Estavam assim abraçados, perdidos no olhar um do outro, tentando processar o momento e o que afinal de contas significava aquele abraço, o beijo e todas as palavras ditas, não ouviram a chegada de Manu até ela estar ao lado deles, na cozinha, onde ambos ainda permaneciam de joelhos, ao lado da mesa.
- Hum... Bom dia? – ela falou, como forma anunciar sua presença. Acompanhou com os olhos enquanto Júlia e André se levantavam e paravam em pé, à sua frente.
- Bom dia Manu – os dois responderam. Manuela então caminhou até eles, dando um beijo em André e abraçando Júlia, falando baixinho para que somente a irmã ouvisse:
- Está tudo bem, Ju? – a resposta foi um aceno afirmativo de cabeça acompanhado de um sorriso sem graça. Ela então falou para os dois:
- Parece que enfim conversaram, colocando os pingos nos is. – enquanto falava foi até o armário, pegou uma xícara para em seguida se servir de café e então viu os sonhos sobre a mesa – Uau, esse negócio parece delicioso. É de hoje? Posso comer? Vocês não vão comer? – Manuela era inquieta por natureza, mas naquele momento, logo após a cena que Júlia e André viveram há uns minutos, estava difícil acompanhar todos os movimentos e palavras dela. Júlia apenas fez sinal afirmativo com a cabeça e ao que parece isso bastou para que a irmã começasse a devorar os sonhos.
Ao ver que os dois permaneciam parados no meio da cozinha, apenas observando-a comer, Manu dispara:
- Gente, por favor, que caras são essas. Vamos, sentem-se aqui, vamos comer. A vida fica melhor depois de comer. – ambos se entreolharam e Júlia começou:
- Manu, eu e André conversamos ontem sim. – ela falava devagar, não sabia como seria a reação da irmã ao saber a decisão que tomara - E conversamos hoje também. – Manu continuava concentrada em comer. Júlia olhou para André, como que pedindo socorro para continuar.
- Manu, nós nos acertamos – foi André que resolveu falar de uma vez.
- É, estamos no acertando, ainda, na verdade. – Júlia complementou. Observaram Manuela, que largara por fim o sonho pela metade e olhava para os dois sem nada dizer. De repente ela pula sobre ambos, abraçando os dois ao mesmo tempo e falando sem parar
- Ah, até que enfim uma notícia boa. Meu Deus que medo que eu tinha de isso não acontecer. Depois de tudo, pensei que talvez vocês se perdessem um do outro. – e abraçava os dois, dando pulinhos. Era inevitável não rir junto com ela – Ahhh, que coisa boa. Eu sabia, eu sabia! Apesar de tudo eu acreditava que o amor de vocês conseguiria... Estou tão feliz, tão feliz!!
- Calma, mocinha. Estamos ainda no meio do processo aqui. - Mesmo sorrindo e aliviada diante da reação da irmã, Júlia não queria enganá-la – Na verdade, meio que estávamos num momento de reconciliação que depois nos levaria a conversar sobre como as coisas vão ficar.
- Mas nós vamos conseguir. E Manu, se depender de mim, eu nunca mais saio da vida da sua irmã. – André falava com Manu, mas seus olhos estavam no rosto de Júlia, enquanto ele se aproximava e tomando as mãos dela entre as suas, depositou um beijo no seu pulso, provocando arrepios por todo seu corpo.
- E agora todos temos que correr, ou nunca chegaremos no trabalho ou a Manuela na escola. – Júlia os lembrou. – Eu vou ter que ir de táxi, porque de ônibus eu vou chegar muito atrasada.
- Você não precisa táxi, Ju, vai comigo. – André disse. E completou – Se arruma, passamos na casa dos meus pais para eu trocar de roupa e vamos para o escritório.
- O Otávio já está passando aqui para me levar. Ele me deixou aqui e foi abrir a loja, já está voltando. Vou escovar os dentes. – Manu avisou e já saiu correndo para o banheiro.
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A Lei do Amor (Concluída)
RomanceJulia é uma jovem que assumiu responsabilidades desde cedo, quando os pais morreram e ela lutou para poder cuidar da sua irmã caçula. Agora, a estudante de direito do último ano, trabalha como estagiária em um grande escritório de advocacia e com b...