Eles estavam sendo levados para uma antiga fábrica, ou o que restava dela, Charlotte estava tentando lembrar o nome porém não conseguia. Uma vozinha em sua mente dizia que Henry e Ray eram responsáveis de alguma maneira pela explosão daquele lugar. Estava sentada longe de Henry, o gelo que constituía a bolha fora criado com outro componente, ele era resistente e fino, o que era o contrário do que deveria ser.
Observando o local para onde os levavam, notou que os restos da fábrica estavam misturados com construções feitas de gelo, era algo que a garota nunca havia visto na vida. À luz da tarde a recente construção brilhava a cada segundo que se aproximavam, assim que chegaram em frente à um portal de gelo, o boneco de neve os colocou no chão. A bolha foi quebrada sem aviso e eles sentiram inúmeros pedacinhos de gelo caírem sobre eles, para piorar agora eles estavam com as roupas úmidas.
- Isso não parece obra só do Minyak. - sussurrou receosa quando começaram a serem escoltados por outros enormes bonecos de gelo, eles eram bem mais rudes e com uma locomoção mais próxima dos humanos.
Atravessaram o portal e Charlotte encarou Henry ao seu lado, percebeu que ele olhava para todos os lados de forma admirada, não se surpreendeu pela reação dele, seu amigo só reconhece o perigo quando ele é esfregando em sua cara.
- Bem Let it go, né?
Mas por aquele comentário ela definitivamente não esperava. Henry abriu um sorriso animado quando eles foram quase jogados dentro de uma cela com mais outras dezenas de pessoas. Era um local frio, cheio de bancos e com paredes de gelo. O Hart se aproximou e tocou tanto nas paredes quanto nas barras da cela de forma entusiasmada, tudo parecia brilhar e a ela sentia como se tivessem sido transportados para outra dimensão.
- Sério? - indagou, após vê-lo esticar a língua para provar o gosto da parede.
Henry não completou o gesto e se encolheu meio envergonhado.
- Vai que não tem gosto de gelo? - se defendeu.
- Vai que é tóxico. - rebateu séria, sentando-se em banco próximo.
Olhou ao redor e viu que todos os outros que estavam ali eram de idades e gêneros diferentes, não via nenhuma lógica para eles estarem ali. Pelo visto Minyak havia prendido qualquer pessoa que atravessasse seu caminho e os encaminhou para ali, mas Charlotte sentia que tinha algo a mais, não via sentido em nada do que o vilão estava fazendo. Henry se aproximou e sentou ao seu lado, suas pernas longas estavam cada uma de um lado do banco, a garota não se afastou quando ele a puxou para perto.
- O que você tanto pensa? - perguntou, apoiando o queixo no ombro dela e falando baixo em seu ouvido.
Charlotte cruzou os braços e ignorou o arrepio que a percorreu quando sentiu a voz dele tão perto.
- Não estou pensando em nada. - respondeu no mesmo tom, olhava para frente, contou quase vinte pessoas com eles e se olhasse para fora da cela veria mais outras na mesma situação.
- Você está franzindo o nariz e mordendo o interior da bochecha, eu te conheço, Charlotte, você só faz isso quando está preocupada. - afirmou, em um tom vitorioso que quase a fez virar o rosto para lança-lo uma careta, mas sabia que se virasse seria o fim da distância pequena que ainda existia entre os dois.
- É que está tudo muito estranho. - admitiu, não fazia sentido em mentir. - Não faço ideia do que ele quer e tenho essa sensação de que parece tudo muito bem elaborado para ser algo planejado só por ele.
- Talvez a enfermeira-
- Não, não. - o interrompeu prontamente. - Ela se cansou dele e está morando em Distopya, parece que lá ela está realmente se dando bem.
- Bom pra ela, não pela cidade, mas por ter se livrado do Minyak. - disse, a fazendo soltar uma pequena risada. - O que foi isso?
- O quê? - perguntou confusa pelo tom surpreso dele.
- Esse som que saiu de você. - respondeu, ainda em uma exagerada surpresa. - Será? Não, não é possível, mas pode ser que tenha sido uma risada? - indagou, abrindo a boca em falsa surpresa e se afastando um pouco quando levou a mão direta ao coração. - Este é um som que há tempos não escuto.
Charlotte revirou os olhos, mas não tirou o sorriso do rosto.
- Não seja tão-
- Incrível? Maravilhoso? Amor da sua vida?
Ela sentiu seu rosto esquentar tanto em vergonha quanto em irritação, até porque o showzinho dele havia atraído alguns olhares. Henry somente riu quando viu que ela estava detestando toda a atenção e passou seus braços pela cintura dela, trouxe Charlotte para mais perto e sussurrou em seu ouvido.
- Desculpa.
- Pelo o quê? - não iria deixá-lo escapar tão fácil.
- Sei que esse não é o melhor momento para termos essa conversa e eu prometo que se você me der uma chance depois de conseguirmos escapar daqui, vou fazer de tudo para você me perdoar.
Seu tom de voz era quase suplicante e Charlotte sabia que ele estava sendo sincero, tantos anos de amizade a fizeram conhecer cada nuance na voz dele, conseguia identificar uma mentira de Henry antes mesmo dele saber que estava mentindo. Somente acenou em resposta e quase desabou em seus braços quando o mesmo a beijou carinhosamente na bochecha, mas todo o momento que estavam tendo foi interrompido quando as grades da cela foram abertas e por elas passaram duas pessoas que nenhum deles esperava encontrar justo ali.
- Isso foi caro, seu imbecil. - a voz dura foi identificada prontamente por Henry.
Assim que o Hart levantou o olhar, encontrou um passado de Kid danger que pelo visto havia retornado a cidade.
- Por que eu voltei?
Mas foi a segunda voz arrastada em arrependimento que o fez sentir o corpo de Charlotte tensionar em seus braços, ao lado da outra garota estava o motivo de toda a confusão em que ele havia metido sua melhor amiga. Não sabia o que iria acontecer, mas esperava que dividir uma cela com Verônica e Bianca não acabasse com o começo da nova chance que Charlotte o havia dado.
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Não vou mentir, essa fic está sendo bem difícil de escrever, mas espero que esse capítulo esteja coerente. Beijos e como diz uma escritora diva daqui, see you.
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Your song
FanfictionPoderia ser somente mais um dos eternos clichês existentes no mundo, dois melhores amigos que descobrem a existência de sentimentos maiores entre si, mas era a história deles e por mais que fosse regada de previsíveis situações, não se tornava menos...