Capítulo XXIII

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- Desculpa mais uma vez pela noite de sábado. - Benjamin tentava se redimir com Germano a cada momento possível.

Os dois garotos estavam sentados em um dos bancos espalhados pela área externa do colégio. Ambos estavam apenas aproveitando um momento de paz antes de Germano ter que ir embora para trabalhar.

- E como eu disse mais de mil vezes seguidas: não precisa se desculpar. - Germano acariciava os cabelos de Benjamin - Afinal, você sempre me contou que a sua mãe é... desse jeito.

Benjamin riu: - Pode dizer. Vazia, maldosa, egocêntrica, insuportavelmente rica.

Entre risadas, Germano vacilou o olhar sobre o seu relógio de pulso e percebeu que já era mais que hora de ir para casa almoçar e se trocar para ir ao auto center, então ele se levantou e recebeu um beijo de despedida de Benjamin, que atraiu olhares de repulsa dos homofóbicos enrustidos e olhares apaixonados das garotas fetichistas da escola.

- O meu pai não falou nada no jantar. - Benjamin tinha os seus braços ao redor da nuca do alemão - O que eu acho que foi uma coisa boa já que aquela noite já estava ruim o bastante.

Germano forçou um sorriso nervoso: - É.

E, lutando contra a vontade de ficar colado a Benjamin o dia inteiro, ele se despediu do rapaz com um beijo final e foi em direção a sua moto no estacionamento do colégio.

Benjamin ficava tão triste com a ideia de ter que se afastar de Germano, nem que seja por um minuto, que nem chegou a perceber a aproximação de Peterson do banco, de tão vidrado que o seu olhar estava na saída da motocicleta do seu namorado. Quando ele percebeu a chegada do garoto, ele o convidou a sentar-se ao seu lado, no banco.

Os dois rapazes se cumprimentaram com um aperto de mãos e, quando nem sequer conseguiram começar a colocar o papo em dia, Benjamin avistou o seu motorista chegando no portão da escola e se levantou, se despedindo de Peterson. Este último, por sua vez, antes de dar tchau ao rapaz, o convidou:

- Venha para a minha casa no sábado. Meu pai vai fazer um churrasco e está convidando você e o seu pai. Provavelmente, a esta altura, ele já deve ter conversado com o seu pai. De acordo com ele, ao te ver na nossa casa no dia da minha festa, bateu uma grande onda de nostalgia - Peterson revirou os olhos e riu, debochando - e ele pensou em fazer uma reunião com apenas nós quatro, como fazíamos antigamente, afim de relembrar momentos. Vai começar pela tarde, por volta das três horas, que é quando ele consegue sair o mais cedo possível do escritório. Topa?

》 No sábado: na casa de Peterson Pierce 《

O motorista de Benjamin o largou defronte àqueles grandes portões preto e dourado da mansão gigantesca de Mark Pierce. Assim que o garoto apertou o botão do interfone, ele reconheceu a voz de Mark na outra linha e teve os portões abertos quase que imediatamente.

Essa mansão é muito mais bonita sem um bando de adolescentes, Benjamin não deixou de notar.

Aquela mansão estava tão esteticamente arrumada e "limpa" que era notório a diferença entre esse dia e o dia da festa de Peterson. O grande campo de futebol na lateral da mansão tinha o seu gramado perfeitamente alinhado e verde, o que, junto com a luminosidade dos raios solares da tarde, dava uma sensação visual muito agradável.

Pelo caminho da lateral da mansão, por onde se podia alcançar a área da churrasqueira e da piscina, vinha Mark Pierce, com uma roupa praiana quase igual aquela que ele estava usando no dia da festa de Peterson só que agora completamente preta, receber Benjamin de braços abertos. Os dois se cumprimentaram com um abraço de urso e começaram a caminhar em direção ao fundo da mansão, onde havia a piscina.

Benjamin e GermanoOnde histórias criam vida. Descubra agora