Capitulo 56 - We are together

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Continuei sentada no sofá e percebi que
meu pai foi até a cozinha me olhando
estranhamente, como se desconfiasse de algo.
- Tudo bem? - Perguntei.
- Tudo ótimo. - Ele disse e eu fui até a
cozinha novamente. - Tirando o fato de que você
estava falando com ele. - Meu pai me olhou
friamente e eu estremeci.
- Ele quem? - Tentei me fazer de boba.
- Você sabe, Gabriela. Não se faça, não
minta. - Sua voz era firme. - Sabe, você disse
que tinha medo que eu restringirse sua liberdade
e eu estou prestes à fazer isso, estou vendo que
não posso confiar em você. - Ele bateu a porta
da geladeira com força.
- Você é exagerado demais. - Abri o jogo.
- Vicente não vai me fazer nenhum mal.
- Você que acha, não quero que minha
filha acabe sofrendo por causa de um gangster
de meia-tigela.
- Não fala assim dele. - Quase gritei. -
Você acha que foi quem que pagou aquela droga
de hospital? Porque do seu bolso não saiu nada e
o senhor ficou bem quietinho. - Falei brava e meu
pai ficou pensativo.
- Não me diga que...
- Sim, eu te digo, pai. Vicente pagou tudo,
ele se preocupou comigo.
- É só uma maneira de te comprar minha
filha. - Não acredito que eu ouvi aquilo. - Vou
devolver todo o dinheiro para ele, vou mandar
Eugênia perguntar quanto que foi o custo. - Ele
disse. - Mas quanto à vocês dois, mantenham
distância um do outro, ou você sabe, eu te
mando para o Paraná.
- Você fala isso numa naturalidade, como
se eu fosse algo sem importância, o qual você
pode embrulhar e mandar para outro lugar. Não
caia no meu conceito, pai. Só isso que eu te
peço. - Saí dali apoiando meu corpo nas muletas,
demorei para chegar em meu quarto, mas o
importante foi que eu consegui.

[...]

