Ele se sentou abrindo a caixa e mostrando pra ela uma aliança dourada, com uma bela safira no topo, ele sempre dizia que os olhos dela lembravam aquela pedra preciosa.
─ Posso te pedir uma coisa? – O Loiro lhe olhou sorridente e corado
─ C-claro... – fala quase sem voz
Seria o pedido de namoro dos seus sonhos? Ele queria assumir aquele pequeno ser dentro dela?
─ Me ajuda a pedir minha namorada em casamento? Por favor! – E por fim o açúcar caiu todo no chão com a decepção dela.
─ Desculpa... – tenta se abaixar, mas o tamanho da barriga não lhe ajudava muito.
─ Está tudo bem? Você se machucou? – Gabriel tenta ajuda-la.
─ Sim estou bem... É apenas uma pequena contração que deu!
Um outro funcionário se aproximou para ajudar Nathalie a limpar aquela bagunça. Após limpar tudo Nathalie se sentou com Gabriel em uma mesa mais reservada possível para conversarem...
─ E então, pode me ajudar?
─ S-sim... Claro ajudar!
O Loiro explicou tudo que ela tinha que fazer e que depois que ele saísse dali queria ter uma noite a sós com Emilie, mas precisava de alguém pra ficar com seu filho de 2 anos, que já tinha com sua namorada.
─ Você conhece alguma baba?
─ Eu posso cuidar do garoto, pode ficar tranquilo!
─ Sério, muito obrigada! Você é um anjo Nathalie! – Nathalie sorri corada.
Mas as bochechas cortadas e o sorriso doce escondiam o quanto seu coração estava machucado. Porque, por um milésimo de segundo, ela tinha alimentado esperanças. E tão rápido quanto vieram, elas lhe foram arrancadas.
Claro que ele tinha namorada. Agora seria noiva. E também tinha um filho no meio...
Não tinha como lutar contra isso.
Aceitou que o amor realmente não era bom pra ela. Não lhe trazia nada além de tristeza.
Mas engoliu todo aquele sentimento e sorriu.
Naquele momento, ela tinha selado seu destino de estar sempre disposta a ajudar aquele homem. Mesmo que isso custasse sua felicidade.
[...]
Nathalie não achava que pudesse amar tanto uma criança à primeira vista. Mas amou o pequeno Adrien Agreste assim que colocou os olhos nele.
Era um menininho com cabelos dourados e olhos verdes intensos. Parecia sua mãe, Emilie. Ele era pequeno, e tão fofo... não se cansava de acariciar seus cabelos e o rosto gorduchinho de bebê.
Por outro lado, Adrien também pareceu gostar muito dela, o que era um grande alívio. Por mais novinho que fosse, e muito curioso, ele era uma criança calma, e realmente não deu nenhum trabalho para ela.
Foi até uma boa experiência. Brincaram a noite toda (ela com toda moderação, é claro).
Assim que ele dormiu pela exaustão, ela ficou velando seu sono.
Partia seu coração ainda mais. Mesmo que seu peito se enchesse de ternura ao observa-lo, ainda assim doía. Sua consciência doía. Por amar alguém impossível. Por ter escolhido trazer ao mundo uma criança que, se dependesse da vida que levava, nunca seria alguém...
Quando Gabriel e Emilie buscaram o pequeno com ela, no outro dia, Nathalie finalmente a conheceu. E, sinceramente, o mais foda era que não dava para odiar Emilie. Não dava pra sentir raiva dela. Era gentil, uma mãe carinhosa e muito simpática. E muito bonita. Linda, de um jeito que não podia competir. E como poderia destruir aquela família? Eram lindos juntos.
Se conformou mais uma vez com seu destino.
O dia do casamento se aproximou na velocidade de um trem bala. Assim como o nascimento da sua filha. Coincidentemente no mesmo dia.
Ela estava pronta, no vestido azul, totalmente leve e confortável para a barriga.
Mas, sua princesa resolveu dar o ar de sua graça logo antes de sair de casa. Madeleine chamou um carro e a levaram para o hospital. No caminho, Nathalie deu um jeito de avisar sua ausência na cerimônia, desejando felicidades e prometendo explicar tudo depois da lua-de-mel dos dois.
Tudo o que levava para a menina era uma bolsa com roupas e itens indispensáveis.
[...]
Não foi um parto complicado. Apesar de ser sua primeira gravidez, Nathalie seguiu direitinho todas as dicas e recomendações do obstetra, assim como conselhos da própria Emilie, que sempre dizia que seus filhos seriam melhores amigos.
