─ Então Jimin retornou? E você não me disse isso antes? ─ assenti. ─ Seu desgraçado! ─ Senti algo começar a esquentar na minha bochecha esquerda, ele havia me dado um tapa.
─ Byungchul, pare por favor! ─ Minha tia havia entrado no meio de nós dois.
─ Eu avisei a você que deveríamos ter partido! Eu avisei! Agora eles chegaram. Já devem estar com algum bando na fronteira, não há mais para onde recorrer, e tudo isso porque você se apaixonou por um mísero humano. Nós vamos pegar nossas coisas e amanhã de manhã iremos partir.─ Ele deu de ombros.
─ NÃO! ─ Digo chamando a atenção deles.
─ Eu não fiz um pedido, Taehyung. É uma ordem, amanhã iremos partir, e você já pode ir dizendo adeus a esse garoto.
─ Eu não vou! ─ Digo claro e confiante. ─ Estou cansado de fugir. Sempre que as coisas vão ficando feias, você foge.
─ Escuta aqui seu moleque....
─ Não! Me escuta você ─ Interrompi ─ Sempre que ficamos em uma cidade e depois fugimos, deixamos que vidas inocentes sejam corrompidas. Aquelas pessoas morreram porque você quis fugir! ─ Disse dando ênfase no "você". ─ Eu não vou deixar mais ninguém para trás, eu não irei abandoná-lo. Se você quiser ir, Tio, pode ir. ─ Dei de ombros. ─ Mas não me levará com você. Vou ficar e encarar o bando de Jimin, mesmo que seja sozinho.
─ Isso é suicídio!
─ Se for por honra, vale a pena.
Engoli um seco.
─ Mas não fugirei outra vez.
(...)
Jungkook
─ Ele devia ter sido um ótimo irmão.
Disse a voz de Taehyung, quando me virei para encará-lo, ele estava de braços cruzados escorado em uma outra estátua de gesso.
─ Feliz aniversário, Jungkook.
─ T-Taehyung? O quê está fazendo aqui? ─ Perguntei.
─ Não me quer aqui? ─ Ele parecia sombrio, sua voz estava mais grossa e ainda mais intimidadora, sua expressão estava séria.
─ Não é isso! Você disse no bilhete que deixou no presente que não viria. ─ Corei.
─ Mudança de planos. ─ ele descruzou os braços e veio até mim ─ Meu tio queria se mudar outra vez... Mas eu disse não.
─ E por que? ─ Perguntei e ele me encarou, algo naqueles olhos me fez arrepiar completamente e sentir o sentimento de não querer ter perguntado o motivo. Engoli um seco.
─ Por sua causa. ─ Ele colocou as mãos no bolso da calça. ─ E também porque eu não queria sair daqui, tenho algumas lembranças desse lugar. ─ Disse ele olhando em volta como se estivesse angustiado com algo.
─ Algum problema? Você está estranho. ─ Ele voltou a me encarar.
─ Vem, vou te levar a um lugar. ─ Disse ele seguindo para fora do cemitério. ─ Você vem?
─ A-ah claro.
Antes...
─ O que estava fazendo? ─ Perguntou a tia assim que entrou em meu quarto.
─ Arrumando minhas coisas, não dá mais para viver assim, eu vou encontrar meu próprio caminho, sem ter que me afastar dele. E não tente me impedir.
─ E eu conseguiria? ─ Neguei. ─ Não é o que eu quero para você, mas se é o que quer fazer... Não vou entrar no meio. ─ Ela se sentou do meu lado e começou a acariciar meus cabelos.
─ Você ama mesmo esse garoto, não é?
─ Amo ─ Abaixei a cabeça. ─ Eu tenho medo... ─ Fechei os punhos.
─ É normal ter medo.... Eu tenho o tempo todo.─ levantei a cabeça para encará-la.
─ De verdade? ─ Perguntei.
─ De verdade. ─ Ela sorriu. ─ Eu tenho medo de que algo aconteça com você, Taehyung. Eu não posso mais protegê-lo, não posso mais mantê-lo debaixo de minhas asas. Você cresceu e está escrevendo seu próprio caminho. Escute, se o que você realmente quer é ficar e defender as pessoas dessa cidade, faça.
─ Mas ele... Ele não permitiria. ─ direcionei o olhar ao chão.
─ Entenda Taehyung, seu tio o ama mais do que tudo. Você é o filho que eu não pude dar a ele, e mais do que isso, ele só quer protegê-lo. A verdade Taehyung... É doloroso. Ele só está te protegendo dela. ─ Ela me deu um beijo na bochecha. ─ Eu te amo. ─ Ela se levantou e antes de sair do quarto eu a chamei
─ Tia... ─ Ela se virou pra mim ─ Eu também te amo. ─ Ela sorriu e saiu do quarto.
Jungkook
─ Aonde estamos indo? ─ Perguntei.
─ Ao meu lugar preferido daqui... Sabe Jungkook... Existem mais coisas nessa cidade além da floresta. ─ Disse ele tirando a atenção da estrada pra me olhar por alguns segundos.
─ Tem algo para me contar? Você está recuando para me dizer algo. ─ Ele engoliu um seco.
─ Tenho. Mas não irei te contar... Não agora.
Depois disso, ficamos em silêncio. Um silêncio que estava me matando por dentro, eu não sabia se era o momento certo para dizer algo, não sabia se ele queria me ouvir. Estava tocando uma música baixinha, a mesma do filme que ele me levará pra ver com pela primeira vez: The Dead don't Die - Sturgill Simpson.
─ Foi a única parte boa do filme. ─ Comentei.
Ele sorriu aumentando um pouco mais a música.
─ Se tornou a minha preferida.
Continuamos em silêncio, o dia estava passando rápido, paramos algumas vezes para comprar comida. E logo voltamos pra estrada. Taehyung não queria me dizer para onde estávamos indo, isso me deixava cada vez mais curioso. A música continuava a tocar, era perfeita, um toque calmo, e a voz do cantor combinava perfeitamente com a batida. Fechei os olhos apreciando a música e só abri quando senti o carro ir parando.
─ P-Por que você está me olhando assim? ─ Perguntei.
─ Por que você é lindo.
─ Por que estamos na estrada de saída da cidade? ─ Perguntei saindo do carro o seguindo.
─ Você faz muitas perguntas. Okay, olha... São cinco horas da tarde, aqui tem o melhor pôr do sol... Uma bela vista dele. Queria que visse isso.
Ele foi até o carro, pegou algumas latas de refrigerante e se sentou em cima do capô do carro. Fiz o mesmo e ele me entregou uma latinha de Coca-Cola e sorrio.
─ Meu sonho é viajar pelo mundo, aprender a falar inglês, conhecer lugares bonitos virar a noite na praia ouvindo uma música lenta admirando as estrelas, assistir o pôr do sol no navio admirando as gaivotas voando ouvindo o barulho das ondas, conhecer um garoto incrível que tem os mesmos sonhos que os meus, não queria nada além disso, esse é o meu sonho... ─ Contou ele. ─ Na verdade costumava ser.
─ Por que não é mais? ─ Perguntei.
─ Porque encontrei algo bem melhor nessa cidade, Jungkook.
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Entre Vampiros e lobisomens - Taekook
Random[Reescrevendo] Jungkook é um garoto responsável. Aos 17 anos, ele tira notas boas e sempre avisa a mãe onde vai e o que está fazendo. Tentando manter o foco nos estudos, Jungkook ignora a todos os meninos na qual ele sente uma pequena atração sexual...