O convite chegou a casa de Roger no começo de fevereiro, e com ele uma grande pergunta, começou estranho por se tratar de uma carta, meio de comunicação que havia se tornado praticamente obsoleto, ele nem mesmo lembrava como era a aparência de uma até por os olhos nela.
- Abre logo - Disse o irmãozinho mais novo dele que estava dando pulinhos de curiosidade.
Roger abriu devagar como quem estava lidando com uma bomba, ao tirar o papel envelhecido de dentro do envelope, analisou o conteúdo, era escrito a mão, o que também era estranho, algumas pessoas escreviam mas não era mais prioridade hoje em dia com tantas tecnologias avançadas de comunicação, era uma letra bonita e bem desenhada.
Espero ter o prazer da sua companhia na Grande ópera pública, no dia 24 de fevereiro, às dezenove horas.
Não havia assinatura, nenhuma pista que indicasse o dono daquilo.
- Ópera? Sério? Isso só pode ser uma brincadeira.
- Deve ser da escola - Sugeriu o pequeno a sua frente. Roger negou.
- Com certeza não, eles não mandam avisos assim. Deve ser algum idiota fazendo uma brincadeira estúpida.
- Talvez esse idiota esteja tentando te chamar pra sair - Seu irmãozinho disse sugestivo.
- Isso não acontece comigo.
- Mentiroso.
- Mãe! - Roger gritou para a mulher na cozinha - Alguém me mandou um convite pra ópera, deve ser idiota ou maluco.
- Ou está tentando te impressionar.
Roger largou a carta no chão junto com o ingresso suspirando entediado mas com uma curiosidade absurda que não assumiria pra ninguém.
- Eu não vou - Gritou do seu quarto, sabendo que provavelmente iria.
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A ópera pública era um dos lugares menos movimentados, poucas pessoas se interessavam em ir prestigiar os espetáculos, era tudo muito ligado a era da mortalidade, ingressos impressos, cartazes de papel, quase uma viagem ao passado. Roger estava dez minutos atrasado, passou muito tempo pensando no que as pessoas vestiam nesses lugares, e acabou colocando um moletom claro e uma calça preta justa.
Na entrada não tinha fila o que não foi surpresa, ele entregou o ingresso e a mulher logo o devolveu.
- Não é aqui - Disse ela, claro que aquilo era uma brincadeira, o ingresso provavelmente era falso - Esse é o camarim vip, a entrada é a direita - Roger ficou surpreso e entrou andando um pouco rápido, estava ansioso para descobrir o que era tudo aquilo, e quem era essa pessoa afinal.
Chegando lá havia três lugares, um deles estava ocupado por um rapaz de cabelos volumosos que parecia gostar da peça, ele se vestia bem o que fez Roger se sentir um pouco deslocado com a roupa que havia escolhido, foi se aproximando aos poucos até sentar ao seu lado, atraindo a atenção dele.
- Obrigado - Disse Taylor um pouco baixo.
- Pelo quê? - Indagou o estranho.
- Por ter me convidado, não gosto muito de ópera mas pelo menos me tirou de uma noite muito chata, a gente se conhece? Porque eu não lembro de você, por que está rindo?
O garoto tirou do bolso uma carta idêntica a que Roger havia recebido.
- Achei que era você o dono disso, mas pelo visto alguém quis brincar com a nossa cara. Aliás também não te conheço, me chamo Brian - Disse estendendo a mão para um aperto.
- Prazer em conhece-lo, Roger, mas quem pagaria um camarote vip pra nós dois, isso não faz sentido.
- Talvez alguém que esteja entediando como nós, pelo menos me deu dez segundos de ilusão de que alguém bonito tinha me chamado pra sair - Roger corou um pouco pelo elogio indireto e agradeceu pelo ambiente pouco iluminado.
- Boa noite - Um ceifador entrou sentando na cadeira ao lado - Desculpem meu atraso - Os jovens se assustaram mas a surpresa maior foi conhecer quem era o ceifador.
- Honorável ceifador Freddie? - Roger perguntou ainda espantado.
- Olá senhor Taylor, é bom encontra-lo de novo senhor May.
- Vocês se conhecem? - Indagou o loiro.
- Ele coletou na minha escola há alguns meses, eu estava presente na hora.
- Espero que tenham gostado do lugar, ganhei da dona do teatro esses convites, as pessoas realmente pensam que se me bajular vou poupar suas vidas.
- É o que todo mundo quer acreditar - Completou Brian.
- Veio nos coletar? - Perguntou Roger.
- Claro que não, na verdade vim fazer bem o oposto disso, eu tenho uma proposta valiosa, para os dois, mas antes vamos assistir a peça.
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O aprendiz de ceifador •|
Bilim Kurgu"Todo ano os ceifadores tem direito de adotar um aprendiz, a quem devem passar todo o ofício do sagrado serviço e com ele a dura e respeitada tarefa de manter a ordem, uma tarefa que tem se tornado difícil com o passar dos anos." - Baseada na trilog...