Capítulo 16

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~Quarta-Feira~

–Algum de vocês já ouviu falar sobre a Epidemia de Dança de 1518?

Um silêncio se instaurou pela sala mais uma vez. Era assim sempre que a professora Gabrielle perguntava qualquer coisa para nós. Seus olhos vasculhavam a sala procurando alguém que soubesse responder, mas todos apenas franziam os cenhos sem entender se tinham realmente ouvido certo.

–Okay, então. Vamos lá! –Ela diz ajeitando os fios vermelhos atrás da orelha. –Na França, país dos nossos Seres Fundadores, houve literalmente uma epidemia de dança. As pessoas começavam a dançar do nada e não paravam mais. Algumas chegaram a morrer de exaustão, ataques cardíacos, derrames e etc.

–Isso não é possível, professora. –Diz um dos alunos. –Quer dizer, não eram convulsões ou movimentos involuntários?

–Involuntários eles eram. Porém, os médicos da época examinaram essas pessoas e viram que de fato era uma dança e não um movimento desordenado.

–Impossível! –Diz outro aluno.

–Impossível para os mundanos que, até hoje, não sabem o que aconteceu naqueles 4 meses. Na época, os médicos, disseram que era "sangue quente" e hoje dizem que foi apenas um surto de histeria coletiva. –Explica a professora com um riso. –A verdade é que tudo começou graças a uma mulher. Uma mulher que parou no meio de uma das ruas de Estrasburgo e começou a dançar do nada. O que, no fim de um mês, fez 400 pessoas dançarem sem parar.

–Ela era sobrenatural, não era? –Pergunta Angel.

Gabrielle se vira para ela com um olhar de quem gosta do que ouve. Então diz:

–Sim. Claro que era. Mas, aquela mulher não era uma sobrenatural qualquer. Ela era ninguém mais, ninguém menos que Frau Toffea.

Um burburinho começa na sala e eu, como sempre, não entendo nada do que está se passando ali.

–O que houve? –Pergunto, mas antes que minhas amigas me respondam, Gabrielle retoma a atenção da classe.

–Frau Toffea foi a suprema das bruxas naquela época. Inclusive, puxando o assunto de nossa próxima aula, foi ela que desviou a rota das bruxas para longe de Salém. Ela tinha o dom da premonição do clã. Diferente de alguns outros supremos, Frau Toffea só conseguia ver o futuro de seu clã, mais nada além.

–Mas, professora, as Bruxas de Salém foram mortas... –Digo.

–As bruxas de Salém nunca existiram, Alex. O coven das bruxas, que estava na França, resolveu partir tempos depois da visão de Frau sobre a inquisição na França, por parte da Igreja Católica, que traria o extermínio do coven. Elas se mudaram para longe, mais especificamente para Salém. E, quando Frau teve mais uma premonição e, a última de sua vida, elas se mudaram de Salém para Nova Orleans, onde há a maior escola de bruxas até hoje.

–Professora? Por que elas não foram pra Superno?

–Superno ainda não existia na época. –Explica Gabrielle. –As bruxas sempre foram muito bem organizadas e preparadas. Por isso muitas optam por estudar em escolas voltadas para os covens, do que vir para Superno com outros seres sobrenaturais. Como eu disse, as Bruxas de Salém não existiram porque as bruxas não estavam em Salém mais. Foi apenas um monte de mulheres mundanas inocentes que sofreram o mal do homem. Uma bruxa de verdade jamais seria pega por humanos.

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