Twenty Six

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Go YongSuck

Três meses haviam se passado, aos poucos eu me reconstituía e construía uma nova versão minha. A qual nunca fui, desta vez não era de maneira forçada, eu não tinha que sufocar minhas essências e me enfraquecer. Mas é inegável que esta versão era difícil de se construir. Antes era condicionada a me moldar em uma caixa, agora eu saio dela, mas eu me acostumei a estar nela, não é que eu tenha medo de sair, mas tenho medo de algum dia voltar para ela.

Eu estava construindo a minha versão mais forte, buscando o meu verdadeiro eu e reaprendendo a usar minha voz.

Mesmo que exigissem esforços, e que eu ainda tivesse marcas passadas. De longe essa era minha melhor versão.

Talvez eu tenha pensando muito no início, quando comecei a me apaixonar por Namjoon, se deveria arriscar mais uma vez, se estava preparada para amar. Nenhuma decisão foi do dia para a noite, e enquanto o tempo passava, eu percebia que não podia me mudar estando parada. O tempo pode ser a solução, mas ele por si só, não é o remédio. Todo remédio é feito de diversos componentes, o tempo era um deles, mas também exigia uma dose de coragem, outra de amor próprio e uma de auto conhecimento.  Então a cura era feita com um tratamento intensivo.

Eu me permiti sair da caixa, e dizer "eu te amo" primeiramente a mim mesma, e depois a outro alguém. Demorou um pouco para que eu compreendesse que não apenas poderia amar, como também deveria ser amada. E toda vez que eu via o amor se voltar para mim, me parecia uma pura ilusão que logo se desmancharia. Precisei amar a mim mesma, para entender que poderia ser amada. E por mais que as minhas feridas me levassem ao passado, eu sabia que poderia ser amada, sabia que poderia me amar.

Eu ainda estou em construção do meu eu, mas sem que tenho alguém em quem posso confiar. Alguém a qual posso falar e ser ouvida. Por mais que eu tenho acostumado a me calar, Namjoon despertava a minha sensibilidade em palavras, então eu podia falar sobre eu.

Atravesso a rua, vendo através dos vidros, o empresário sentado em uma das mesas do restaurante do seu amigo. Nam usava uma camisa de botões estampada, junto a uma calça jeans. Seus cabelos estavam penteados para atrás, e assim que me aproximo seu familiar perfume se faz presente.

-Será que posso me sentar aqui? - aponto chamando a atenção de Kim, que estava distraído com seu celular.

-Bem, eu estou esperando uma pessoal especial... - pausa olhando em seu relógio. -Pode ficar até ela chegar, ela é uma boa pessoa não é do tipo que surtaria... - ele sorri travesso e as duas marquinhas em seu rosto se fazem presentes, os beijos do anjo que eram o seu encanto.

-Ah, é? - puxo a cadeira me sentando.

-Sim... Ela tem um coração muito puro para julgar antes de compreender... Sabe, mesmo que lhe fizessem mal, ela tentaria compreender todos os pontos, e não agiria da maneira mais cruel. Pois ela acredita que todos podem mudar.

-Acho que concordo com ela, todos merecemos uma chance para mudar. Julgar é como condenar a pessoa eternamente ao seu erro. Não deveria ser assim, nós aprendemos com erros. E julgar sem entender o que estamos apontando, nos torna seres humanos cruéis e fajutos.

-É, eu acho que ela chegou! - Namjoon sorrindo segurando minha mão.

-Como foi seu dia? - pergunto movimentando os nossos dedos.

-Um pouco corrido, estamos fechando negócios com uma grande empresa, e eles são um pouco exigentes. Temos que fazer um acordo que agrade os dois lados... E o seu?

-Como sempre, trinta crianças ligadas na máxima voltagem, com muita vontade de explorar o mundo.

-Deve estar com fome...

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