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Fazia três dias que chovia sem parar. Lá pelas quatro da tarde do terceiro dia, Lucas estava enlouquecido. Ele não era o tipo de pessoa que conseguia ficar dentro de casa, ficava sempre se mexendo, sempre indo a algum lugar. Por isso decidiu sair um pouco e nos chamou para ir ao cinema. Além do drive in, a cidade só tinha o cinema, que ficava no shopping.

Pedro estava no quarto e recusou o convite de Lucas. Ele vinha passando tempo demais sozinho sempre trancado no quarto, e dava pra ver que Henrique estava magoado.

Meu irmão logo partiriam em uma viagem com nosso pai para visitar universidades, e Pedro não parecia dar a mínima para isso. Quando não estava trabalhando, ficava grudado no violão e ouvindo música.

Então fomos só eu, Lucas e Henrique. Eu os convenci a assistir a uma comédia romântica sobre dois passeadores de cachorro que faziam o mesmo caminho e acabavam se apaixonando. Era o único filme passando naquele horário, o outro só começava daqui a uma hora. Em menos de cinco minutos, Henrique se levantou, irritado.

- não dá pra ver isso- protestou- vamos, Lucas?

- não, não. Eu vou ficar aqui com a Camis- respondeu Lucas.

Henrique pareceu surpreso. Então deu de ombros, dizendo:

- vejo vocês quando o filme acabar.

Também fiquei surpresa. Aquilo era muito estranho.
Pouco depois de Henrique sair, um cara enorme de sentou na cadeira na frente da minha.

- eu troco de lugar com você- sussurrou Lucas.

Quase disse que não precisava, mas logo mudei de ideia. Era Lucas, afinal. Com a gente não rolava esse tipo de formalidade. Agradeci, e trocamos de lugar.

Para conseguir enxergar a tela, Lucas precisava chegar para o meu lado e esticar o pescoço. O cabelo dele tinha cheiro de pera- era o xampu caro que Helena usava. Achei engraçado aquele garoto todo atlético e ter um cheiro tão doce. Toda vez que ele se aproximava, eu inspirava o perfume adocicado de seu cabelo. Queria que o meu também tivesse aquele cheiro.

Lucas se levantou de repente na metade do filme. Ele sumiu por uns minutos e voltou com um refrigerante grande e um pacote de twizzlers. Peguei a bebida pra tomar um gole, mas não tinha canudo.

- você esqueceu o canudo- falei.

Ele abriu o pacote de doce e mordeu as pontas de dois deles. Em seguida, colocou os dois no copo e abriu um sorriso triunfante. Eu tinha me esquecido completamente dos canudos de twizzlers. Ele sempre fazia aquilo.

Tomamos a bebida ao mesmo tempo, como em um comercial de Coca dos anos 1950, nossas testas quase se tocando. Fiquei me perguntando se as pessoas imaginariam que estávamos em um encontro.

Lucas me encarou, sorrindo daquele jeito tão familiar, e de repente um pensamento louco surgiu na minha cabeça: Lucas Rivera quer me beijar.

Era loucura. Era o Lucas!

Ele nunca havia se comportado daquela maneira, e eu só tinha olhos para Pedro, mesmo quando ele ficava mal humorado e distante, como naquele momento. Eu nunca nem considerava a hipótese de ter alguma coisa com Lucas, não quando havia Pedro. E claro que essa possibilidade também não tinha passado pela cabeça dele. Eu era só uma colega. Uma companhia para o cinema, a garota com quem ele dividia o banheiro e compartilhava segredos. Eu não era o tipo de garota que ele beijaria.

***
Respostando esse capítulo, apaguei sem querer 🙄🤦🏻‍♀️😂.
Desculpa gente, votem, por favor ✊🏻🤧🙏🏻

𝐶ℎ𝑜𝑖𝑐𝑒𝑠 Onde histórias criam vida. Descubra agora