Capítulo Treze

830 119 56
                                    

Sherlock voltou ao número 221 da Baker Street se sentindo mais derrotado do que se sentira em toda sua vida. Ele não conseguiu arrancar nem uma palavra sobre a localização de John de Moriarty e sua visita a seu irmão teve um resultado ainda pior. Mycroft se recusou a vê-lo, preferindo enviar um de seus homens para passar a mensagem de que: "O que quer que tivesse acontecido, não era seu problema, a menos que colocasse o país em risco."

O relógio da saleta de entrada marcava 15:05. Faltavam menos de 2 horas para o pôr do sol. Ignorando totalmente os chamados da Senhora Hudson, Sherlock subiu pra seus aposentos, forçando seu cérebro a trabalhar em alta velocidade para descobrir uma resposta para o problema antes que seu prazo vencesse. Mas parecia haver um bloqueio que o impedia de encontrar essa resposta e, em algum lugar de sua mente, ele sabia que esse bloqueio era justamente a falta de John.

O motivo pelo qual Sherlock havia permitido a entrada do médico em sua vida tão facilmente, era porque desde o início sentia que ele se encaixava. John não tinha uma mente excepcional ou grande percepção de detalhes, mas, de alguma forma, sempre acabava ajudando Sherlock a resolver os casos pelo menos um quarto mais rápido que quando estava sozinho. Fosse com uma pergunta estúpida ou uma observação acidental, John sempre guiava Sherlock para caminho certo. O detetive não podia deixar de pensar que talvez já tivesse descoberto quem era o Diabo se sua relação com o amigo não estivesse tão instável nos últimos tempos.

Uma batida na porta chamou sua atenção, mas antes que pudesse dizer para senhora Hudson ir embora, a porta se abriu, revelando a garota morena que havia encontrado mais cedo. A4 não esperou um convite para entrar, atravessou a sala e se jogou em um dos sofás como se morasse alí ou fosse a casa de um amigo íntimo.

- Descobriu alguma coisa? - Sherlock tinha um olhar severo, mas o tremor em sua voz era perceptível.

- Eu não estaria aqui se não tivesse - A garota sorriu arrogante, então se inclinou e pegou um dos pãezinhos que a Senhora Hudson trouxera naquela manhã. - Isso é bom.

- O que você descobriu? - O detetive não queria se aborrecer com a garota, mas isso estava se tornando uma tarefa difícil.

- Você conhece minhas regras - A garota estendeu a mão direita com a palma para cima enquanto pegava outro pão com a esquerda.

Sherlock prontamente pegou duas notas de 50 de sua carteira e colocou uma delas sobre a mão da garota. Ela esperou que o detetive lhe entregasse a segunda nota também, mas ele não o fez.

- Esta aqui você ganha depois de dizer o que descobriu. Minhas regras.

- Justo o bastante - Ela não parecia incomodada - Encontrei o garoto que você descreveu.

- Tem certeza que era ele?

- Eu não sou uma amadora - A4 tinha um tom irritado, o olhar de Sherlock se manteve sério e ela revirou os olhos - Sim, eu tenho certeza. Ele não estava exatamente escondido. Na verdade queria ser encontrado - Sherlock franziu o cenho com a informação. Se o garoto queria ser encontrado por que ele fugiu em primeiro lugar? A garota continuou - Seja como for, ele é uma das crianças do Savage.

Savage era uma pessoa sem rosto, ninguém sabia se era de fato uma pessoa ou uma organização. Tudo o que se sabia era que explorava crianças de rua, as colocava para roubar em troca de teto, comida e roupas decentes. O último, sendo apenas uma maneira de não levantar a suspeita das pessoas e facilitar o roubo.

- Ele disse quem pediu para trazer a carta?

- Um cara - A garota deu de ombros - Não soube especificar mais do que características gerais. Baixo, cabelo escuro, pele branca. - Ela pensou um pouco - Usava muito gel de cabelo.

The Devil's Game (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora