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- Então... dês de quando você trabalha?

- Dês dos meus quinze anos.

- Porque exatamente?

- A renda da minha família é baixa, e eu tenho que ajudar pelo menos com alguma coisa, já que também faço parte daquilo...

- Mas você só tem dezessete, o ideal agora era estar se preparando para alguma faculdade.

- Não é o meu caso, Jennie, eu não tenho privilégios como todos da escola, como todos vocês. Não tenho dinheiro para gastar com qualquer coisa, não tenho motorista no qual me levar e me buscar, não tenho condições nem de ir ao shopping, não tenho uma família rica, nem família eu tenho pra falar a verdade. Faculdade? Bom, se eu conseguir passar na prova, não terei que pagar, caso não passe, terei que trabalhar para quem sabe um dia conseguir entrar em uma.

Ficamos alguns minutos sem falar nada, aquela cafeteria me parecia extremamente distante com ela ao meu lado. Sem adjetivos ou substantivos qualquer coisa que pudesse definir como eu me sentia com apenas uma olhada dela. Uma risada, um simples oi, era motivo para mim imaginar coisas fora de alcance relacionado a nós duas, pois éramos apenas amigas.

- Pensei que Kai viria junto a nós.

- Ele tem treino de basquete hoje. Porque pensou isso?

- Porque vocês dois vivem grudados, não que seja errado, mas ver vocês dois tão... juntos é estranho.

- Ah, gosto de estar perto dele o tempo inteiro, ele é o meu namorado. Nunca namorou?

- Não.

- Nunca!?

- Nunca.

- Nunca se apaixonou?

- É claro que sim, sou uma pessoa vinte por cento normal, Jen.

- Porque apenas vinte por cento?

- Porque gosta tanto de me fazer perguntas?

- Nunca temos um tempo sozinhas, Liz, ou a Minnie está grudada com você, ou a Yeji. Ou é o Kai ou Seulgi a mim. Somos amigas e eu sinto que não sei nada sobre você, acho que tudo que se diz a respeito a você, a única coisa que sei é que gosta de doramas e de escrever.

- Acho que isso é o suficiente. Minnie e Yeji também só sabem isso, e não me enche de perguntas.

- Eu não sou a Minnie ou a Yeji.

Vi um sorriso estranho nascer no canto da sua boca, aquilo me desconcertou, literalmente. Acabei tropeçando no meu próprio pé e só não caí, pois foquei na vergonha que eu passaria na frente da garota que eu gostava, mesmo assim, ela acabou rindo.

- Você está bem?

- Perfeitamente.- ao ver a minha indiferença, Jennie parou de rir. Eu gostava da sua risada, mesmo ela não sabendo, aquele som já me fez ficar fortes em alguns momentos. Ela, sem saber, me fez continuar.- Chegamos.

Abri a porta do estabelecimento dando passagem para ela entrar primeiro. O lugar era bem conservado apesar de antigo.

- Oi, Lisa.

- Oi, Shuhua, essa é Jennie minha amiga do colégio.

- Prazer, Jennie.

- Igualmente.

- Preciso trabalhar agora. Obrigada por me acompanhar. Quer um café?

- Adoraria.

Senti as minhas veias e o meu sangue pulsar, resultando em um suor ridículo nas palmas da minha mão. Eu dei um meio sorriso pra ela, e segui até a cozinha. Preparei um cappuccino, era o que eu sabia fazer com um capricho um pouco exagerado. Seria apenas um gesto de amizade se eu fizesse um coração ali. Ela não veria nada demais. E eu veria tudo demais, como uma demonstração.

Stay For Me (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora