“Esse foi o pior mês da minha vida...
Há exatos três meses, fiz um ano de casada. Meu marido e eu fomos para a Europa, visitamos várias cidades, foi maravilhoso!
Quando voltei de viagem, passei mal, pensei que pudesse ser os ares diferentes ou algo que comi que não fez bem, fiquei duas semanas terríveis sem conseguir comer. Da última vez, Pedro me forçou a ir ao médico, eu tinha emagrecido um quilo, ele exigiu exames.
Depois de alguns dias, recebi a notícia incrível: EU ESTAVA GRÁVIDA! [..]”
Leonardo encarou aquela tela com o coração cortado, talvez ele não quisesse saber realmente, era muita coisa. Deixou o notebook em cima da cama, pegou um caderno e anotou os acontecimentos da vida de Anne a cada capítulo de sua vida. Voltou a ler.
“[...] Pedro ficou cheio de orgulho, resolvemos contar para a família depois de três meses, porque seria o aniversário de seu pai, Teodoro Bianco, a família estaria reunida facilitando a notícia.
Eu não via a hora da minha barriga ficar enorme, de ter um bebê em meus braços... Suspirava a cada momento.
Ficamos em sigilo, mesmo com os enjoos constantes, foi fácil disfarçar.
Mas nem tudo foi tão mágico como eu pensava. Passaram-se os meses e, quando eu estava prestes a completar três meses, fui surpreendida...
Acordei atrasada para o trabalho, levantei rapidamente, e uma dor aguda me fez se sentar novamente, minha cama estava repleta de sangue. O desespero foi tamanho que nem avisei Pedro, chamei Dave que me levou para o hospital na mesma hora. Quando cheguei lá, Pedro estava ao meu lado. A notícia veio para me destruir por completo: aborto espontâneo.
Me sinto incapaz de tentar novamente, matar outro ser, é demais para mim. ”
Terminou de ler com o coração apertado, colocou-se no lugar de Anne e nunca imaginou que ela teria sofrido desta maneira.
Ficou trancado em seu quarto depois que chegou da editora, o dia tinha sido complicado, o lançamento do livro de Pedro fora adiado para o próximo mês, ele pegou um exemplar para ler antes da publicação.
Tirou um papel que estava em seu bolso, era o e-mail de Helena, colocou em cima da escrivaninha sem interesse algum em contatá-la, já que não havia sinal de melhora do caso de Anne.
Dormira em meio a tantos pensamentos e, na madrugada, sonhou com Anne.
Acordou assustado, pensou estar atrasado, mas era o segundo sábado, dia em que a editora fechava para reuniões com todos os representantes de Anne.
Estava chovendo intensamente, pegou seu guarda-chuva vermelho e o notebook, caminhou até o hospital.
Entrou no quarto, acariciou o rosto de Anne, contou para ela seu sonho:
— Sonhei com você nesta madrugada, meu amor. Você estava tão linda, estávamos juntos, não morávamos em uma mansão como a sua, mas era uma casa aconchegante, tínhamos duas menininhas tão lindas como você, minha mãe conversava contigo e você sorria para ela... é o sonho que eu mais desejo que se torne realidade. — disse sorridente.
Uma lágrima caiu dos olhos de Anne, o coração de Leonardo disparou.
— Enfermeira! — gritou desesperado. — Enfermeira!
— O que está acontecendo, Sr. Leonardo? — disse, correndo até o quarto.
— Ela chorou! Eu contei um sonho para ela e... — dizia quando a enfermeira o olhou com pena.
— Desculpe te dizer isso, mas é normal um paciente no caso de Anne chorar, sorrir ou apertar a mão de alguém, mas ela não é capaz de compreender nada do que acontece ao seu redor nem mesmo ouvir. — disse cabisbaixa por vê-lo desapontado.
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O Guarda-Chuva Vermelho
RomanceArte da Capa: Thais da Rocha Martins Camargo. ❤ Anne se escondia da felicidade. Seus olhos pareciam ocultar segredos que o dono do guarda-chuva vermelho se arriscaria para desvendar. Envolver-se com uma mulher como ela não estava em seus planos, por...