Primeiro

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Eu volto todo dia para o eu de ontem, para aquela vida de desistir

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Eu volto todo dia para o eu de ontem, para aquela vida de desistir. 

Eu me deixo levar, mas nesse mundo, sabe há verdades que não mudam. 

O tempo corre para frente, não há se, mas ou talvez...


13 de setembro, 2020. Seul, Coréia do Sul.

- Com licença. – falei em inglês com uma senhora que estava a minha frente, percebi que ela não tinha me entendido então repeti a frase em coreano. – Com licença. – ela sorriu e assentindo me dando passagem para passar.

Me aproximei da esteira de bagagens do aeroporto esperando que minhas malas aparecessem. A primeira surgiu no meu campo de visão e logo me preparei para pegá-la. Tive grandes dificuldades ao tirá-la da esteira, quase caí para trás com o peso. E ela ainda estava mais leve do que a outra!

Percebi mais algumas pessoas preenchendo aquela sala de desembarque. Logo minha segunda mala já aparecia no meu campo de visão. Me preparei para pegá-la e tentar ao máximo não cair para trás.

Foi uma tentativa em vão. Em questão de segundos. Em um segundo eu estava tentando pegar minha mala e no outro eu estava estirada no chão com ela caída ao meu lado. Não havia sido tão doloroso, parecia que algo havia amortecido minha queda.

Ou alguém.

- Ai... – ouvi resmungo vindo debaixo de mim. Arregalei os olhos assustada ao ouvir algumas frases em coreano resmungadas, informando que aquela pessoa estava com dor.

- Ai meu Deus! – gritei em português. Tentei me levantar rapidamente, mas minha posição não estava facilitando a situação.

Eu me sentia uma tartaruga colocada de casco para baixo. Em um momento vi alguns homens vestidos de preto se aproximando, um deles me estendeu a mão. O ambiente se encheu com algumas risadas. Alguns homens com máscaras vieram em direção a pessoa que eu havia derrubado e só então reparei que era um homem também.

- Hyung! Você só se mete em enrascadas! - um dos rapazes que se aproximaram disse em coreano enquanto tentava ajudar o que estava no chão. Eu até havia entendido a frase por inteiro, mas era como se ela tivesse primeiro que passar por um tradutor em minha mente. De longe eu precisava treinar meu coreano.

Assustada me afastei um pouco.

- Joesonghabnida. – tentei me desculpar em coreano, me curvei quase que 90° graus, desesperada que não me levassem para uma delegacia por tentativa de agressão ou seja lá o que for.

- Tudo bem! Tudo bem! – rapaz que eu derrubei falava em coreano, fazendo sinais com a mão de que estava sim tudo bem.

Suspirei aliviada, porém, continuei curvada até perceber que ele havia se afastado. Eu precisava demonstrar respeito. Quando me levantei percebi que algumas pessoas me observavam, algumas até riam discretamente.

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