Carlos Fontes
Meus olhos estão pesados e minha garganta está horrível,parece que estou no hospital, minha cabeça tá confusa. Tem um monte de gente e perguntando varias coisas ao mesmo tempo e mal consigo abrir os olhos imagina responder alguma coisa.
-Você lembra do seu nome? está sentindo alguma dor ou outra coisa?
- Estou com sede, me chamo Carlos. - digo com enorme dificuldade, o médico me da um sorriso simpático e anota algo num papel.
- Vou te dar um pouco de água. Se quiserem podem se aproximar. - ele encaixa um canudo na minha boca, sorvo um pouco de água, porem minha garganta dói e desisto de beber mais. Vejo duas pessoas se aproximando e então tudo volta na minha mente assim que olho para o meu pai.
- Pai cadê a Mariana? O que aconteceu pai? - ele não me responde porem me abraça forte, as cenas vem com tudo na minha mente.Vanessa armada, a briga dela com a minha mãe e a dor insuportável que senti antes de cair com tudo.
- Vou deixa-lo a sós para conversarem. O quanto antes ele saber melhor para começarmos o tratamento .-o médico saia, junto com os outros.
- Sinto muito meu filho, sinto tanto. A Mariana está se recuperando, e você também.
- O meu querido, fiquei tão assustada,com a graça de Deus você acordou né. - sorrio para minha vó e um alívio me invade por saber que Mariana está bem, porem e o bebê?
- Pai ela perdeu o bebê?
- Não meu querido, aquele neném é um Fontes, ele lutou muito e está quietinho no forninho.
- Que bom saber disso. Quando vou ter alta pai? E a mamãe ela foi presa né?
- Filho nós precisamos conversar, é algo muito importante -meu pai parece arrasado e já fico em alerta, o que pode ter acontecido? Tento me ajeitar na cama mas anestesia ainda tá fazendo efeito pois não consigo movimentar minhas pernas. Por que será que tomei anestesia?
- Pai me ajuda a sentar, não consigo movimentar, deve ser a anestesia né? Me fala por que me deram essa merda.- minha vó troca um olhar de pena com meu pai, que porra tá acontecendo?
- Claro meu filho, ajudo sim. - meu pai envolve meu corpo e me puxa para cima, que estranho meus braços estão funcionando, o efeito deve passar aos poucos né.
-Carlos, você se lembra do que aconteceu?- meu pai senta na beirada da cama de frente para mim e minha vó se mantem em pé ao meu lado, segurando minha mão.
- Sim, minha mãe e Vanessa estavam planejando sequestrar a Mariana, não sei á quanto tempo, só descobrir há três dias,fiquei confuso sobre o que fazer pai, estava com raiva por causa da nossa última briga e achei que era apenas loucura das duas, porem quando vi que era serio corri para te avisar, não te encontrei em lugar nenhum, então fui ao seu apartamento. Por que estou no hospital?Lembro de sentir uma dor e desabar em cima da Mariana.
- Vou ser bem direto meu filho, pois não tem outra forma de te falar isso Saiba que isso está doendo muito em mim. Você tomou um tiro e lesionou a sexta vértebra.
- Tá maluco pai? Como assim? O que isso quer dizer. - ele respira fundo antes de responder, minha vó aperta mais minha mão e começa a repetir sem para que vai ficar tudo bem.
- Não sei como você tomou esse tiro, quando cheguei lá sua mãe estava no chão ao seu lado chorando muito, e Vanessa estava com a arma na mão.
- Mais que porra!Eu tomei um tiro nas costas e por isso caí em cima da Mariana.
- Isso mesmo filho. Esse tiro que lesiono sua coluna e ...
- Eu tô aleijado né pai? É por isso que não sinto minha perna ?
- Sim meu filho. - não consigo descrever o que estou sentindo agora, apenas lembranças das minhas festas, meus amigos me invadem, e sem que eu perceba as lágrimas veem. Como isso foi acontecer comigo? O que vou fazer agora?
- Vocês tem certeza que não dá para reverter essa merda? Minha vida acabou porra! Eu quero falar com a mamãe isso tudo é culpa dela pai, ela tinha que ter levado um tiro não eu.- o desespero toma conta de mim, tento levantar da cama e nada, minhas pernas não reagem, puxo o lençol para ter certeza que elas estão ali, bato e belisco e não sinto nada.
- Filho para isso não vai te levar a lugar nenhum. Me esculta..
- Não pai, eu quero ser normal que droga isso não podia ter acontecido, não comigo.
- Carlos você é normal porra! Não vai ser uma lesão na coluna que vai te impedir de ser você. Meu filho o homem que arriscou a própria vida para salvar outra, e conseguiu. A gente vai fazer de tudo, pagar os melhores médicos para termos os melhores resultados. - meu pai segura meu rosto com as mãos enquanto fala e seu olhar me transmite tanta confiança que tento me acalmar.
- Isso mesmo querido, vamos lutar juntos para vencer essa batalha. - Minha vó me dá um sorriso triste e respiro fundo, sei que o prejudicado aqui sou eu , porem imagino a força que esses dois não estão fazendo para me passar tranquilidade.
- Quando vou poder ter começar o tratamento e a mamãe aonde está? - não pense que estou preocupado com ela, não mesmo se foi presa ela procurou isso, porem algo que ela falou na hora da confusão não para de martelar na minha mente. Será mesmo que não sou filho do meu pai?
-Filho eu sinto muito em ter que te dizer esse monte de coisa agora, mas não tem outro jeito de falar, sua mãe e Vanessa estão mortas.
- Como ... como assim pai? Vó isso é mentira né como isso e..
- Carlos respira ou eles vem te sedar. Sua mãe matou Vanessa e depois tirou a própria vida. - puta que pariu. Como isso foi acontecer? A minha mãe já fez muita coisa errada , agora matar alguém, tirar a própria vida?
- Por que ela fez isso pai?
- Não sei Carlos, acho que foi uma mistura de sentimentos, ela achou que você estava morto, a culpa por ter armado toda situação, o medo de ter que pagar por aquilo,realmente não sei. Não consegui fazer nada, imobilizei Vanessa e a arma caiu, então sua mãe a pegou e o resto você já sabe. - olho para meu pai, minha vó, sei que preciso falar o que sei, meu pai não merece mais ser enganado. Minha mãe fez tudo que quis com ele, mentiu , traiu e mesmo agora á culpa em seu olhar por não ter conseguido impedi-la de fazer que fez.
- Pai eu sinto muito porem eu posso não ser seu filho. - meu pai sorri e estranho sua reação.
- É claro que você é meu filho, independente do sangue que corre em suas veias, você sempre será meu filho. Eu te peguei no colo pela primeira vez, ensinei a andar de bicicleta, dei comida, troquei fralda, fui chamado na escola, te pus de castigo e te dei muitas palmadas. Agora me fala quem mais seria seu pai meu filho?
- Eu Diogo e sinto muito por tudo isso.- Nós três viramos para porta só para encontramos Bruno ali parado. Que porra. Como isso pode ficar pior?
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Quando o amor acontece
RomansaUm homem marcado pelo fim do seu casamento ,uma garota cansada de idiotas . O destino nunca me pareceu tão perfeito. Venha se envolver e emociona com Diogo e Mariana