Capítulo V

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》 Uma semana depois: no dia da festa 《

Independente da discussão que tiveram no banheiro, Adam e Benjamin mantiveram o relacionamento felizes e agitados, espiritual e amorosamente. O namoro dos dois avançava todo dia entre sorrisos e beijos; ambos estavam felizes com a companhia um do outro, mas algo incomodava Benjamin.

Será que Adam vai repetir aquela atitude novamente?, Benjamin se perguntava a todo momento em que abraçava o namorado.

O garoto sempre repetia a imagem do rapaz puxando o seu braço, possessivo e violento, mas sempre tentava apagá-la da mente, sem sucesso.

Em mais um dos infinitos dias de aula, Benjamin se sentou, recebeu um beijo de Adam, que foi sentar-se em sua cadeira, e foi chamado por April, que estava sorridente, como sempre.

- O namoro está indo bem? - ela perguntava, entredentes.

- Está sim, indo muito bem. - Benjamin retrucou, sorrindo.

April sorria, feliz pelo amigo, mas algo em seu olhar revelava um certo desespero interno, como se ela segurasse um sorriso para agradar as pessoas ao redor, como ela sempre fazia quando estava com Lucille, que, às vezes, intimidava a garota.

Ela passou aqueles minutos antes da aula começar contando a Benjamin sobre o quanto admirava o relacionamento dos dois e a coragem do rapaz de demonstrar amor em público, mesmo com todo o preconceito que existe no mundo. Muitas vezes o sorriso dela vacilava mas a garota o recompunha imediatamente, fazendo Benjamin se incomodar com aquela necessidade da menina de sorrir o tempo todo, para agradá-lo.

Cuidadosamente, Benjamin arriscou o assunto: - April, mudando nem tanto o rumo do assunto, você sabe que pode confiar em mim, não é? Pra tudo!

Ela olhou chocada para ele, porém tentou disfarçar nos segundos seguintes: forjando o sorriso novamente, ajeitando desajeitosamente o cabelo atrás da orelha e tentando não encarar o rapaz diretamente em seus olhos.

Ela arriscou olhar para os olhos de Benjamin, e percebeu que o garoto ainda esperava uma resposta, ou qualquer coisa que o tirasse daquele vácuo. Ela olhou para os lados e percebeu que ninguém prestava atenção a conversa dos dois: estavam entretidos em suas próprias carteiras conversando com os seus próprios amigos; então voltou-se para o garoto, receosa.

- Tá bom, eu tenho algo para lhe falar. Mas saiba que é porque eu confio muito em você, tipo, muito mesmo... - as mãos de April tremiam levemente.

Pela primeira vez na vida, Benjamin percebeu que a garota não tentava forjar um sorriso para reestabelecer aquela felicidade falsa que ela fingia ter sete dias por semana. Ela agora tentava olhar para os olhos do rapaz, mas muitas vezes não conseguia, apesar das inúmeras tentativas.

- É que... na verdade, eu... bom, é que... - os olhos dela começaram a lacrimejar.

Benjamin sabia que a garota tinha leves crises de ansiedade quando colocada sobre pressão, então não quis forçá-la.

- Ei, respira fundo, April. Você não precisa me contar nada se não estiver à vontade, lembre-se.

A garota conseguiu tremer menos, apesar de os olhos ainda continuarem lacrimejando.

Benjamin e GermanoOnde histórias criam vida. Descubra agora