- Bom, chegamos.
Charlotte trancou a moto e parou ao lado de Henry na calçada, estavam em frente ao Swellview News, ao redor deles cidadãos gritavam, corriam e se escondiam dos bonecos enormes de gelo. Henry pegou a mão de Charlotte e a puxou para a entrada do prédio, Bianca e Verônica os seguiram e os quatro permaneceram ocultos pela sombra do local.
- Não vamos entrar? - Verônica indagou, curiosamente sua voz estava um pouco tensa, perceber a destruição que Minyak estava causando na cidade a enfurecia e assustava.
- Estou tentando abrir sem chamar muita atenção. - a Bolton afirmou, de costas para eles e com o laiser derretendo aos poucos a fechadura.
Os outros permaneceram de frente para a rua, davam cobertura e proteção para ela. Nesse meio tempo não ousaram falar entre si e somente observavam o caos que aumentava aos poucos. Carros se encontravam tombados, pessoas se contorciam para fugir dos enormes braços dos bonecos de neve, outros eram capturados no meio de uma fuga. Porém o que mais os assustou foram as figuras humanas que andavam calmamente pela rua, seus olhos possuíam um brilho conhecido e assustador, derrubavam e congelavam quem aparecesse pela frente.
- Ele soltou os protótipos. - Bianca reforçou o óbvio em uma voz assustada.
- Agora vai dar merda.
- Obrigada pelo otimismo, Verônica. - engoliu em seco, levando a mão as costelas que ainda doíam e olhando rapidamente para Charlotte que tentava se apressar ao máximo.
- Disponha, Hart.
Escutaram um voz doce vindo pela direita, observaram uma criança se aproximar com um headphone amarelo e pulando enquanto cantava ao passar por eles, ela somente olhava para frente ignorando a todos.
- So if you're lonely, darling you're glowing/ If you're lonely call me Ron Weasley.
- Ela cantou a última parte errado, eu vou avisar ela. - informou, dando passos confiantes para longe deles.
- Você vai é ficar quietinha bem aqui.- Verônica puxou Bianca pelo braço a fazendo voltar para o seu lugar.
A loira bufou impaciente, mas não se desvencilhou das mãos da outra. Finalmente escutaram uma baixa comemoração de Charlotte e a viram abrir a porta de vidro. A Bolton empurrou todos para dentro e olhou para fora esperando que mais alguém notasse a entrada. Bianca trocou um rápido olhar com Verônica, a outra assentiu à pergunta muda que ela a fazia.
- Vocês dois vão, nós vamos ficar e ajudar quem precisar de abrigo.
- Mas e se os protótipos aparecerem? - Henry perguntou preocupado.
- Nós damos um jeito. - Verônica o tentou tranquilizar com um sorriso, por dentro também estava com muito medo de encontrá-los. - Aliás, essa Barbie até que tem seus truques.
- Vão logo para eu me livrar logo dela. - Bianca pediu, torcendo o nariz para Verônica que havia posto o braço sobre seus ombros.
Charlotte as encarou apreensiva, mas um estrondo vindo do lado de fora e que iluminou a entrada do prédio a fez se decidir. As luzes do saguão piscavam, aparentemente tudo estava abandonado e não poderiam ir de elevador já que a energia estava oscilando. Pegou a mão de Henry na sua e o puxou em direção às escadas, as duas garotas foram para a entrada do prédio, lançou uma rápida olhada para elas a tempo de ver Bianca se armar com os palitos de ferro e abrir um sorriso encorajador para ela.
Henry começou a caminhar mais rápido e juntos começaram a subir os degraus. Iam em silêncio e calmamente, o Hart ainda estava sentindo dor e não sabiam quais perigos poderiam encontrar nos degraus parcialmente escuros. Seriam vinte lances de escada e os dois se encontravam exaustos, mas Charlotte não poderia deixar Henry no saguão sem poder se defender, ali ela poderia lutar pelos dois e sabia que ele sempre encontraria forças para protegê-la.
- Escadas não me trazem boas lembranças. - Henry se encontrava ofegante e se encostou contra a parede fazendo Charlotte parar.
Ela o ajudou a sentar e olhou para os degraus não distinguindo nada acima deles.
- Só que dessa vez você não está correndo para participar de um programa de culinária e sim pra deter um vilão louco. - declarou, o escutando rir antes de abraça-la pela cintura e encostar a testa em seu ombro.
- Desculpa. - pediu em um tom baixo, não vendo quando ela franziu a testa confusa pelo pedido. - Depois de toda essa loucura eu só quero te pedir desculpa de novo por não ter percebido seus sentimentos.
- Você é bem lerdo, eu já devia saber que você não ia notar a menos que eu enfregasse na sua cara.
Charlotte ria enquanto falava, para Henry era mais do que uma oferta para deixar tudo no passado, era a sua chance de não fazê-la sofrer novamente.
- Já estou melhor. - garantiu, aceitando a ajuda dela para se levantar e recomeçando a caminhada em direção ao terraço.
Após vários degraus e pausas exaustivas, os dois finalmente chegaram a porta de saída, por sorte não houve resistência do metal contra o laiser e os dois saíram para a noite gelada de Swellview. O vento no topo do prédio era forte e frio, quanto mais caminhavam para perto da antena mais conseguiam ver ao redor. Henry deixou Charlotte para fazer sua mágica e seguiu para a mureta de proteção do terraço. Apoiou as mãos e olhou para baixo, de onde estava conseguia ver que o caos ainda reinava e por vezes pessoas minúsculas corriam para a entrada do prédio, torcia para que Bianca e Verônica estivessem bem e conseguindo lidar com tudo.
- Estou quase terminando!
O grito de Charlotte veio fraco por conta do vento, mas ele conseguiu entender e sem tirar os olhos da visão abaixo, fez um sinal de positivo pelas costas. Estreitou os olhos como se assim pudesse ver melhor a cena que começara a se desenrolar, do outro lado da rua caminhava um pontinho muito decidido que parou alguns metros longe da entrada do prédio. Henry queria estar incrivelmente enganado, mas infelizmente apostaria e ganharia quando dissesse que aquele pontinho era um protótipo e o pior de todos já que esse estava claramente chamando reforços.
- Hum, Char! - chamou, virando rapidamente o rosto para encontrá-la de joelhos em frente a uma caixa estranha. - Charlotte! Charlotte Paty Bolton! Char-
- Para de me gritar, caramba! - respondeu irritada, o lançando um olhar tão frio quanto o vento.
- Será que tem como se apressar?! Eu acho que as garotas vão precisar de ajuda! - tentou suavizar seu tom de voz, mas era quase impossível enquanto gritava.
Ela o lançou um último olhar que claramente significava "Você realmente está dizendo isso?", e retornou ao seu trabalho. O Hart olhou novamente para baixo e tentou se controlar para não gritar Charlotte novamente quando viu cinco protótipos formarem uma linha em frente a entrada do prédio. Verônica estava certa, iria dar muita merda, mas ainda bem que eles tinham Charlotte ou eles definitivamente estariam ferrados.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Your song
FanfictionPoderia ser somente mais um dos eternos clichês existentes no mundo, dois melhores amigos que descobrem a existência de sentimentos maiores entre si, mas era a história deles e por mais que fosse regada de previsíveis situações, não se tornava menos...