A SEDE DO CAOS

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O tempo não dorme, mas finge.

E se Cronos reconquistasse Réia a força? Se ela não tivesse opção a não ser estar com ele, por não ter mais ninguém?

Hábil como poucos, ele resolveu testar a esperteza de Métis e fingiu confiar naquela servente. Passou a beber com Atlas e seus companheiros há muito afastados. Atlas, sempre forte em físico e autoconfiança, se achou no direito de tomar Métis para si. Depois de algumas investidas o próprio Cronos deu fim na tentativa nada confortável para a futura deusa da virtude. O que a fez vê-lo com olhos não tão negativos. Réia desconfiou das atitudes de seu cônjuge, alertou Métis, mas a garota não abandonaria suas convicções mais primitivas por um ato mais benevolente de quem ela havia ouvido tantas histórias terríveis, ela ainda estava firme em derrotar o tirano. Entretanto, sem que percebesse, a filha Oceano baixou a guarda.

O plano estava concluído, elas iriam envenenar Cronos em poucos dias, só lhe bastava esperar um de seus momentos de embriaguez, que haviam se tornado frequentes após o seu retorno. Nada era mais como antes e a última mudança estava perto, Cronos previa seu fim, mas do alto de seu ego, achou prudente desafiar o destino. Não iria ser engambelado por duas mulheres que nem ao menos respeitavam sua percepção dos fatos. Réia tinha seu amor incondicional, mas Métis teria sua justiça de outrora.

Ao embebedar seus amigos e se fingir bêbado, Cronos pediu ajuda a sobrinha, que ele acreditava nem ao menos imaginar o que ocorreria.

Ele havia tomado ambrosia durante a noite, deixando cerveja amanteigada para Atlas e seus outros companheiros, mas ainda assim, pedindo mais e mais cerveja para Métis servir. Com a guarda baixa ao Tempo e altíssima ao inconveniente general Atlas ela não percebeu de onde estava vindo o perigo. Ao servir com a maior distância possível o general, a deusa deu as costas para Cronos, o que, em qualquer guerra, não tem perdão. O titã louco não perdeu a oportunidade e agarrou a pequena, que já não tinha mais chances, foi brutalmente engolida por ele, na frente de todos que foram mirados por ela, com todo sua face de incredulidade com o que estava acontecendo. Será que estavam bêbados a esse ponto?

Foi rápido, sem pena e sem aviso. Agora Réia estava sozinha novamente, ao lado de seu companheiro nada fiel, sentindo falta da filha e irmãos, que estavam longe, mas sentindo mais ainda a frustração de ter chegado tão perto de ter todos os filhos de volta e acabar morrendo na praia, quase que junto com sua sobrinha.

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