Enquanto amamentava sua filha recém nascida, Nathalie chorava em amargura.
A tristeza machucava seu coração e ela se sentia um monstro... nunca poderia ficar com a consciência limpa.
Um sorriso triste brotou na sua boca, e ela soluçou.
Marinette era o nome que escolhera.
A bebê tinha os cabelos dos Cheng, é claro. Mas os olhos... ah, os olhos eram seus. Azuis como safiras, ou mesmo como o mar. Vivíssimos e belos.
Ela parecia uma bonequinha de porcelana. Tão branquinha, frágil e delicada. Seu pedaço de amor e esperança. Tudo de mais valioso que tinha no mundo, era ela.
E sua pequena bonequinha nunca estaria segura ao seu lado. Jamais seria feliz. Sempre viveria com medo de que Zhao as encontrasse de algum jeito...
Só tinha uma coisa a ser feita.
Não havia outra opção. Era melhor do que abandoná-la, ou mesmo entregar à um orfanato.
Não...
Durante 3 semanas, cuidou de sua filha. Madeleine percebia a tristeza crescente dela, e se perguntava o que Nathalie faria. Pra estar daquele jeito.
A resposta veio rápido...
Em plena primavera, no horário de almoço, Nathalie desceu de um táxi na rua oposta à de um estabelecimento. Ela sabia exatamente quem eram os proprietários. Havia procurado por eles durante quase um mês. Entrou na padaria, sendo arrebatada pelo cheiro maravilhoso dos pães, bolos e outras gostosuras.
Suspirou. Estava realmente no lugar certo.
— Bom dia, em quê posso ajudar a jov... Nathalie?! — a mulher no balcão arregalou os olhos quando olhou o rosto da recém-chegada.
— Oi, Sabine — ela ajeitou o bebê no colo. — Desculpa aparecer assim, mas eu preciso muito de ajuda...
Sabine assentiu rapidamente, e fechou a loja, levando a moça pra dentro. Logo seu marido se juntou à elas, e Nathalie, fungou, contando toda a história até ali. Desde que Sabine fugiu da China, completamente farta das coisas terríveis que sua família fazia.
— Nathalie... você quer que Tom e eu...
Sabine não precisou falar.
Entendia bem o desespero de Nathalie. Zhao era o pior de todos na família. O mais cruel. E não duvidou da palavra dela em nem um momento.
— Ele seria capaz de matar a Marinette na minha frente, sem nenhum remorso, ou mesmo vendê-la nesses gráficos humanos. — ela acariciou a cabeça da filha bem devagar. — Sabine... eu não posso correr o risco de que ele coloque as mãos na minha filha. Se ele me encontrar, e eu estiver com ela... Por favor... fique com ela. Cuide da Marinette como se fosse sua. Eu tenho reservas, posso mandar dinheiro pra ajudar nas despesas... a torne uma mulher melhor do que eu sou.
Sabine não poderia recusar.
Porque Tom nunca poderia lhe dar filhos. Era estéril. E, céus, como queriam uma criança para cuidarem! Mas o processo de adoção era muito lento... eles sempre desanimavam. Seus motivos para aceitarem foram um pouco mais egoístas, no fundo ela sabia.
Mas não importava.
Nada importava, além da segurança da sua bonequinha.
Não demorou para que um juiz, amigo de infância de Nathalie, cuidasse dos processos. Em menos de duas semanas a pequena Marinette Sancoeur se tornou Marinette Dupain-Cheng.
Nathalie foi apagada de sua vida, e a única coisa que ligava as duas era o sangue, além da quantia que ela sempre mandaria pro casal cuidar da pequena.
Com isso, Nathalie voltou à sua rotina no bar.
Mas não era a mesma. Estava banhada em sofrimento silencioso e intenso.
Madeleine era a única que sabia a verdade, e, graças aos céus, não a julgava.
E naquela noite, Gabriel e Emilie apareceram. Casados, felizes. E foram cumprimentar sua amiga. Obviamente estranharam a falta da barriga e o abatimento dela.
E com sofrimento verdadeiro, ela disse a mentira que carregaria pelos próximos 17 anos:
— Minha filha morreu, logo depois de nascer.
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Remember Your
Romance(Também postada no Spirit) A historia que todos achavam que conheciam mas de um jeito diferente. como Marinette Dupain-cheng virou Lady Bug todo mundo sabe... Mas talvez sua origem não seja a que todos acreditam ser. E se por trás do seu passado, e...