Quando o amor acontece

Capítulo 38

                                                                                   Diogo Fontes 

 - O que você está fazendo aqui Bruno? Sai agora.! - digo alterado, achei que nunca mais veria a cara desse infeliz. 

 - Calma Diogo, preciso conversar com você e com o Carlos, tudo que ouviram foi a versão da Melissa, necessito de me explicar com vocês. 

 - Vamos  ver, você precisa me fazer acreditar que a culpa foi da Melissa? Que todos esses anos ela te chantageou? Que se fez de meu amigo e confidente por que ela te obrigou?

- Talvez você não queira me ouvir Diogo e te entendo, mas o Carlos tem esse direito. - olho para meu filho e meu peito aperta, será mesmo que Bruno é  o pai dele? 

 -Olha Bruno de boa, não quero ouvir nada que venha de você. Tu enganou meu pai, pagou de melhor amigo e comendo minha mãe, apenas vai  se  fuder. 

 - Carlos eu sinto muito, quero te dizer que  se precisar de alguma coisa estou ...

 - Você só pode tá de zueira  né. Nunca precisei de você para nada, como meu pai estava dizendo antes de você chegar, foi ele que esteve presente em todos momentos da minha vida, agora não seria diferente. Agora se você consegui mudar o passado e impedir minha mãe dessa loucura toda aí sim irei precisar de você. 

 - Sinto não poder fazer isso, mas ao menos tudo terminou bem. - meu sangue ferve ao ouvi-lo. Como fui tão engando todo esse tempo? Imagino quantas vezes ele riram pela minhas costas.

 - Tudo terminou muito bem Bruno, minha mulher está  esperando a cabeça desinchar para poder acordar, quase perco meus dois filhos e as três pessoas que amo, mas é claro tudo acabou super bem.

 - Me perdoa Diogo eu não queria  que isso tivesse acontecido, ela disse que ninguém iria se machucar.

 - Não posso te perdoar, ou te desculpar, se você não tivesse desligado meu celular, talvez nada disso teria acontecido. 

 - Você  ajudou elas? Como eu agradeço por você não ser meu pai. - as palavras de Carlos, contém tanta dor e fúria que  lhe atinge de uma vez, ele vai embora sem mais uma palavra. Meu filho começa a chorar e abraço forte pois se não vou desmoronar também.

 - Por que isso foi acontecer pai, por que droga, eu quero levantar dessa cama e socar a cara do Bruno, e curti minhas festas, pegar mulher pra caralho. Porra será que meu pau vai subir? Desculpa vó. 

 - Há querido, não se preocupe com essas coisas agora,sua atenção deve se voltar para fisioterapia e aprender uma nova forma de viver e aproveitar os prazeres da vida. - agradeço mamãe com o olhar, o que seria de mim sem ela? Chamo o médico  e ele nos explica que o Carlos terá alta daqui uns dias se tudo continuar correndo bem, porem ele vai precisa de uma equipe médica de apoio, enfermeiros, fisioterapeuta e um neurologista.  Mamãe diz que podemos ficar com ela, pois não quero voltar para aquele apartamento. Dona Iolanda vai para casa  descansar já que virou a noite aqui, fora que preciso que ela contrate ajuda e organize tudo para alta deles, não tenho cabeça para isso, permaneço com Carlos até ele dormi. 

 - Oi amor, em breve você vai acorda, não vejo a hora de ver eu sorriso, te abraçar, dormi do seu lado. acho que vou alugar um quarto para mim aqui. - digo para Mariana, que permanece em coma, acaricio seu rosto e seu cabelo, beijo meu filho em sua barriga  e é nesse momento que me sinto grato, mesmo nessa situação, meus filhos e minha mulher estão vivos. Meu estomago ronca e lembro que estou a mais de vinte quatro horas sem comer, beijo minha mulher e vou atrás de um lugar para comer.A uma lanchonete do lado de fora do hospital, compro um sanduíche com suco e volto o mais rápido possível. Meu coração dispara por ter saído de perto deles, acho que no final das contas todos nós vamos precisar de psicólogo. Caminho para dentro do hospital, e vejo Ana me esperando na portaria. 

  -Ana, não sabia que vinha agora cedo.

 - Olá Diogo, como eles estão? 

 - Bruno vai ficar paraplégico e Mariana ainda em coma, porem o inchaço já diminuiu bastante.

 - O Diogo eu sinto tanto. Infelizmente não posso fazer nada nesse caso, mas o pessoal da funerária me ligou e..

 - Nossa Ana esqueci completamente disso. - confesso que não sei se esqueci ou se não quis lembrar.

 - Não se preocupe, eu entendo e se você quiser posso cuidar disso para você. 

- Sim por favor, confesso que não tenho cabeça para isso, ainda nem dormi desde o ocorrido.  

- Não se preocupe, farei isso. Olha aqui está toda informação que te falei sobre o pai de Mariana  e tudo que ela herdou de Vanessa. Não vou voltar mais aqui Diogo, não tenho forças. Obrigada por cuidar tão bem dela e desculpa por não consegui fazer mais. - Ana saia sem esperar resposta e me deixa com uma pasta grossa. Todo segredo de Vanessa está aqui em minhas mãos. Vou até o quarto de Carlos e guardo dentro da bolsa com as coisas dele. Sento na cadeira e me permito chorar, chorar pela morte de Melissa , pela vida do meu filho, por Mariana, pela minha amizade com Bruno, queria tanto poder ligar para ele e dizer tudo que tá acontecendo,  choro tão alto que me surpreendo por Carlos não acorda. Queria estar no lugar do meu filho e no de Mariana,porem aqui  estou sem poder fazer nada além de esperar e tentar ser forte.

 - Senhor Diogo, sinto incomoda-lo, mas o doutor Marcos pediu para chama-lo, vamos tirar sua esposa do coma. - enxugo meu rosto e acompanho a enfermeira até a UTI. 

 - Já pode tirar? E o inchaço? - pergunto preocupado.

 - Então Diogo, o inchaço diminuiu bastante e precisamos saber o quanto antes se teve algum dano maior, e para isso precisamos dela acordada. Ele começa todo o processo  e fico em alerta máximo quando ela abre os olhos, meu coração falha uma batida ao ouvir sua voz mesmo rouca respondendo ao médico.

 - Oi amor,  estou aqui. - ela parece confusa, e vejo claramente em seus olhos o momento que ela se lembra do que aconteceu.

 - Cadê o Carlos  e o meu bebê? - olho para minha mulher ali, um pouco pálida e confusa e agradeço por ela ser a mulher que escolhi para minha vida. Sei que vai ser difícil e que talvez as notícias possam abala-la, porem estarei aqui por ela.