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Eu estava estranhamente bem naquela manhã, como se me sentisse leve e melhor, como se eu não sofresse por meros segundos. Ao me arrumar para escola, percebi que na noite passada não tomei remédio para dormir, e peguei no sono com uma facilidade estranha.

Andei até a escola concentrada na música que tocava nos meus fones, não sei porque, mas aquela música sempre mexeu comigo. Na verdade aquela cantora sempre mexeu comigo. Acho que acompanhei a Demi Lovato dês na época que ela era criança e fazia aquele desenho com o dinossauro roxo, eu odiava aquele desenho, mas assistia. Depois veio a era Camp Rock, e lá estava eu, cantando todas as músicas. Nunca consegui ir em um show, mas tinha esperança. Skyscraper sempre foi a música que mais me identifiquei, eu gostava dela, acabei fazendo um cover ridículo que apenas a minha irmã ouviu, ela me elogiou, mas eu mesma não havia gostado, a minha voz era estranha.

- Como assim você não vai, Manoban?

- Nunca fui em passeios escolares, e ainda mais um final de semana inteiro. Eu trabalho e tenho uma irmã mais nova pra cuidar.

A escola havia descido ir a um clube, parque aquático, sei lá o que era, e todos insistiam para que eu fosse. Coitado deles.

- Vocês não precisam de mim o tempo inteiro, vão vocês.

- Ah não, sem você não tem graça.

- Exatamente, Seulgi, eu não tenho graça. Não vai fazer diferença.

- Te dou cinquenta dólares se você for!

- Sai, Kai, já falei que eu não vou.

- Se a Lisa não vai, eu também não vou.

Sabe aquele momento, que você sente que vai morrer? Sente o seu coração bater de um modo tão insano que te falta ar? A sua cabeça pesa e gira um pouco?

Eu me senti assim quando Jennie falou se sentando ao meu lado e agarrando o meu braço. Senti um pouco de dor, pois os cortes ainda não estavam cem por cento cicatrizados, mas só o seu toque em mim, me fez tremer toda.

- Estou com a Jennie.

- Minnie, você era a mais animada para ir nesse passeio, caramba gente nem sou tão importante assim.

- Você é sim. E se um não vai ninguém vai.

- Querem me fazer sentir culpada.

- Cala a boca, Lisa. O que vamos fazer no final de semana então.

- E se fôssemos no café onde Lisa trabalha? Ela faz o melhor cappuccino do mundo! Ah, e eu vi que tem karaokê lá. Você pode levar a sua irmã, e chamar a Chaeyoung, assim todos nós nos conhecemos.

Não vou negar que havia gostado daquela ideia, não de fato pelo o que aconteceria, mas de quem partiu. Jennie me olhava com expectativa, e eu apenas balancei a cabeça concordando com tudo o que ela falou. Eu ainda não acreditava que era tão rendida a ela.

Naquele dia estranhamente Jennie e Kai não estavam tão grudados como de costume, poderiam ter brigado como qualquer outro casal. Voltando pra casa, Jennie me acompanhou, conversamos sobre o fim de semana até Chaeyoung nos encontrar. Explicamos a ela qual era a ideia e ela prontamente aceitou.

- Te vejo amanhã, Liz.

- Até.

Entrei em casa com a louca da minha melhor amiga me chacoalhando que nem um bonequinha, comemorando por mim a aproximação de Jennie. Eu só podia sorrir.

- Ela está caidinha na sua, Lisa! Finalmente! Finalmente não precisarei mais secar as suas lágrimas em relação a ela!

- Que namora, Chaeyoung. Ela namora. O namorado dela vai estar na cafeteria então você se controla!

- Ah, daqui a pouco eles se separam e aí, VOCÊS VÃO FICAR JUNTAS!

- Para de gritar, mulher!

Era inevitável não rir com as coisas que ela dizia. Naquele dia, Chaeyoung inventou de fazer um brigadeiro vegano e lá estava eu como a sua cobaia, dessa vez ela havia acertado.

Mais tarde em meu quarto, contei a minha irmã o que aconteceria resultando em nós duas surtando e criando mil coisas que poderia acontecer. Sabia que nenhuma delas aconteceria de fato. Por algum motivo, meu padrasto e a minha mãe não estavam em casa, isso só me fez ficar ainda mais feliz.

O resto da semana foi parcialmente incrível, Jennie me acompanhava até em casa ou até o trabalho e só aquela pequana aproximação já valia muito para mim, mesmo que não tivesse nada a mais, eu gostava de estar ali com ela. Sentia que aos poucos nos conhecíamos melhor.

No final de semana eu estava nervosa, me arrumei de um modo meio exagerado, eu só iria travalhar nada demais. Ao chegar, meus amigos já estavam ali, Minjae e Kai já cantavam, e Jennie me parecia aflita. Quando o sinal da porta tocou ao ser aberta, todos olharam pra mim, por algum motivo comemorando a minha chegada.

- Liz! Pensei que nao viria...

- É o meu trabalho de algum modo eu tenho que vir.

- Que a tarde comece então!

Eu ri muito ao ver eles brigando pelo karaokê, minha irmã estava ali no meio, conhecendo cada um e mesmo que eu estivesse trabalhando, conseguia sentir a vibe de tudo. Acho que tudo estava ao meu favor, a cafeteria não tinha tanta movimentação a não ser eles.

Até que Jennie subiu no palco, ela cantaria. Todos a encararam, incluindo eu. Ela me olhou, profundamente e pude sentir que aquilo era de algum modo para mim.

- Pegue a caneta, coloque-a no papel 

Escreva na minha pele, me traga vida 

Não pode começar de novo, não há apagador 

Todas as minhas falhas, você as acertou

Tudo fica em branco até você me desenhar 

Tocando no meu corpo como você me conhece

Escreva em mim 

Cor fora das linhas 

Amo o jeito que você me faz

Baby, leve o seu tempo 

Escreva em mim 

Me dê algumas asas, eu voarei 

Amo o jeito que você me faz

Eu nunca mudarei de idéia

Escreva em mim 

Amo o jeito que você me faz

Escreva em mim

Queimaduras caindo, mas me mantém viva

Diga-me a verdade, eu gosto do perigo 

Porque no final você será minha...

Stay For Me (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora