Isabella
A claridade que entrava pela janela, fez com que meus olhos se abrissem.
Mas demorei alguns segundos, pra entender de fato onde eu estava.
O plantão de ontem, acabou comigo. Resmungo, ignorando o alarme do celular, que apita feito um louco na minha cabeça.
- Céus, como eu gostaria de dormir pelo menos umas doze horas direto. Suspiro, desligando o bendito alarme.
Confiro as horas e pulo da cama, correndo para o banheiro.
Me banho rápido e faço minha higiene...
Deixei o celular pra despertar bem em cima do horário, pois eu necessitava de mais uns minutinhos de sono.
Então hoje, não posso me dar ao luxo de tomar um café descente em casa.
Minha salvação é a padaria da Nona, que faz o melhor café de São Paulo.
Manter um emprego e terminar a faculdade, esta acabando com todas as minhas energias...
E para ajudar, hoje troquei o plantão com a Júlia.
Pego a mochila e saio apressada, me arrependo de não ter dormido de uma vez lá no hospital, pelo menos não teria tanto trabalho agora de manhã.
Penso frustada.
Assim que chego na padaria, dona Cecília me recebe com seu caloroso sorriso e já vai logo colocando o meu café no maior copo possível para viagem.
Ela me conhece tão bem, que nem preciso fazer o meu pedido, pois ela sabe exatamente o que vou pedir.
Ela gentilmente coloca também, aquelas broas de fubá enroladas na folha de bananeira que tanto amo.
Agradeço minha pequena de cabelos grisalhos, com um forte abraço e saio para o meu destino.
Nem todas as pessoas, que moram em São Paulo, podem se dar ao luxo de morar próximo ao emprego.
Eu porém, tenho muitos motivos para agradecer, embora meu apartamento seja minúsculo, eu e Lara somos muito felizes nele.
Verifico o horário no celular, estou mega atrasada.
Com a cabeça ainda baixa, sinto algo parar derrepente.
Tudo é tão rápido, que não tenho tempo de segurar o copo quente de café. Em câmera lenta e ao mesmo tempo rápido demais.Vejo o café fumegante, se derramar no terno cinza, deixando instantaneamente uma marca marrom.
Minha roupa branca, e o jaleco pendurado em meu braço, tiveram o mesmo destino.
Grito com a ardência do café em contato com a minha pele.
-Porcaria, isso queima.
Falo assoprando meu colo, na busca de aliviar a dor.Tenho vontade de chorar, quando vejo o estrago que causou em mim, aquela mancha marrom.
- Não por favor, não!
Imploro em pensamento, analisando a mancha.Dou um passo para trás, me desequilibrando. Antes que eu caía no chão, sinto alguém me puxar pela cintura, o toque é tão íntimo e tão forte, que temo estar queimando mais que o café.
Olho para a mão em minha cintura, exatamente como eu imaginava, grande, forte, com veias protuberantes.
Meu olhar sobe, para o rosto.
Perco o ar, por um momento. Nunca vi olhos tão intensos, nesses meus 21 anos.Fico perdida neles, pelo que parece uma eternidade.
Desço meus olhos, por seu rosto. Nariz perfeito, boca carnuda, barba alinhada. Até o pescoço dele é perfeito.
Céus isso é muito injusto!
Um homem desse, deveria ser proibido de existir.
Nem vou falar do cheiro, porque já estou mole nos braços dele.
-Nos braços dele?
Meu cérebro, volta a funcionar e percebo que minhas mãos, estão agarradas ao paletó do desconhecido.
Arregalo os olhos. Que vergonha, meu pai, que vergonha!
Saio daquela situação, tão rápido quanto entrei.
O desconhecido, me encara tão profundamente, que sinto o chão se abrir em meus pés.
O calor que eu estava sentindo, em seus braços. Dá lugar a uma frieza que me causa arrepios.
Meu coração está acelerado, meu corpo reage de um jeito estranho, como se necessita-se do toque desse homem.
- O que você esta pensando, Isabella? - Ficou doida?
Minha consciência reclama.-Deve ser o sono!
Digo para mim, mas o desconhecido parece entender.Ele range os dentes, olho para ele novamente...
Seus olhos, estão diferentes dessa vez...
O maxilar trincado, confirma minhas suspeitas.
-Alguém me ajuda? Penso em correr, mas não sou tão covarde.
-Afinal, foi ele quem parou do nada, na minha frente!
Não tenho nada a temer, repito o mantra em minha cabeça...

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Alexander Cooper
ChickLitAlexander Cooper é um Juiz implacável. Não teme nada e ninguém! Acostumado a ter tudo o quer. Entra em conflito após a morte de seu pai e o último desejo do magnata. Ele não se dará por vencido até possuir o que deseja! Isabella Gusmão é uma determ...