Capítulo 40

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                                                                                     Mariana 

     Vários sentimentos me invadem parada aqui em frente ao meu pai, meu Deus eu tenho um pai! E sou  a cara dele, é isso mesmo. Ele tem o cabelo crespo e cacheado como o meu, o rosto arredondado e o sorriso, largo fora a cor da pele né. Queria entender essa fissura de Vanessa pela cor negra. Na verdade queria entender o por que ela fez isso.

 - E Então vão querer o que ? - sua  voz é grossa e um pouco rouca, bem diferente da minha, fora a altura, ele dá dois de mim tranquilamente. Seu semblante se fecha para mim e percebo que estou encarado, não só eu, toda minha família está. Porem ele não parece surpreso por estarmos lhe encarando e sim com raiva.

 - Desculpe, você é .. quero dizer é que..

- Vamos querer quatro pasteis de frango com queijo por favor. - Diogo segura a minha mão e toma frente da situação já que pareço uma vitrola quebrada. 

 -Certo, vão levar ou comer aqui? - ele pergunta para Diogo porem seu olhar não sai do meu rosto, sera que ele reparou na nossa semelhança? 

- Levar por favor. - Diogo responde de novo já que esqueci como se faz isso. Dona Iolanda e Carlos apenas observam nossa interação estranha.

 - Olha é , eu gostaria  droga. Você é o Mateus Freitas? - ele  não me responde, continua a fritar o pastel, os embrulha e quando vira para nos entregar, tenho certeza que ele sabe quem sou.

 -Sou e já vou logo avisando que não quero saber de nada dessa história. - seu tom é firme e agressivo o que  me deixa um pouco assustada.

- Na verdade senhor Mateus, viemos aqui para conversa . Sei que está trabalhando porem se pudermos marca um horário. - Diogo tenta argumentar.

 - Não quero marca horário e muito menos conversar com vocês. - não acredito que ele disse isso. Como assim?

 - Então você já sabe  que sou sua filha? Quem te contou sobre isso? E por que ... - não consigo terminar de falar, um bolo se forma na minha garganta.

 - Amor você não pode passar estresse vamos embora , é melhor.-  meu possível pai olha para minha barriga e quando volta a falar seu tom é firme, porem menos agressivo.

 - Olha sinto muito! Uma mulher loira teve aqui a um tempo atrás e me contou tudo sobre você e a sua mãe, não sabia da sua existência e quero que continue assim. Não sei o que você esperava   vindo até aqui, mas posso te dizer que não quero você ou nada dela na minha vida. Como eu disse para moça loira, sou sozinho no mundo e assim que quero ficar, agora se me dão licença. - suas palavras me deixam em choque. 

 - Então vai ser assim? Não tive culpa do que ela fez, e .... - digo trêmula sem nem consegui terminar a frase.

- Sei que não teve, só não quero ter contato com você , apenas isso. - ele diz olhando nos meus olhos, e toda esperança que nem sabia que tinha vai embora. Seguro firme para não chorar.

- Vamos embora Mariana. Quanto é os pasteis? - Carlos e Diogo olham para ele de cara fechada, dona Iolanda me abraça.

- Por conta da casa, só saiam daqui por favor. - Diogo deixa uma nota lá mesmo assim. Entramos calados, do mesmo jeito que chegamos, porem toda euforia e medo foram substituídos por dor, mágoa, e um sentimento de rejeição tão grande, nunca senti algo assim antes. 

   Assim que chegamos em casa vou direto para o meu quarto, tomo um banho. Quando saio Diogo está na cama me esperando.

 - Vamos conversar sobre o que aconteceu? 

 - Não sei, ainda estou pensando. Talvez  ele esteja certo em não me querer perto dele, ou sei lá. Só que foi tão estranho ouvir aquilo dele. E o pior é que nem sei por que me senti tão rejeitada.

 - Vem senta aqui comigo. Você criou expectativas meu amor, todos nós criamos, seja ela boa ou ruim, infelizmente a sua foi boa, já a realdade foi outra e isso é norma. Você perdeu sua mãe, descobriu coisas terríveis e achou que achar seu pai fosse trazer algo de bom para sua vida. -  Olho para o amor da minha vida e percebo que ele tem razão. Criei uma expectativa sobre alguém que nunca vi na vida. Abraço Diogo  bem forte, o que seria de mim sem ele.

 - Amor, tem  algo que preciso fazer, não entendo muito bem mas pelo jeito recebi uma boa quantia em dinheiro, fora as propriedades que nem sabia que existia, quero doar um valor em  e uma dessas casas, para ele. Como um indenização por tudo que Vanessa fez. 

 - Você tem certeza sobre isso? 

- Tenho amor, sei que dinheiro nenhum vai pagar os anos  em que ele passou preso injustamente,porem pode ser que o ajude a  recomeçar, investir mais na sua barraca de pastel ou até mesmo montar um bar sei lá. Preciso fazer isso, encerrar de uma vez por toda essa  historia. Quem sabe um dia ele mude de ideia. 

 - Então vamos fazer isso. Amanhã mesmo vou levar os papeis para um advogado analisar tudo.- me aconchego mais nele e ficamos assim, abraçados na cama. Desde que acordei naquele hospital Diogo tem sido meu porto seguro, minha base. Esse tempo não tem sido fácil, foram tantas coisas.Sara chegou a me visitar algumas vezes porem nossa amizade nunca mais será a mesma. Na verdade ninguém mais sera o mesmo depois de tudo que aconteceu. Carlos ficou paraplégico e está  lutando para melhorar sua situação. Confesso que me surpreendi  com a sua reação, esperava que ele fosse  ficar revoltado e agressivo, porem ele está tirando o melhor dessa situação. Dona Iolanda nunca mais reclamou de estar sozinha, agora estamos todos juntos e lhe dando muito carinho. Diogo foi o que mais sofreu calado, nos dando suporte, sendo a base  dessa família, não sei como ele conseguiu  em meio a tanto caos ,ser uma pessoa melhor do que já era. E eu bem o que posso dizer, amadureci dez anos em dois meses, tento todos os dias não me sentir culpada por tudo que aconteceu, e ainda estou me preparando para chegada do meu bebê.  Mas apesar de todos os problemas me sinto forte , pois tenho quem mais amo ao meu lado. 

 - Amor, eu te amo. Quer casar comigo? 

Quando o amor aconteceOnde histórias criam vida. Descubra agora