Capítulo XIII - O pós-guerra

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Eu e os outros narnianos, além dos Pevensie, fomos recolhendo os mortos e ajudando os feridos, enquanto Caspian resolvia os problemas em relação à união de Telmar e Nárnia

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Eu e os outros narnianos, além dos Pevensie, fomos recolhendo os mortos e ajudando os feridos, enquanto Caspian resolvia os problemas em relação à união de Telmar e Nárnia. Uma longa reunião estava acontecendo no castelo telmarino, mas pelo menos carroças foram enviadas para transportarmos os mortos, e uma tenda foi levantada, para que Lúcia ajude os feridos com seu suquinho milagroso (e aparentemente infinito. Essa coisa não acaba nunca?).

E cá estou eu, tentando melhorar temporariamente os ferimentos dos que precisam e não conseguem ir até Lúcia, e colocando pra dentro da tenda os que não têm ferimentos graves, mas que precisam de tratamento. Isso inclui Patnes e sua teimosia do tamanho do mundo.

— Elle, eu estou bem! Posso ajudar à... — o fauno começa, mas eu volto a carregá-lo até a tenda, que está a poucos metros de nós.

— Está bem coisa nenhuma! Suas pernas estão com cortes péssimos e precisa de tratamento! — eu retruco, vendo ele olhar-me com cara de tacho. — Se você tentar lutar novamente, eu vou chamar alguém pra te carregar.

Encaramos um ao outro em desafio, então Patnes diz:

— Você não faria isso comigo.

— Ah é? — eu ergo uma sobrancelha, então olho ao redor e vejo Rodrick, o minotauro que conheci alguns dias atrás, levando um jaguar ferido até a tenda. — Rodrick! Vem cá, por favor.

O minotauro corre até mim e sorrio para ele, segurando Patnes junto de mim.

— Patnes se recusa a ir até a tenda, pode me ajudar com isso, por favor? — pergunto para ele.

— Claro! Não me surpreende, Patnes é teimoso feito uma mula... vamos lá.— Rodrick diz e pega Patnes no colo, no estilo noiva mesmo, sob os protestos do fauno.

Olho ao redor e paro meu olhar em Edmundo e Pedro, que carregam um fauno morto até uma das carroças. Respiro fundo e espanto as lágrimas que quiseram dar as caras, virando-me para ir ajudar um telmarino que se rendeu e está ferido. Ando até ele e abaixo-me à sua frente, vendo que ele tem um corte profundo na coxa.

— Vamos ter que estancar isso, não pode ir até a rainha Lúcia com um corte desse tamanho. — eu digo, rasgando um pedaço da minha blusa para amarrar na perna dele. — Isso vai doer.

Mesmo com meu aviso, ele gritou um pouco quando amarrei o pano fortemente em sua perna.

— Por que não foi ajudar um dos narnianos? Somos os inimigos. — o soldado diz com dificuldade.

— Em breve será parte do meu povo, telmarino. — eu respondo ele, mostrando que o povo dele será aceito pelos narnianos. — Vamos, te ajudo a levantar.

Quando conseguimos fazer com que ele se levante, o soldado apóia-se em mim, com o braço ao redor dos meus ombros, e pergunta:

— Irá se tornar rainha de Telmar?

— Não. — eu respondo e vejo sua confusão no olhar, então explico: — Nárnia e Telmar serão um único reino em breve, acredito eu.

— Príncipe Caspian se casará com vossa majestade? — ele pergunta e demoro alguns segundos para notar que ele acha que sou rainha de Nárnia.

— Não, e não sou majestade. Não fui coroada. — eu digo, olhando para a frente, para não mostrar que estou vermelha. Casar com Caspian... sorrio por pensar que isso pode muito bem acontecer futuramente. Bem futuramente, de preferência, eu tenho 16 anos!

Ajudo o telmarino a entrar na tenda e ele agradece, então vou atrás de mais feridos, entretanto algo não sai da minha mente: se minha família não está aqui, e Caspian não pode ir para a Terra, terei de escolher entre os dois?

Passo horas recolhendo os feridos e, quando não há mais ninguém para ajudar, eu começo a carregar os poucos mortos que sobraram no campo de batalha.

— Elle, tem certeza que quer fazer isso? — Edmundo me pergunta, e eu assinto, secando as lágrimas. É torturante ver tantas pessoas mortas, ainda mais quando sabe que foi culpa de suas escolhas. Poderia ter sido diferente... — Ok, você definitivamente não está bem. 

O Pevensie guia-me até uma pedra e eu sento nela, decidindo não discutir.

— Devia ter ido para o castelo com a Lúcia. — ele diz e eu nego, vendo seu vulto se abaixar à minha frente. 

— Eu devo ficar aqui e ajudar todos, é minha obrigação. — eu digo para o garoto, tentando parar de chorar. 

Edmundo parece ficar sem palavras, já que por longos minutos ficamos em um silêncio constrangedor, quebrado apenas pelos meus soluços, e ele me dando tapinhas nas costas esporadicamente. 

Ouço o Pevensie suspirar aliviado e, então, ele levanta-se e sai andando. É minha vez de suspirar aliviada, já que é muito melhor ficar sozinha do que naquele clima desconfortável.

Levanto-me e limpo a calça, seco as lágrimas e decido ir ajudar os outros com os mortos. Não posso simplesmente parar de ajudar porque quero chorar.

— Elle? — Caspian me chama e viro-me para o telmarino. Meu coração acelera ao olhar para ele e borboletas surgem no estômago, vendo-o se aproximar de mim rapidamente. Quando está próximo o suficiente, ele segura meu rosto e acaricia minha bochecha. — Estava chorando?

Apenas suspiro e assinto, dando de ombros, então coloco minha mão sobre a dele e sorrio fracamente.

— Está tudo bem, é que... é difícil lidar com a guerra e suas consequências. — eu digo e o telmarino suspira, puxando-me para um abraço. 

— Não é sua culpa. — ele sussurra no meu ouvido e eu abraço-o fortemente pela cintura. — A guerra entre os telmarinos e os narnianos existe há séculos, essa foi só uma das diversas batalhas e, felizmente, a última.

Concordo com a cabeça, sentindo a culpa me deixar. A guerra não foi culpa minha, ela já existia muito antes de eu pôr meus pés em Nárnia.

O alívio me toma quando sinto que me perdoei, sabendo que todas as decisões que tomei foram as melhores que eu podia tomar com o que tinha em mãos. Entretanto, isso não deixa as mortes menos dolorosas.

°°°

Espero que tenham gostado.

Ninguém falou nada ainda, mas quero pedir isso antes que o façam: não fiquem falando que a Elle estaria melhor com o Edmundo ou coisa parecida. A história da Elle é essa e pronto, o melhor pra ela é ficar com o Caspian, é o destino deles. 

"Tá, mas, Paola, tá falando isso por quê?" Porque eu sei que é bem possível de isso acontecer (cheguei a ver insinuações disso) e me deixaria muito mal, porque, cara, me esforcei pra caramba pra fazer uma história legal, com reviravoltas, amadurecimento, crescimento, um relacionamento no momento certo (não perfeito, mas o certo pra Elle), amizades e irmandades, e não quero me sentir mal e não gostar da história porque algumas pessoas não aceitam o caminho que a Elle vai seguir.

É isso.

Com carinho, a autora  ♥

Até a próxima.

13/06/2020.

Predestinada • Crônicas de NárniaOnde histórias criam vida. Descubra agora