Capítulo 25

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Aquela manhã foi bem cansativa, apesar de André já ter alguns modelos de carro em mente para comprar, ele quis que ela visse todos, que desse sua opinião e chegou mesmo a insistir que dirigisse um pouco, o que ela recusou, alegando que depois das aulas da auto escola nunca mais dirigira e estava sem prática. Por fim decidiram por um modelo esportivo e até finalizarem a papelada da venda, já era hora do almoço. O carro novo passaria pela revisão de entrega e André o buscaria na segunda. Ainda estavam usando o sedan do Tio Carlos naquela manhã e decidiram por almoçar no tradicional bairro italiano de Curitiba, Santa Felicidade.

Comida italiana sempre a deixava feliz. Ou seria o vinho que ela tomava junto? Deu de ombros, sorrindo consigo mesma, sentindo-se leve e tranquila como há tempos não se sentia. Até mesmo a situação que vivenciara logo cedo com Gustavo não a perturbava naquele momento. Enquanto comiam, conversavam sobre amenidades, até o assunto enveredar pelo campo de estudos e trabalho de ambos.

- No mês que vem eu vou até São Paulo para defender minha tese e encerrar o Mestrado, Ju. – ele falou, trazendo o assunto à tona. Ela não gostava de pensar nele indo para lá novamente, aquilo trazia uma sensação ruim de perda. Deve ter deixado algo transparecer no rosto, porque ele complementou – Quero que você vá comigo.

- Não sei, André – ela levantou os olhos que estavam no prato, para encará-lo – Para que dia está marcado?

- Quinze de junho - ele respondeu.

- Hum... nossa. Acho que vai ser bem a semana da minha apresentação do TCC aqui na faculdade também. – ele fez uma careta – A minha ainda não tem data definida, mas não posso fazer planos para essa semana, preciso estar aqui. Desculpa.

- Não precisa se desculpar. Queria mesmo que fosse, mas a gente viaja junto depois da sua formatura. O que me diz? – ele sorria enquanto falava e ela sempre ficava boba vendo aquele sorriso.

- Podemos sim. No próximo domingo eu tenho segunda fase do exame de ordem. Eu tenho estudado tão pouco que não sei como vai ser. – o motivo estava sentado na sua frente, mas não diria para ele o quanto a sua rotina fora afetada desde que soubera da sua volta. – Vou ter que confiar no que já estudei mesmo.

- Vai fazer na área penal mesmo? Posso te ajudar a estudar, se quiser. – ele ofereceu.

- Sim, é o que eu tenho mais facilidade. No escritório, você sabe, nossa equipe é toda voltada para esse tipo de processo. – ela sabia o quanto ele era bom naquela área, que era a mesma para a qual prestaria o exame. Poderia faltar na faculdade esta semana e estudar com ele sim, afinal os professores não haviam programado nada para aquele momento justamente para que os alunos pudessem ficar mais tranquilos e focarem no exame da ordem, era importante para a própria faculdade que a maior quantidade de alunos conseguisse passar. – Você estaria disposto mesmo a estudar comigo esta semana?

- Claro, meu amor. Que pergunta. – ele tocou sua mão por sobre a mesa e ela sentindo aquele calor gostoso, aquele carinho, marejou os olhos. – Ju, o que foi?

- Nada, André... eu só... – ela piscava para afastar as lágrimas, talvez fora vinho demais, enfim – eu só... lembrei da gente, de antes. Você sempre estudava comigo.

- Então será como nos velhos tempos. – ele sorriu, agora segurando ambas as mãos dela por sobre a mesa. Júlia não podia ler os pensamentos dele, mas se pudesse, talvez ficasse ainda mais tocada pelo momento. André também havia se lembrado de como eles estudavam juntos, da cumplicidade, de como trocavam ideias e discutiam até exaurir o assunto e um conseguir convencer o outro. E de como ele a admirava por tudo isso. Além de linda, era a mulher mais inteligente e corajosa que ele conhecia, o perfeito equilíbrio entre a firmeza e a doçura. Como um dia pudera dar as costas e deixar essa mulher? Antes que a sombra da culpa tomasse seus olhos, ele convidou:

A Lei do Amor (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora