Twenty Eight

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Go YongSuck

Às vezes tudo o que precisamos é de tempo. Mesmo que acreditemos em não haver esperança, ou que chegamos ao final e não há um outro caminho. Por mais difícil que pareça, e que tenha certeza que toda tentiva será apenas um novo cansaço. Então confie no tempo.

Quando a luta se refere ao amor, não se pode fugir e viver consumido pelas sombras do medo de sentir. O tempo não cura tudo sozinho, nós precisamos estar de acordo com ele. Não é como se precipitar, e acreditar que tudo mudará da noite para o dia. Mas é saber esperar, e querer fazer o melhor para si mesmo. Algumas vezes somos enganados por nossos sentimentos, pela angústia de se atingir o que deseja o mais rápido, e  é aqui que nos tornamos nossos próprios inimigos.

Colocamos tudo a frente de um desejo, uma vontade, e esquecemos que somos a formação de um complexo de sentimentos, vontades e desejos. E se nos entregarmos facilmente a cada um deles, nunca estaremos em primeiro lugar.

E a três anos eu entendia que podia ter uma nova vida, escolher a mim mesma, e ser amada. Ao longo desses anos, eu descobri as novas faces do amor, aquelas que eu acreditava existir, mas que com o tempo, pareciam surreais e presentes apenas em livros e filmes. Eu e Namjoon conhecemos aos poucos o amor mais puro, a verdade é que nenhum de nós conhecíamos esse amor.

-Olhe. - Nam aponta para o quadro a nossa frente. - O que sente?

-A primeira impressão é caótica... - me refiro aos tons em preto e marrom que tomam o quadro.

-Mas? - o empresário parece interessado na oposição.

-Mas essa mancha branca ao meio parece se expandir, mesmo que seja só um efeito visual, ela passa uma sensação pura, de esperança...

-Acho que sinto a mesma coisa. - seu braço passa por trás de mim, me abraçando lateralmente.

Havíamos tirado o dia para nós, era feriado, Nam sugeriu que saíssemos e mantivéssemos nossas cabeças longe de todos trabalhos, ele dos grandes contratos da sua empresa e eu do meu projeto que estava em andamento. Então depois de irmos a uma cafeteria, resolvemos que seria bom ir para o museu de Seul. Kim tinha uma paixão por arte, e diversos dos nossos encontros se deram em museus, ao qual não víamos o tempo passar devido a intorpencia que cada arte nos causava. Gostávamos de repetir alguns lugares, mesmo que a exposição não tenha mudado, a cada vez criamos um novo olhar, um novo sentimento. Também criamos o costume em debater o que algumas artes nos passam, nossas impressões e expressões.

-O que acha desse? - aponto para o quadro intitulado como "Manhã".

-Eu li algo sobre ele, essas ondas sonoras grafadas representam o pensamento do autor pela manhã... Eu acho que essa mistura entre o azul petróleo junto ao azul mais claro pode significar a libertação dos pensamentos mais escuros e sombrios, para mais claros...

-Talvez sejam a fuga do inconsciente para o consciente... - analiso.

-Bela colocação, já que quando dormimos nosso inconsciente se torna livre, e não temos controle do que pensamos.

-Talvez por isso as ondas sonoras estão na parte mais clara, elas são os pensamentos conscientes. - completo erguendo minha cabeça para Kim, que me olha sorrindo e mostrando as mais belas marquinhas em meu rosto.

-Vamos! Ainda temos outro andar! - ele segura minha mão, me puxando pela escada.

Entramos em uma sala, repleto de quadros, esses tinham uma forma mais contemporânea, eram mais coloridos e chamativos. Nós seguíamos da mesma maneira, analisando alguns quadros e compartilhando o que sentíamos. Até que o celular de Namjoon toca e ele se afasta. Eu me mantenho a olhar o quadro a minha frente, o fundo preto e com diversas cores respingadas, com duas mãos ao meio, quase se tocando, uma homenagem à Michelangelo. As cores pareciam trazerem uma explosão de sentimento. Devido ao fundo preto, o vidro que protegia a obra, e a luz, sou obrigada a observar meu reflexo junto a pintura. Meu sobretudo bege, no modelo mais largo se sobressaía, junto ao meu cabelo preso em um rabo.

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