Décimo

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Por favor, não diga uma palavra

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Por favor, não diga uma palavra

Porque todos eles foram ditos agora

Como uma jornada chegando ao fim... Tudo desaparece

Deixe passar com um fluxo

Realmente gostaria de poder ficar

Mas você me conhece...


— UM MÊS DEPOIS — 

17 de dezembro, 2020. Seul, Coréia do Sul.


— Você parece muito empolgada senhorita Lee Bora. — comentou Yongok, a secretária acadêmica da  Easy Korean Academy, enquanto eu finalizava a assinatura de alguns documentos.

— Mas é claro senhorita Kim Yongok, estou enviando o meu primeiro esboço de roteiro para o concurso da JTBC, como você esperava que eu estivesse? — falei alegre, esboçando um sorriso sincero. 

— Boa sorte! —  desejou segurando o envelope que continha o manuscrito. 

Eu havia acabado de entregar a ela e assinado toda a papelada necessária para o envio daquele roteiro. 

Pode parecer loucura, mas as vezes eu me pegava pensando se isso era realmente real. Eu estava participando de um concurso de roteiristas na JTBC. Como isso era possível? 

Eram nessas horas que eu começava a ter plena certeza de que mudar de vida e vir para Seul havia sido a melhor decisão que tomara. Estava começando a trilhar a linha correta do meu destino rumo a vida que eu queria. Talvez, não cometer a loucura que um dia tentei, ao pensar em tirar minha própria vida, tenha valido a pena não é mesmo? 

Algumas pessoas dizem não acreditar em destino, por não gostarem da ideia de terem que seguir algo já planejado, entretanto elas não compreendem que são as nossas escolhas que nos levam ao nosso destino, sendo assim, não há nada verdadeiramente planejado. Existe sim, algo pronto nos esperando no final, porém, somos nós em nossa própria liberdade que escolhemos o que queremos ver. Por isso, precisamos escolher a linha certa.   

No Brasil eu sobrevivia por dar aulas nas escolas do governo do estado e por revisar alguns textos jornalísticos. Além disso, vivi um relacionamento tóxico e que só desgraçou todos os meus dias resididos naquele país, durante seis longos anos. Agora, na Coréia do Sul estava vivendo os famosos "dias de glória" cantados por uma de minhas bandas brasileiras favoritas. Os dias de luta haviam passado, provavelmente mais alguns surgiriam, porém, agora eu tinha mais confiança em mim mesma. Eu sabia que ter pessoas boas ao meu lado ajudava, mas agora também compreendia como viver por mim mesma. 

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