Encaixes.
Assim como um quebra-cabeças, nossa vida tem peças que se encaixam uma na outra no formato certo.
Para que uma nova peça ache seu encaixe perfeito, as anteriores precisam já estar nos seus devidos lugares, e assim sucessivamente, formando uma imagem ao final.
Não importa se você começou a montar pelo meio ou pelas bordas, o resultado sempre será o mesmo.
E assim é a vida. A ordem em que peças da sua vida se encaixaram não tem importância, uma vez que tudo sempre levará ao mesmo desfecho.
Eu não sei até que ponto isso era verdade, mas eu acreditava que tudo na vida tem um propósito. E não só isso.
Tudo acontece na hora exata que é para acontecer.
Ir ao cassino em pleno domingo foi o que fez meu destino cruzar com o dele. E isso só foi possível devido a eventos anteriores que desencadearam tal situação, reforçando minha teoria.
Talvez essa crença até desse margem para outro mito: o fio vermelho do destino.
Akai Ito. Segundo essa antiga lenda de origem chinesa, os deuses amarram, no instante do nascimento, uma corda vermelha no mindinho de duas pessoas distintas que estão predestinadas a serem almas gêmeas. Sendo assim, aconteça o que acontecer, passe o tempo que passar, as duas pessoas que estiverem interligadas inevitavelmente irão se encontrar.
Este fio pode até esticar ou enrolar, mas nunca se romperá.
Mas será que tudo isso não era apenas algo mais palpável para as pessoas se apegarem, para que acreditassem que não estavam ímpares no mundo e que, em algum lugar, estava seu par? Algo que as prendesse na fé de que um dia encontrariam a tampa certa para sua caçarola? Ou a outra metade da sua laranja?
Perdido em meus devaneios fora de hora, eu admirava a lua minguante iluminando timidamente o céu sem nuvens, acompanhada de incontáveis estrelas ao seu redor. Uma brisa leve e fresca soprava na sacada quase vazia do casarão, enquanto eu me permitia tomar um ar e acalmar meus pensamentos.
Era um hábito que eu tinha desde que me entendo por gente.
No orfanato, quando todas as crianças já estavam dormindo em suas camas após o toque de recolher, eu me levantava sorrateiramente, ia até a pequena janela - que eu tinha aprendido a destrancar -, e, segurando meu paninho amarelo, ficava lá somente absorvendo a energia tranquila da noite e conversando mentalmente com as estrelas, até que o sono me invadisse e eu voltasse cambaleante para minha cama.
Estava em mais um desses momentos quando notei a presença dele no ambiente.
Oh la vache! Por que fico assim toda vez que ele está por perto? Que tipo de coração fraco é esse que tenho?
Impulsionado por duas doses de whisky e algumas taças de champagne - embora eu não tivesse motivos para comemorar nada hoje -, me aproximei do dito cujo.
- Então, monsieur Jeon - falei em tom baixo e pigarreei para chamar sua atenção, o que gerou um leve sobressalto no outro. Continuei: - Está só de passagem por Paris ou veio para ficar? - ainda com os olhos um pouco arregalados pelo susto, ele sorriu casto por me ver ali.
- Ah, pode me chamar só de Jungkook, não é necessária tanta formalidade. - sorriu timidamente, o que me fez baixar a guarda diante de sua postura tão relaxada e diferente daquela com a que me abordou no bar momentos antes. - Digamos que sou apenas um visitante passageiro.
Era encantador como os cantinhos dos olhos dele se enchiam de ruguinhas quando ele sorria mais abertamente.
Tudo bem, talvez eu estivesse notando coisas demais ao seu respeito.
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Ethereal • {jjk + pjm}
FanficPark Jimin, membro da alta burguesia francesa, sempre foi dedicado à família e aos bons costumes que regiam a década de 20, e, assim como os jovens da época, costumava sair à noite para divertir-se. Porém, um rosto desconhecido despertará o desejo d...