A LIBERDADE

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"Atirem-se, infelizes, o mundo aqui não vale nada. Correr o risco é o que nos torna vivos."

Métis havia envenenado Cronos, de dentro para fora, como planejou com Réia e tinha acabado de contar isso, todos ficaram enfurecidos com aquela intrusa. Mas ela já sabia o que fazer, havia prometido a Réia apenas levar consigo os primos, quem não se convencesse estaria fadado a mais uma morte, infelizmente.

Hades não titubeou, ao perceber seu pai morrendo por dentro não viu mais sentido para viver aquilo, nada ali mais valia. Se aquele era seu fim ou o ingresso para nova vida, não importava muito, apenas estaria indo ao encontro do irmão, onde quer que fosse. Zeus tentou convencer aos outros irmãos que aquele não era o fim do pai, que eles ainda estavam seguros, mas o céu rosado acima deles ia pingando vermelho e ninguém demorou muito a perceber que aquele rapaz não tinha muita razão. Acabaram seguindo Hades, como sempre fiéis. Por fim, o caçula viu que não havia motivo para ficar ali, sozinho até o pai definhar - sem as ovações que merecia - e se tacou, com o coração apertado, o qual nunca mais iria sentir.

Nem todos se lançaram ao ácido titânico e definharam junto com todo seu mundo; E nem todos que se lançaram ao ácido tinham a imortalidade em si e definharam. Dos poros do devorador poucos saíram, na verdade.

Zeus, Hades, Héstia, Deméter e Hera se materializaram no momento em que Poseidon abraçava sua mãe e lá também foram, menos Hades, que nunca perdoaria a mãe por tê-lo concedido ao pai e depois participado da sua morte. Algumas ninfas, que nunca mais seriam as mesmas, resolveram se internar nos campos e viver uma vida pacata, longe de gente tão complicada. Outros seres sobreviventes também se afastaram e nunca ousaram contar pelo que tinham passado, talvez nem lembravam. Entretanto, os ventos nunca haviam se sentido tão livres ao ver o corpo-prisão de Cronos, no qual viviam desde a morte do Céu. Até hoje não pararam de correr pela Terra, espalhando a história da guerra dos titãs contra os Deuses, das formas mais imaginativas possíveis. Métis apareceu e olhou para seu rival que jazia no chão e não pode deixar de lembrar de quando ele o havia salvado das mãos de Atlas.

"Ah, Atlas!"

Eles não poderiam perder tempo, os titãs deveriam ser derrotados o mais rápido possível, mesmo sem seu líder. Mas Réia acalmou a sobrinha, ela havia libertado os ciclopes e os hecatonquiros do Tártaro e não precisou nem pedir para que eles a ajudassem a trancafiar agora os companheiros de Cronos. Atlas, porém, fugira, mas com certeza não seria perigo. Ele era forte apenas ao lado de quem o desse força, sozinho não era nada, ficaria fugindo, sendo perseguido por seu passado, se escondendo de seus inimigos, com o peso de um mundo de arrependimentos nas costas. Os ciclopes resolveram demonstrar a gratidão por ela de outra forma.

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