Cartas.
Durante anos escrevi dezenas delas. Talvez centenas.
No começo eram constantes, como ele havia prometido.
Através da nossa discreta fenda temporal, envelopes brancos simples sempre estavam à minha espera; em seu lugar, envelopes pardos selados com o brasão da minha família cravado em cera bordô eram deixados, para que chegassem ao seu destinatário.
E, dessa forma, meses foram se passando como folhas secas e alaranjadas que se destacam do topo das árvores e caem suavemente pelas calçadas em pleno outono.
Jungkook me mantinha informado sempre que possível acerca de si e do que havia descoberto sobre a tal instituição mística.
Segundo ele, a Comissão era responsável por manter a ordem entre as milhares de linhas do tempo que corriam paralelas e alheias umas às outras.
Seokjin e Hoseok estavam conseguindo manter Jungkook seguro e longe de confusão, estavam com tudo sob controle, o que não despertara a atenção da Comissão até aquele momento.
Acontece que, quando Jungkook salvou a bendita desconhecida do incêndio no cassino, ele causou uma mudança no fluxo temporal, pois o dito cujo NÃO devia estar em 1921!
Portanto, a partir daquele acontecimento, e com a chegada do tal Kim Namjoon, as coisas ficaram mais sérias.
Passados dois meses daquele dia caótico, a Police Nationale de Paris constatou que o incêndio fora acidental, iniciado por um curto-circuito na fiação elétrica do palco - e que nada teve a ver com a Comissão, como achávamos a princípio.
Recebi uma carta, após mais alguns meses, em que Jungkook me contou o que descobrira sobre esse Namjoon. O sujeito possuía um cargo bastante acima do Seokjin, e era responsável por investigar e punir crimes contra o fluxo temporal - crime esse que Jungkook não sabia que havia cometido, mesmo sem querer.
Os primeiros dias após a partida do Jungkook foram os mais difíceis pela incerteza que me consumia. A angústia e a ansiedade de estar no completo breu quase me engoliram por inteiro. Aimée, como sempre, me acolheu e me acalentou em todas as noites em que os pesadelos me atormetaram.
E, assim, a frequência das cartas recebidas por mim foram diminuindo - apesar de eu nunca ter deixado de alimentar aquele minúsculo armário com as minhas.
O teor delas no começo eram somente preocupação, medo e aflição; após algum tempo, passaram a contar sobre meu cotidiano, meu desassossego acerca do futuro e outras inquietações de um jovem adulto de 20 e poucos anos.
Ainda assim, em sua grande maioria, elas sempre destacavam o quanto eu sentia sua falta e o quanto o amava profundamente.
Hoje faz 1 ano desde que recebi sua última carta.
Já se passaram 3 anos desde o incidente no cassino.
Onde você está, Jungkook? O que está fazendo?
Será que aconteceu alguma coisa?
Por favor, cumpra sua promessa.
Certa madrugada, mais uma das que passava em claro - com medo de fechar os olhos e ser mais uma vez assombrado por sonhos ruins -, estava refletindo sobre as últimas palavras que acabara de escrever em minha mais recente carta.
"[...] os traços marcados que vemos no espelho nos ajuda a constatar o quão cruel ele [o tempo] foi conosco enquanto não notávamos a juventude se esvaindo dos nossos corpos..."
Me sobressaltei quando um estalido interrompeu o silêncio sepulcral que me cercava. Esperei mais alguns segundos, com o coração palpitando em meu peito ansioso, só para me certificar de que o som não tinha sido uma alucinação.
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Ethereal • {jjk + pjm}
Fiksi PenggemarPark Jimin, membro da alta burguesia francesa, sempre foi dedicado à família e aos bons costumes que regiam a década de 20, e, assim como os jovens da época, costumava sair à noite para divertir-se. Porém, um rosto desconhecido despertará o desejo d...