10. A Little Death

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 Ela estava bem a minha frente, com um olhar que parecia de decepção e, sem seguida, desafiador.
 
"Seu zíper está aberto."

 Essas eram as palavras que ecoaram em minha mente a noite toda, afinal eram as únicas que ela havia dito.
 Tentei distrair-me, mas minha mente voltava ao rosto dela novamente. Saí para buscar alguns amigos e, quando voltei, todos estavam no meio de um "verdade ou desafio" futurístico. Eram as últimas rodadas e, consequentemente, as mais interessantes. 

 "Por que não, Urrea? O pior que pode acontecer é você ter que beijar o Joshua."

 Ingênuo Urrea... mal sabia... e justamente Josh estaria envolvido.

 Quando ele disse que eu deveria ir com Gey ao "quarto do fogo" não fiquei surpreso, mas extremamente desconfortável. Ele sabia quão duro eu havia trabalhado para ignorar todos os meus sentimentos e evitá-la o máximo possível. Alguém levaria um grande esporro no dia seguinte.

 "Nem fodendo." Foram as palavras que saíram inconscientemente, enquanto eu a encarava com o máximo de desprezo possível. 
 Logo que ela foi em direção às escadas todos ficaram olhando-me, esperando para ver o que eu faria e eu tinha uma reputação a zelar. Após alguns minutos de suspense levantei e fui até a escadaria, onde fiquei mais alguns bons minutos.
 Nesse ínterim, Bryan Raven, o modelo grandalhão que cheirava a academia, passou por mim após um cumprimento rápido. Ele estava claramente alterado e, ao vê-lo subindo as escadas, um de seus amigos gritou:

 - Não vai ser tão fácil assim, Bryan!
 - Espere e verá... - ele gritou em resposta.

 Ignorei-o e fui pegar uma bebida antes de ir ao tal quarto o qual, até então, eu tinha certeza que não havia pegado fogo de verdade. 

  E as chamas de um passado mal resolvido ardem mais que qualquer coisa.

 Tentei passar despercebido pela multidão no caminho até o bar, mas tive que ter pequenas conversas que me tomaram tempo demais.
 Mais algumas palavras e eu não chegaria a tempo.

 O que aconteceu quando eu cheguei ao quarto você já sabe.

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 - O que você disse, Noah? - perguntei atônita.
 - É isso mesmo que você ouviu - respondeu ele, andando de um lado para o outro massageando as têmporas.
 - Não é possível - soltei uma risada de pura incredulidade. - Eu não acredito, é isso.
 - E eu não me importo nem um pouco - afirmou entredentes.
 - Ótimo. Eu aprecio muito a sua ajuda até então, daqui pra frente eu me viro sozinha - peguei meu celular e caminhei até a porta, até que ele se colocou entre mim e ela, bloqueando a passagem. - Saia da minha frente agora, Urrea.
 - Não é porque eu não gosto de você que não vou te ajudar.
 - Você já ajudou o suficiente, não acha?
 - E você vai fazer o quê? Sair no meio da madrugada de roupão e ir andando até a sua casa?
 - Não interessa. 
 - É claro que interessa e você não vai sair daqui - ele tirou a chave da porta e colocou em seu bolso.
 - Noah, você viu o que aconteceu com a última pessoa que tentou me trancar em algum lugar e pra sua sorte aqui tem o triplo de garrafas pra eu usar - murmurei.

 Nossos corpos estavam praticamente colados e nossas respirações se misturavam. A tensão era palpável e seu hálito de hortelã com uma pitada de álcool inundava meus pulmões.

 - Você não faria isso - sussurrou.
 - Vai querer pagar pra ver? - perguntei olhando em seus intensos olhos verdes.
 - Ok - ele tirou a chave do bolso e jogou na mesa. Boa mira, Urrea. - Mas você não vai sair daqui.
 - E o que você vai fazer para me impedir?

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⏰ Última atualização: Jun 28, 2020 ⏰

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