Capítulo XV

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Na segunda-feira, no carro, indo para a escola, Benjamin repassou pela milésima vez tudo o que aconteceu no sábado à noite, no restaurante Gordini.

"Assim que Germano deixou o estabelecimento às pressas, deixando (ou esquecendo) a sua carteira, Benjamin tentou tomar controle da situação. Ele não sabia porque Germano agiu daquele jeito, repentinamente, mas precisava ajudá-lo.

Benjamin pagou a conta com o próprio dinheiro e, depois de recolher a carteira de Germano, ele foi atrás do garoto. Assim que saiu do restaurante, ele olhou para os dois lados da ruela freneticamente, tentando achar Germano naquele mar de pessoas. A sua moto ainda estava estacionada exatamente do modo como eles a deixaram, então ele possivelmente ainda estava por perto.

Benjamin começou a andar a passos extremamente rápidos para o fim da ruela, preocupado com Germano, olhando para as portas dos restaurantes, para os bancos espalhados pela rua, até que o seu olhar parou na nuca mais ou menos raspada de um garoto sentado em um banco no final da ruela, perto da areia da praia; era ele.

Assim que alcançou o banco, os seus ombros relaxaram, mais despreocupados, ele achara Germano. O garoto olhava fixamente para o horizonte, onde o mar se encontrava com a escuridão do céu. As suas mãos tremiam levemente; ele não chorava, mas os seus olhos estavam vermelhos, provavelmente ele estava segurando as lágrimas; ele balançava uma das pernas freneticamente.

Benjamin não tinha como saber o que deixou o rapaz naquele estado, mas com certeza foi algo relacionado com Aliston Warren. Assim que Germano pousou o olhar sobre o homem, ele começou a ter aquela crise e, então, fugiu do restaurante.

Cautelosamente, Benjamin se sentou ao seu lado: - Você está bem?

Germano olhou para o garoto, checando a sua feição. Os seus olhos estavam bem vermelhos.

Sem receber resposta alguma, Benjamin passou um dos seus braços em volta dos ombros de Germano, lhe abraçando.

- Vai ficar tudo bem. - Benjamin sussurrou, enquanto Germano encostava a cabeça no ombro dele.

Benjamin não quis insistir em conversa alguma, ele sabia que Germano não queria falar sobre aquilo.

Com o passar dos minutos, naquele interminável silêncio, Germano começou a chorar lentamente no ombro de Benjamin. O mais novo nada dizia, apenas acariciava os cabelos do alemão, repetindo firmemente que tudo vai ficar bem.

Inexplicavelmente, Benjamin teve vontade de chorar também, mas não o fez. Apenas de ver Germano chorando daquele jeito, triste daquela forma, uma melancolia esquisita possuiu o corpo de Ben. Era insuportavelmente injusto vê-lo chorar daquele jeito, ou sofrer sozinho.

Benjamin sentia que tinha muita coisa sombria sobre a vida de Germano que ele não sabia, mas ele queria ajudá-lo de alguma forma, só não sabia como. Então fez o que estava a seu alcance: acalentá-lo com as suas palavras.

- Eu estou aqui com você. - Benjamin sussurrava em intervalos - Não se preocupe. Você não está sozinho.

Com o passar da noite, os dois permaneceram ali, sentados, olhando para o horizonte. Uma vez ou outra Benjamin vacilava a voz, desistindo de dizer algo para Germano, para fazê-lo sentir-se mais acomodado. Ele sentia que o que Germano precisava no momento era tempo, silêncio e compreensão, então calou-se, ficou apenas acariciando os seus cabelos.

Um grito incomum de uma gaivota agitou o som das ondas quebrando na areia infinita da praia. Germano já tinha cessado as lágrimas, só os seus olhos e o seu nariz que permaneciam levemente vermelhos.

Depois de se recompor, Germano ajeitou a sua postura, ainda permitindo que Benjamin o abraçasse. Ele enxugou o molhado de seu rosto com as costas das mãos e levantou de supetão, tentando não fazer contato direto com Benjamin, provavelmente estava envergonhado.

Benjamin e GermanoOnde histórias criam vida. Descubra agora