Capítulo 39 - Giovanna part 2

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Querido, Vicente.

Lembra de mim? Óbvio que não. Alias, você nunca lembra de suas pobres vítimas, das mulheres que você come e joga fora.

Ah meu querido, te procurei tanto, você simplesmente sumiu. Foi no início do ano passado, lembra? Estávamos em uma boate quando você chegou com sua incrível lábia e me envolveu, dono de uma beleza estonteante, eu não pude resistir, assim como todas as outras.
Ok, passou. Fui apenas mais uma transa desimportante, não? Você sumiu, não deu-me seu telefone, não me passou seu endereço, o qual, eu ralei muito para conseguir e apenas porque pelo menos seu nome, você me disse.

Mas sem delongas, vamos ao que realmente interessa: não tenho mais condições de cuidar de minha pequena Giovanna, estou muito doente e a maioria de meu salários vai em meus
medicamentos, eu não estou mentindo nem muito menos abandonando minha filha, isso é pura verdade, não tenho mais como cuidar de minha pequena. Eu poderia apenas te importunar pedindo dinheiro, mas não adiantaria nada, pois minha vida não será muito longa, não tenho outros parentes com quem deixá-la, por isso, fiz de tudo para encontrar você, nada melhor do que deixá-la com o seu próprio pai.

Nós não nos prevenimos, se você lembrar apenas de quem eu sou, irá lembrar disso também. Você foi meu primeiro homem, sim, eu tinha vinte anos e era virgem, sonhava em
casar pura, havia ido naquela boate apenas para curtir com minhas amigas, mas você é dono de um poder irreconhecível. Depois de um pequeno tempo, descobri que estava grávida, meus pais quiseram me matar, fui obrigada a fugir para poder ter Giovanna em paz. Então descobri que
estava com câncer e tive que voltar para de baixo do teto deles, eles queriam colocar minha pequena para a adoção, não aceitei, você veio em minha cabeça como algo impossível, mas eu
descobriria seu paradeiro de todos os jeitos, pedi ajuda de alguns amigos, mas bom, isso não importa.

A única coisa que eu peço, Vicente, é que você seja um bom pai e não maltrate minha menina, tenho esperanças de que ela estará em boas mãos. Diga todos os dias que eu sempre a amei.

Abraços, Vivian.

Deixei o papel cair de minha mão, aquela carta me fez estremecer, Vicente tinha uma filha?
Nem ele sabia sobre isso. O olhei e ele estava bem pior, fitando Giovanna de longe como se fosse incapaz de entender tudo o que se sucedia e eu não o culpava por estar assim, só o culpava
pelo o que ele havia feito com a pobre coitada de Vivian. Eu podia sentir que essa carta era verdadeira, não era mais uma de suas vadias tentando aplicar algum golpe, enquanto eu lia a tal
carta eu podia sentir a dor dessa pobre mulher, mais uma que foi atraída pelo doce veneno de Vicente.

- Lembra dessa tal Vivian? - Perguntei quebrando o silêncio.

- Lembro... - Ele pensou aflito. - Um pouco...

- Bom, acho que você tem uma responsabilidade agora.

- RESPONSABILIDADE, GABRIELA? - Vicente se alterou. - EU NÃO SOU RESPONSÁVEL NEM EM RELAÇÃO À MIM, IMAGINA À UMA CRIANÇA. - O puxei para fora do quarto para não
acordar Giovanna.

- Que é sua filha! - Exclamei. - Não adianta levantar a voz para mim, eu não tenho culpa de nada. - O repreendi. - O culpado dessa história é você, é um choque, óbvio que é, mas alguma
consequência essa sua vidinha de pegador cafajeste deveria te dar. - Ele me olhava sério. - E olha, que foi até uma consequência boa, comparado ao que você realmente merecia. - O julguei.
- Vai saber quantos filhos você não tem por aí...

- Vira essa boca para lá, Gabriela. - Ele gritou.

- Tanto faz, Vicente. Só vou te dizer uma coisa. - Falei entrando no quarto novamente e
vendo que Giovanna havia acordado e nos olhava com uma cara assustada, ainda deitada em baixo
daquela coberta, sentei ao seu lado. - Você vai cuidar desta criança. - Falei a Vicente enquanto Giovanna tentou se esconder. - Não se esconda, lindinha. Não vou machucar você. - Passei as
mãos em seus lisos cabelos, tentando acalmá-la. Ela meio que se confortou.

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