- Olaaaaa amiga linda. - Mi
praticamente cantou. - Como você está com a
patinha quebrada e não pode dirigir e também
ficou sem carro, mas não quero ficar pisando nos
seus sentimentos, eu vim te buscar. - Ela abriu
os braços super feliz e o nervosismo me
percorreu.
- Mi, amiga. - Sorri para ela. - não quero
sofrer outro acidente de carro.
- Af, você colocou na cabeça que eu não
dirijo bem.
- Ok, vamos Mi. - Falei saindo de casa e
fechando a porta.
- Coloque suas muletas aqui. - Ela disse
pedindo para que eu as colocasse no banco de
trás. - Prontinho. Entrei no carro com uma
dificuldade mínima.
Resolvi contar tudo para Mi, ela pensava
em tudo como se calculasse cada coisa que iria
me falar.
- Namore escondida. - Sim, ela me deu
esse conselho inteligentíssimo.
- Eu já pensei nisso, isso não é o
problema, eu tenho medo que meu pai descubra e
me afaste de Vicente.
- Nunca vi um namoro com tantos
obstáculos, puta que pariu. - Mi revirou os
olhos. - Mas você sabe, não tem outro conselho
bom, à não ser...
- Não vou me separar dele, eu o amo pra
caralho. Vou voltar para ele hoje mesmo. - Falei
decidida. - Só vou pedir para que tenhamos
cuidado. Meu pai soube que Vicente trabalhava na
escola, mas ele soube também que ele havia
saído, acho que ele não faz ideia que Vicente
voltou, porque se fizesse, era capaz de me tirar
da escola e sim, logo agora que estamos perto da
formatura... Sem contar que ele...
- Quer te mandar para o Paraná? - Assenti
triste.
Entramos na escola e eu olhava para
todos os lados como se estivesse procurando
algo, mas na verdade eu estava procurando
alguém. Eu ando por aqueles corredores
nervosamente com Mi ao meu lado, eu
precisava ir até meu armário para pegar dois
livros, um de história e outro de biologia.
Avistamos Ben que vinha até nós todo sorridente,
nos cumprimentou e logo seguimos juntos.
- Fiquei sabendo do seu acidente, Mi me
disse. - Ben disse olhando para mim. - Pensei
que você ia ser mais cuidadosa e ficar em casa. -
Ele meio que me repreendeu, bom, eu estava com
atestado de uma semana em casa por causa do
acidente, mas eu briguei com meu pai para que
eu pudesse ir para a escola, porque eu queria
estudar, claro. Não tem nada a ver com o fato
que era o lugar mais seguro onde eu poderia falar
com Vicente, absolutamente nada a ver.
- Eu não queria ficar em casa, eu nem
estou mais sentindo tanta dor, o único problema
é que essas escadarias enormes não combinam
com minha perna quebrada. - Falei. - Mas graças
à Deus, tem um elevador nessa escola que serve
para alunos com problemas físicos, tipo aquele
aluno de uma turma do primeiro ano que anda de
cadeira de rodas.
- Aquele que uma vez passou por você e
apertou sua bunda?. - Ela lembrou.
- Quem apertou sua bunda? - Uma quarta
voz falou atrás de mim e eu me virei lentamente,
meu coração disparou. Vicente me olhava com
uma cara interrogativa. - E aí, vai me responder?
- Ben e Mi se entreolharam.
- Calma, Vicente. –Mi revirou os olhos, eu
estava intacta, praticamente vidrada nos lábios
de Vicente, era incrível como ele me deixava boba.
- Só estávamos relembrando algo que aconteceu
ano passado.
- Não aconteceu nada demais, Vicente. -
Consegui dizer algo.
- É, pegou o ônibus lotado e ainda quis
sentar na janelinha. - Mi metaforizou e Vicente a
fuzilou com os olhos.
- Esse cara já sabe da gente, não sabe? -
Vicente perguntou em relação à Ben.
- Sim. - Disse simples.
- Quero falar com você depois. - Ele disse.
- Tem como você sair comigo depois da sua
aula?
- Acho que sim. - Sorri e em seguida
bateu o sinal. Ele chegou mais perto com cuidado
e sussurrou um ''eu te amo'' que fez meu corpo
inteiro estremecer, em seguida ele deu as costas
e saiu.
- Garoto chato. - Mi disse. - Por que
você não fica com Ryan? Ele é legal. - Ela dizia
enquanto íamos em direção ao elevador.
- Esse cara é sinistro. - Ben falou. - Me
dá medo.
- Inofensivo. - Falei.
- Tudo, menos inofensivo. - Mi me
corrigiu.
- Concordo com Mi, ele parece ser do
tipo que te mata com um simples olhar. - Ben
disse e riu.
- E sinceramente, isso me excita pra
caralho. - Falei.
- Hm... Acho que alguém não teve um
bom final de semana. - Jennifer disse e riu
enquanto eu entrava apoiada em minhas muletas,
a sala inteira me observava.
- O que aconteceu, Gabriela? - O professor
de história quis saber.
- Acidente de carro. - Disse simples e fui
para a minha classe.
- Bem feito. - Jennifer disse baixo
achando que eu não havia ouvido.
- Como é que é? - Falei.
- Ué, você quebrou meu braço uma vez,
lembra?
- Mas você é uma vadia, você merece. -
Falei e sentei antes que aquelas muletas fossem
parar em lugar errado.
Era incrível como as aulas demoravam
para acabar, eu estava ansiosa para falar com
Vicente, eu precisava ficar à sós com ele, mas
quanto mais forte é a ansiedade, mais divagar o
tempo passa. Eu não fiz exatamente nada do que
o professos solicitou, minha mente voava longe.
- Senhor. - Vicente entrou na sala, era
estranho ver ele daquele jeito todo formal. Olhei
para o lado e os cus alheios já estava piscando. -
A senhora Abigail mandou lhe entregar isso. -
Vicente deu ao professor uma pasta cheia de
papeladas, ele olhou rapidamente para mim e
saiu.
- Ele é muito gostoso. - uma garota atrás
de mim disse. - Alguém sabe o endereço dele? -
As outras riram.
- Se eu soubesse... já estaria grávida. -
Elas riram novamente e eu queria matá-las.
- Como você se sente com o fato de ter
garotas atrás de você falando que querem dar
para o seu namorado? –Mi inclinou-se e falou
isso em meu ouvido.
- Me sinto completamente normal, quer
dizer, se isso significar: me sinto com vontade de
fuzilar todas elas.
Finalmente.
Finalmente.
Finalmente acabou aquela porra.
- Vamos logo, Mi. - Falei.
- Espera aí, quem está andando devagar é
você... Por causa da sua perna. - Bem, ela estava
certa.
Peça para Mi deixar você na frente
da lanchonete... e nem pensei em ir sozinha
com sua perna deste estado . - Recebi uma
mensagem de Vicente.
Entramos no carro e Mi fez exatamente o
que Vicente pediu na mensagem, mas antes ela
ressaltou que não estava fazendo isso por Vicente,
mas por mim.
- Faça a escolha certa. – Mi disse toda
dramática.
Chegamos e Vicente estava na frente da
lanchonete, usava uma regata branca e uma
calça preta, usufruía de um cigarro em uma
inocência impressionante, seu braço fechado em
tatuagem o deixava mais gostoso ainda.
Ele logo reconheceu o carro de Mi e
jogou o cigarro fora pisando em cima, veio até o
carro e abriu a porta para mim, me apoiei nele
para sair e o seu maravilhoso perfume invadiu
minhas narinas, quase que eu afrouxei e caí de
volta para o carro, ele riu e me deu um selinho
leve.
Em seguida ele pegou minhas muletas que
estavam no banco de trás e me entregou.
- Ou eu posse levar você no colo. - Ele
brincou.
- Você não vai nem me agradecer? Eu
trouxe ela aqui. –Mi retrucou.
- Tchau, barata esmagada. - Ele disse e
riu.
- Você prometeu que não me chamaria
mais assim, seu trouxa. - Ela xingou.
- Droga, uma promessa não cumprida. -
Ele piscou para ela e me coordenou até nós
estarmos dentro daquela lanchonete.
- Você tem uma implicância muito chata
com Mi, sabia?!
- Ela não me desce. - Ele deu de ombros
enquanto me ajudava à sentar. Em seguida
sentou em sua cadeira. - O que vocês gostariam
de comer? - O garçom perguntou.
- Gabriela, claro. - Vicente respondeu e eu o
olhei com cara feia, o garçom ficou meio sem
graça. - Tô zoando, cara... - Ele disse. - Ok, nem
tanto. - Ele se inclinou para sussurrar para o
cara. - Mas enfim, lança aquele risoles de frango
maravilhoso que vocês tem aqui. - Vicente disse. -
E você, Gabi. Vai querer o que?
- Uma coxinha de frango. - Falei. - E uma
coca bem gelada, obrigada. - Vicente me olhou e
deu uma risada. - O que houve?
- Pensei que ia dizer: só uma aguinha.
Como todas as garotas chatas fazem.
- Muito engraçado, Vicente. - Dei uma
risada irônica para ele. - Sabe... Eu não sabia que
você curtia lanchonetes, aquela vez que eu vi
você entrar aqui com Eugênia até estranhei...
- Por que você diz isso?
- Porque você é Vicente Machado, seu negócio
é luxo, por que não me levou para comer caviar?
- Fui meio irônica.

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