistisse. Espantou todos os pensamentos ruins, porém era inevitável presenciar aquela correria toda e não pensar em algo ruim. Todos aqueles aparelhos apitando lhe davam agonia.
— Leonardo! Leonardo! — Acordou com Clara lhe cutucando, olhou para ela, seu rosto estava inchado, parecia ter chorado muito. — Você precisa ir para casa descansar.
— Você sabe o que aconteceu? Até agora estou sem saber de nada. — disse com a cabeça baixa.
— Meu irmão e ela sofreram um acidente, ele bateu com o carro. — disse Clara que tentava esconder algo.
— Seu irmão? — indagou sem entender absolutamente nada.
— Pedro... me perdoe, não estou conseguindo falar. — disse desabando.
Leonardo não sabia como encaixar as informações que recebia, tudo estava sem sentido, resolveu ir embora e voltar mais tarde. Quando estava saindo, deu de cara com Dave, ele estava com o braço enfaixado. Chamou-o, e ele foi até si sem jeito.
— Me perdoe, eu tentei evitar... ele estava descontrolado. — disparou em falar sem ao menos Leonardo perguntar.
— O que aconteceu? Por que ninguém me conta? — Seu tom de voz aumentava a cada palavra.
Dave o puxou pela manga da camisa até um local mais reservado.
— Pedro planejou tudo, ele fez Luiza ligar para Anne e dizer tudo o que ele mandava, ele estava armado e a pobrezinha não conseguiu relutar. Deixou o telefone na viva voz, pegou todas as informações, data, horário e lugar de embarque, eu tentei enrolar ela, mas você sabe que Anne é direta. Fui buscá-la, e ele estava comigo. Dei sinal para Anne sair da linha, mas ela não saiu, até porque não entendeu nada, ele atirou e entrei na frente, minha sorte foi que atingiu meu braço de raspão, foi horrível aquela cena... ele a puxou com a arma na cabeça dela, ninguém fez nada! Foi muito rápido. — disse Dave com certa culpa.
— Cadê ele? ONDE ESTÁ PEDRO? — vociferou.
— Ele não resistiu... — disse com os olhos tristes. — Espero que Anne melhore, ela está sofrendo tanto.