(6) Fantasmas que nos cercam

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Hermione sentia Ronald deslizar o sabonete pelas suas costas, descendo para a curva da bunda enquanto beijos eram depositados em seus ombros. Diferente do que parecia, aquilo era apenas uma troca comum de carinho entre eles, amavam tomar banhos juntos e os tomavam sem segundas intenções, aproveitando a intimidade que tinham.

- Você também está achando o Malfoy mudado? - Ronald começou.

- Sim, ele me pediu até desculpas.

- Acha que ele estava sendo falso?

- Não, eu conheço o olhar de sofrimento, todos nós aqui o temos ou já tivemos, e esse olhar é constante em Draco. Ele está quebrado e isso o mudou, não consigo mais o ver como aquele garoto insuportável que eu soquei no rosto.

- Talvez porque ele não seja. - contornou o corpo magro dela com os braços, apertando-a contra si. Hermione era seu tudo, era impossível demonstrar o quanto tinha medo de perdê-la.

- Acha que devemos dar uma chance a ele?

- Aos poucos sim, tenho no meu consciente que ele não é mais o Malfoy de onze anos, mas ainda o vejo assim.

- Não se esqueça que o Ron de onze anos me fez chorar no banheiro e um trasgo quase me matou. Pessoas mudam.

- Você está certa, Mi.

[...]

Harry acordou assustado com o movimento que Draco fazia na cama, ele mexia-se agitado e murmurava palavras desconexas.

- Draco, hey! - chamou pelo maior, que continuou dormindo. Tocou-o então no ombro.

Com uma agilidade que somente um guerreiro experiente teria, Draco os virou na cama, com as mãos no pescoço do outro. Harry desesperou-se, tentando afastar o loiro, que ainda dormia, mas o atacava sonâmbulo.

Estava quase sem ar, doeria fazer aquilo, mas era necessário. Com um feitiço não verbal empurrou Draco para longe, que caiu no chão assustado, levantando-se cambaleante.

Harry arfava com as mãos no pescoço.

- Merlin! - exclamou, apoiado na parede. - E-Eu te machuquei? - mesmo no escuro, o fogo alto da lareira iluminava as marcas na pele do menor. - O que eu fiz? - questionou com os olhos arregalados.

- Está tudo bem. - tratou de acalmá-lo.

- Me desculpe, eu não queria...

- Eu entendo, todos nós temos fantasmas, eu realmente entendo.

- N-Não, Potter. Os nossos fantasmas são diferentes, eu sou o meu fantasma e não tem como eu me livrar de mim mesmo sem morrer. Olha o que eu fiz a você! Eu sempre fui cruel para orgulhar meu pai e ele sempre foi horrível comigo, mas você é bom! Você é bom e eu continuo te ferindo por causa dele! - cobriu os olhos, Harry avançou dois passos.

- E-Eu... Eu também fui ruim com você algumas vezes, dei o troco, e está tudo bem. Éramos crianças, já passou. - tentou acalmar o loiro nervoso, céus, Draco estava mesmo surtado.

- Não passou! Eu quase matei você há menos de cinco minutos!

- Eu sei que não é fácil, mas ninguém tem vida fácil, você deve superar. Parece tão simples dizer isso, eu sei que não é, porém é a única coisa que cabe a nós fazer. Eu posso te ajudar.

- Você tem mais problemas que eu, Potter, cuide dos seus. - recolheu seu travesseiro e sua coberta na cama. - Vou voltar para o sofá, não quero acabar com a única chance da humanidade de ter salvação.

- Por favor, não jogue nosso avanço no lixo. - pediu. - Já estávamos nos tratando por nome próprios, não deixe que o "Potter" volte.

Draco suspirou cansado. - Me desculpe novamente... Por tudo.

be a veela is not easyOnde histórias criam vida. Descubra agora