Capítulo 24

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Júlia acordou com o despertador as seis e meia. com o estresse da noite anterior, esquecera de desativá-lo. Após apertar o botão para silenciar, ficou deitada de costas na cama, o dia já estava claro e não conseguiria dormir mais mesmo, ficou relembrando os acontecimentos. Depois da confusão entre André e Gustavo, ela tomara o ônibus e viera para casa, tendo assim muito tempo para refletir sobre as atitudes dos dois. Gustavo não era agressivo, podia ser um irresponsável, mas nunca se mostrara agressivo com ela desde que o conhecia. Porém havia bebido, ela não sabia quanto, mas provavelmente mais do que deveria. Ele já falara certa vez que havia bebido umas cervejas a mais que naquela ocasião em que o pegara no flagra com outra garota enquanto ainda namoravam, usando o excesso como justificativa para a traição. Estranho, em nenhum momento percebera que ele podia ter problemas com o álcool. Já André se mostrara, mais uma vez, possessivo. Algumas atitudes recentes estavam expondo uma face dele que ela não conhecia, por isso ontem não deixou que a trouxesse para casa. Deveria começar a impor limites, por mínimos que fossem, para mostrar que não o deixaria comandar sua vida. Se recusara até mesmo a responder às mensagens dele, mandando apenas um simples boa noite, nada das intermináveis conversas que seguiam até a madrugada. Suspirou, estava decepcionada com ambos.

Levantou-se, foi em direção ao banheiro e ficou parada em frente à pia, encarando o seu reflexo no espelho. Balançou a cabeça para afastar aqueles pensamentos e por fim foi para o chuveiro. Queria tomar seu sagrado café sossegada, antes que André chegasse para irem na concessionária. Colocou jeans, tênis e uma baby look e em seguida foi em direção à cozinha, passar o café. Colocou a água para esquentar e preparou o pó no coador descartável, enquanto esperava. A água não fervera ainda quando ouviu uma leve batida na porta da frente, olhou no relógio e ainda eram sete e meia. "Ele chegou cedo. Vamos ver como está o ferimento, tomara que não tenha inchado muito" ela pensava enquanto se dirigia à porta para receber André. Porém, ao abrir a porta, quem estava parado ali, com as mãos nas costas e fazendo cara de infeliz, era Gustavo. Ele tinha um pequeno corte no lábio inferior e o canto direito da boca estava avermelhado.

- Bom dia Ju. – ele cumprimentou, sem graça.

- Bom dia Gus, o que faz aqui tão cedo? – ela semicerrou os olhos, cruzando os braços em uma postura defensiva. As imagens dele agarrando suas mãos na noite anterior vieram à sua mente.

- Vim me desculpar. – ele disse, baixando os olhos, aparentando estar envergonhado.

- Podia ter usado o telefone – ela não estava muito confortável com ele na porta e André prestes a chegar a qualquer momento.

– O que eu fiz foi tão feio que não tive coragem de mandar mensagem, precisava vir pessoalmente. – enquanto falava essas palavras, ele tirou as mãos das costas e mostrou que trazia um botão de rosa branco – Para você.

Júlia o encarou em silêncio, buscando algo a mais na expressão dele, algo como aquilo que ela vira de relance na noite anterior, como uma raiva incontida. Mas conseguiu distinguir apenas vergonha. Deu um sorriso e pegou o botão das mãos dele. Nesse momento, percebeu que a chaleira apitava e se apressou para dentro, para desligar o fogo, largando a flor sobre o balcão. Depois de desligar e o barulho começar a diminuir, se virou para voltar para a sala, pois lembrou que havia deixado Gustavo parado na porta. Tomou um susto ao dar de cara com ele no corredor que levava da sala para a cozinha, estacando.

- Você me assustou! – ela disse, colocando a mão sobre o coração, que estava disparado.

- Sou apenas eu, Júlia. – ele falou e continuou se aproximando – Você deixou a porta aberta e entrei, para ver se precisava de ajuda.

- Não, não, tudo bem, era a água do café apenas. – de repente parece que o corredor era estreito demais, ela estava sozinha ali e Gustavo, que era alto e corpulento, parecia ainda maior, talvez devido à proximidade. Foi dominada por aquela sensação novamente, de ter algo mais nos olhos dele, uma onda de medo a atravessou. Ela tentou dar um passo para o lado, para passar por ele e voltar a sala, mas Gustavo também fez o mesmo, encurralando-a contra a parede.

A Lei do Amor (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora