Perfeita

Nunca Pare de Correr

Jasmine chegou atrasada no dia seguinte. Seu cabelo estava para todos os lados e acabou gastando dez minutos que não tinha tentando deixá-lo apresentável e no fim, falhou miseravelmente neste intento.

Ela entrou depois do horário na aula de história e todas as cabeças se viraram para vê-la. A garota, que sempre foi uma aluna de primeira carteira, correu para o fundo em busca de refúgio. Ouviu seu nome ser chamado algumas vezes e até diferentes mãos tentaram alcança-la, mas visou um banco vazio e afundou nele.

Ela não ficaria após a aula para encontrar com os gêmeos, aquilo era ridículo. Apesar de não estar acostumada a ser o centro das atenções, aquilo era uma coisa boa, só precisava de tempo para se ajustar a mudança e apertar os cintos. Ela sempre quis ser perfeita, afinal. Tinha certeza de que poderia lidar com a atenção se não havia a pressão de antes.

Infelizmente, não podia e descobriu isso bem rápido.

Ela havia escolhido se esconder na biblioteca como no dia anterior com o intuito de terminar o livro que tinha começado. Em seu caminho para a saída, ela tropeçou e foi amparada por um braço etéreo. A morena olhou para cima, pronta para agradecer, quando foi puxada para um dos corredores e uma boca atacou seu pescoço.

― Ei ― arfou assustada. ― Me solte!

Se foi ouvida, não foi respeitada. Quando sentiu a língua molhada tocar sua carne, ela berrou a plenos pulmões e se debateu nos braços do rapaz de camisa vermelha.

Ela pisou nos pés dele em desespero e quando ele a mordeu, ela elevou os joelhos até quase... Só mais alguns centímetros... Isso!

Chad se contorceu de dor ao cair no chão e Jasmine aproveitou a chance para correr.

Ela só parou quando chegou em casa.

***

Após tomar um banho e trocar de roupa, Jasmine decidiu-se.

Ela queria se encaixar, mas não aquele preço. Ela sempre tinha sido comum. Era bonita, mas não do tipo que fazia virar todas as cabeças em uma sala. Era inteligente, mas não brilhante. Dançava bem, ― mesmo que jamais fosse revelar aquilo para ninguém ― mas não tinha dom para aquilo.

Ela sempre se sentiu fora de lugar no mundo, como se tivesse nascido na época errada, na família errada ou como se não estivesse destinada a nada grande, como se não pertencesse a nada ou a ninguém. Mas era esse o ponto, não era? Ela estava sozinha. Justin sempre fez com que se sentisse menos solitária, mas agora ele havia encontrado sua alma gêmea e ela estava de volta ao seu canto escuro. Sozinha novamente.

Jasmine nunca teve a ilusão de que encontraria sua alma gêmea e apesar de ser uma predição cruel, não era uma visão nova. Ela havia se acostumado com isso e mesmo que doesse, não sangrava mais.

Era cedo demais para encontrar os gêmeos, mas não se sentia bem em voltar para a biblioteca de qualquer forma, então não havia mal em esperar nas arquibancadas enquanto eles treinavam.

Estava sol, era abril e estava ficando cada vez mais quente, mas a caminhada até a escola ainda não lhe incomodava. As férias de primavera ainda não tinham acontecido e Jasmine mal poderia esperar para estar afastada de todo aquele turbilhão naquelas duas semanas, mesmo que não fosse viajar.

Será que os gêmeos viajariam? Não. Não deveria pensar sobre isso, não deveria sequer se deixar pensar neles daquela forma, aquilo não era saudável, nem terminaria bem para si. No entanto, não podia evitar desejar aquilo.

O coração quer o que quer, afinal.

Ela chegou até a escola, percebendo que o sol havia se escondido e estava começando a ventar.