Stay For Me (Jenlisa)

05

- Isso é estranho...

- Porque não posso saber sobre você?

- Vai por mim, a minha vida é completamente chata, e entediante.

- Te garanto que não seja. Posso te ligar mais tarde?

- Acho... acho que sim, não sei...

- Até mais tarde, Liz.- assim, sem mais nem menos, sem nenhuma explicação ela me deu um beijo na bochecha, me pegando de surpresa. Me fazendo ficar inteiramente vermelha, suada e com um gay panic absoluto.

Eu gritava de felicidade por dentro.

Olhei para o meu celular que continha quarenta por cento de bateria, eu corri até a escola da minha irmã, querendo pular no meio da rua, querendo gritar! Ela me ligaria!

Tudo bem, amigas ligam para amigas, mas quem se importa? Jennie ligaria para mim! Ligaria!

- Meu Deus, unnie! O que te deu?

- Não sei, Jisoo! Acho que estou feliz!

- Que bicho te mordeu, Lisa!?

- Jennie.

- A Jennie te mordeu?

- Não. Ela vai me ligar mais tarde! Tipo, isso significava alguma coisa?

- Bom, ela pode querer apenas conversar banalidades. Amigas fazem isso, mas já um avanço, unnie. Só por favor, não crie história, ou aumente algo. Ela é só a sua amiga.

- É... eu sei disso... apenas minha amiga.

Caminhamos pra casa sem querer chegar ao destino. Eu tinha uma empolgação fora do normal, mesmo sabendo que era normal. Ao chegarmos, não havia ninguém em casa, olhar ao redor e ver que aquele local virava o meu túmulo me desanimava, me fazia querer chorar, e chorar, apenas chorar. Era assim todos os dias.

- Pode me ajudar?- falei já sentindo a tristeza tomar conta.

- Claro.

Sentia também que Jisoo começava a apresentar diferença em sua saúde, não só física e sim mental. Não era tão animada, não ria com tanta frequência. Não podia deixar a minha menina ir para o mesmo lado que eu. Não podia.

- Como foi a aula hoje?

- Hum, fiz algumas provas e brinquei de esconde e esconde no intervalo.

- Foi legal?

- Foi sim!

Foi questão de segundos até a Jisoo começar a falar mais que a própria boca, contando cada segundo do seu dia na escola, e mesmo eu não tendo paciência nenhuma para aquilo, eu a ouvia atentamente.

Até que eles chegaram. Meu padrasto entrou com aquele ar de o homem e o líder da casa e minha mãe atrás dele, com a mulher submissa que ela se fazia. Eu odiava esse fato, o fato dela aceitar aquele homem, aceitar o que ele "pregava" em casa. Ele era machista, pregava homofobia, achava que por ele ser homem, não precisava fazer nada, a não ser ficar sentado na frente da TV assistindo futebol. Ele se achava o fodão por ter três mulheres que faziam tudo o que ele queria, eu me perguntava porque servia? Porque me permitia a deixar ele ser assim comigo.

Andei até o meu quarto, não falando nada, não queria, e não precisava. Ouvia a minha mãe mexer nas coisas da cozinha, não me importava. Ajudei Jisoo com a lição de casa, esperando apenas a ligação da Jennie. Então veio o jantar, meu avô não estava em casa. Nos reunimos e como se não fosse constrangedor demais estar ali com os dois, tínhamos que rezar.

Eu apenas fechava os olhos, imaginando qualquer coisa, não acreditava no Deus que eles acreditavam, que o meu padrasto acreditava. Na minha cabeça veio Jennie.