Capítulo Onze

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Um mês se passou desde a discussão, John e Sherlock passavam os dias se evitando. Watson havia começado a sair mais cedo para o trabalho,  evitando ver o colega de quarto pela manhã, e quando voltava, este ainda estava fora. Trabalhando no caso ou o que quer que fosse.

John sabia que o "Diabo" ainda não havia sido pego, mesmo não falando com Sherlock, acompanhava as notícias com frequência, e nada relacionado a um grande criminoso havia sido mencionado em nenhum lugar.

Os dias seguiam lentos para o médico, tendo apenas os trabalhos da nova clínica com que se ocupar. Sentia falta, de correr por Londres atrás de criminosos e de registrar os casos em seu Blog, mas acima de tudo, sentia falta de Sherlock. Não que fosse admitir.

- Dr Watson? - John ergueu os olhos do jornal que estivera lendo, esperando ver Denise, a recepcionista. Ficou surpresa quando viu Molly entrar na sala. - Ei, John

- Molly - Ele sorriu e se levantou enquanto a mulher se aproximava, o abraçava e beijava delicadamente seus lábios.

- Jantar? - Ela perguntou quando se separaram

- Tem mais alguém lá fora?

- Fora a recepcionista não. No que está pensando? - Ela se sentou sobre a mesa de forma insinuante

- Que se não tenho mais nenhum paciente posso te levar a um restaurante - Ele foi para o cabideiro perto da porta e trocou o jaleco por seu casaco. Viu que a mulher ainda estava sentada em sua mesa - Você vem?

O jantar foi na maior parte silencioso. As coisas entre eles sempre haviam sido estranhas desde o início, não havia um assunto comum entre os dois, exceto Sherlock. E considerando que Molly estava tentando esquecê-lo e John ignorá-lo, não era algo que pudessem conversar.

O sexo era bom, mas John estava pensando muito tempo se valia a pena. Tanto pelo fato de sentir que estava usando Molly, quanto pelo fato de não se sentir a vontade conversando com a própria namorada.

Ele ainda insistiu no relacionamento por todo esse tempo, mas depois da noite anterior, simplesmente não sabia como. Apesar de não ter falado nada na hora, John realmente não podia mais ficar quieto.

- Sobre ontem... - Começou finalmente quando o jantar foi substituído pela sobremesa

- Está tudo bem - Molly começou a cutucar seu sundae com a colher

- Não, não está tudo bem - John sacudiu a cabeça, enquanto falava baixo para que ninguém ouvisse - Você me chamou de Sherlock enquanto transávamos.

- E você gemeu o nome dele quando estava... Você sabe... - Ela sussurrou para que só John ouvisse

- Merda, você ouviu - O médico sentiu seu rosto corar com a informação

- Como eu disse, está tudo bem - Ela realmente não parecia chateada, o que fazia tudo ainda mais estranho - Eu já sabia.

- O que? - Não foi até que os olhares dos outros clientes se virassem para mim, que percebi que tinha falado algo demais - Do que você está falando? - Disse baixando o tom

- Quando você disse que também queria esquecer alguém, eu sabia que era ele. - Ela deu de ombros - Achei que poderíamos fazer isso juntos. Talvez ainda possamos - Ao ver a expressão do médico, percebeu - Acho que não podemos.

-Acho que não - A resposta curta veio com certo alívio. Então toda a situação pairou como um todo na cabeça de John e ele começou a rir - Merda, não acredito que fizemos isso. - Molly riu também

A ideia de ter namorado com alguém que era apaixonado pelo mesmo cara que ele, um sabendo da paixão do outro, era hilária. Paixão. De repente Watson parou de rir. E pela terceira vez em cinco minutos amaldiçoou.

The Devil's Game (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora