Por uma boa parte da viagem, fiquei em silêncio, apenas refletindo tudo.
Caramba! Eu acabei de sair de um mundo novo, onde existe magia! Me descobri vidente e descobri que existe uma profecia sobre mim, pior: existe uma profecia que afirma que irei ir e vir entre mundos por um tempo. Quão longo poderia ser esse tempo? Até eu escolher entre minha família e Caspian? E se tudo isso não for uma história de amor com final feliz, mas sim sobre fazer decisões difíceis?
Eu não posso simplesmente escolher, simplesmente abandonar um lado com a justificativa que o outro é mais importante. Caramba, todos são!
Isso tudo foi simplesmente uma loucura total e me pergunto se não foi tudo um sonho, mas não, não foi. Eu fui ferida, tocada, feri de volta, gritei e me impus. Fui coroada e pedida em namoro! Ao lembrar disso, olho para minha mão direita, vendo a aliança que Caspian me deu.
Coloco a mão no rosto, secando as lágrimas que surgem, lembrando da distância. E o fato de eu não estar em Nárnia só piora tudo, como se eu não me sentisse mais confortável na minha própria pele. Pensando bem, sempre tive essa sensação, mas a ignorei por toda minha vida, porque achava que ia passar com o tempo. Mas não vai, eu sei disso agora.
Analiso a aliança, finalmente. Apesar de ter passado dias com ela, eu não parei para analisá-la, estava preocupada em aproveitar, festejar, amar, me apaixonar, enfim, viver até a última gota que poderia em Nárnia, eu sabia que voltaria em breve. E não estava errada, não é?
Volto a encarar a aliança, prestando atenção nela. O anel é feito de ouro branco e tem uma pequena pedra de esmeralda, acredito eu, fundida no meio do anel, sem causar relevo algum, como se tivesse nascido ali.
Sorrio com as lembranças que isso me causa e Edmundo se senta ao meu lado. Ficamos em silêncio por um tempo, já que eu não estava afim de puxar papo e ele parecia juntar coragem. Até que ele fala:
— Eu estava gostando de você, mas acho que você já sabia.
Fico surpresa com sua coragem e apenas encaro ele por um momento, até que aceno que sim com a cabeça.
— Então eu nunca tive chance? — ele pergunta e eu fico um pouco indignada e quase dou risada da ironia. Eu que achei não ter chance com ele!
— Na verdade, teve até demais. — eu respondo, vendo ele me olhar chocado. — Eu estava gostando de você, palerma. Mas como você não deu nenhum sinal de que retribuía, ou sequer se importava comigo, eu... superei. Achei que era tudo fruto da visão e que deveria abrir meus olhos para a realidade, então notei que gostava de Caspian.
— Caramba. — é tudo o que o Pevensie diz.
Dou tapinhas no seu ombro, em forma de consolo, e ele suspira.
— Sou péssimo com isso, sabe? — o moreno diz e eu assinto, dando risada, fazendo com que ele me dê uma cotovelada fraca. — Ei!
Mas logo ele está rindo comigo. Quando as risadas finalmente cessam e ficamos em silêncio novamente, ele fala algo antes de voltar para perto dos irmãos:
— Você é incrível. Espero que seja feliz com Caspian, de verdade.
Sorrio para ele, vendo o Pevensie se afastar. Eu também espero, Ed.
Arregalo os olhos gradativamente ao olhar para a aliança. Se minha mãe não acreditar em mim sobre Nárnia, como que eu vou explicar esse anel caríssimo pra ela?
A pergunta ainda martela quando finalmente descemos na estação de metrô mais perto de minha escola, que fica a cerca de meio quilometro daqui. Lúcia vem até mim e me abraça forte quando já estamos fora da estação, e eu faço o mesmo com ela, sentindo que vai ser difícil sem ela daqui pra frente.
— Vou sentir sua falta. — ela murmura e eu suspiro.
— Também vou, ruivinha. — eu digo de volta e dou um beijo em sua cabeça, afastando-me. — Tenho algo pra você.
Remexo minha bolsa e pego meu gloss, entregando para ela, que sorri grandemente antes de pegar.
— Tem certeza? — a Pevensie pergunta e eu assinto, com um sorriso no rosto.
— Claro! — respondo. — E não se preocupe, comprei há pouco tempo, então está praticamente novo.
Lúcia me abraça pela última vez, antes de dar espaço para Susana fazer isso.
— Vai ser difícil não ter seus comentários engraçadinhos por perto. — ela fala e eu dou risada, apertando-a contra mim.
— Pode deixar que visito vocês quando der. — eu respondo, fazendo-a sorrir quando se afasta de mim.
— Sinto muito por você e Caspian. — a morena fala, olhando-me com empatia.
— Vou ficar bem, fique tranquila. — eu sorrio fracamente ao respondê-la e ela assente, sorrindo minimamente antes de ir para perto de Lúcia novamente.
Logo é Pedro quem está me abraçando e eu dou risada da forma como ele me aperta, parece até que não estava louco pra jogar uma pedra em mim em Nárnia.
— Virou uma irmã pra mim, sabia disso, né? — o Pevensie pergunta e eu sorrio, assentindo.
— Quero só ver como vou dar presente pra tanta gente no Natal. — eu comento e o loiro ri, afastando-se de mim.
— Chata. — ele fala com um sorriso no rosto.
— Irritante. — eu respondo, sorrindo também.
Pedro se afasta com uma jogadinha de cabelo. Não era mais fácil ele cortar essa franja do que ficar jogando pra lá e pra cá?
— Vai cortar essa franja. — eu digo e ele faz um gesto de descaso, tirando uma risada minha.
Edmundo se aproxima de mim de forma hesitante, e então aperta minha mão, parecendo não saber como agir comigo.
— Não mesmo! — eu protesto e puxo o moreno para um abraço. — É assim que se despede de alguém, palerma.
O Pevensie dá risada no meu ombro e eu aperto ele, antes de me afastar. Então me viro para os outros Pevensies e digo:
— Tenho que ir, gente.
Dou um último abraço em Lúcia, que veio correndo até mim, e me viro, arrastando minha mala, com lágrimas nos olhos. Respiro fundo e sigo caminho. Sempre em frente, Elle, sempre em frente.
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Espero que tenham gostado.
Esse foi o fim dessa temporada, meus anjos. Vou postar os agradecimentos depois, porque tenho que jantar kk
Até a próxima.
24/07/2020.
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Predestinada • Crônicas de Nárnia
Fanfiction[segunda temporada da saga Fortuna] Agora Elle está vivendo sua visão (ela tem quase certeza disso) e não sabe como agir. Está com vergonha de Edmundo, medo por Nárnia e quer jogar Pedro em um rio, de tão chato que ele está sendo (ouvi-lo reclamar u...