Culpa

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO VII – CASAMENTO DE JULHO

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CAPÍTULO IV - CULPA

O silêncio de meu melhor amigo me encarando com decepção e raiva era ensurdecedor. Seus olhos claros se alternavam entre meus machucados, procurando palavras para descrever o que sentia. Permaneço quieto, encolhido em minha carteira da sala de aula. Não havia o que ser feito. De certa forma, eu procurei por isso, quando me envolvi com pessoas erradas no passado. Eu tinha ido contra todos os seus súplicas e agora pagava pelos meus erros com seu olhar.

- Você prometeu. - Sussurra Oliver, soando entristecido. Meu coração se contrai, odiando a sensação de culpa que me envolvia.

- Eu não tive escolha.

- Sempre há uma escolha, Damon. - Retruca meu melhor amigo, frustrado.

- Não dessa vez. - Respondo, sentindo aquele peso em meus ombros e a dor emocional cada vez mais forte. - Eles descobriram sobre a minha família e... não dava, Oliver.

- Tio Clint pode te ajudar. É só você falar com ele que...

- Eu não posso mais ficar me escondendo atrás da força e poder de tio Clint. Eu me meti nessa confusão sozinho. Eu preciso sair sozinho também. - Interrompo Oliver, encarando minhas próprias mãos. O bramido feroz de meu melhor amigo ecoa pela sala, chamado a atenção dos poucos alunos que havia no local. Repreendo-o com o olhar, mas Oliver não parecia se importar com nada disso.

- Que droga, Damon! Deixa essa merda de orgulho de lado pelo menos uma vez na sua vida! Por que você sempre escolhe o caminho mais difícil e perigoso? Por que continua a se afundar cada vez mais nessa merda? Até quando eu vou precisar ver você chegar completamente machucado no outro dia? Ou pior ainda, até quando eu vou ter que ficar me questionando se você vai voltar vivo para casa depois de mais uma luta? Porque antigamente você ainda me falava o que acontecia. Agora eu fico sabendo de última hora. E...

- Eu não quero envolver você mais nisso do que já está envolvido. Saber disso já é perigoso o suficiente para você. - Resmungo, incomodado. - Você agora tem um filho para cuidar, Oliver. Ele precisa do pai...

- E eu preciso do meu melhor amigo vivo! - Exclama Oliver, exasperado. Encaro-o por alguns instantes, sem saber o que eu deveria dizer. Ele suspira, frustrado. - Droga, Damon!

- Eu vou ficar bem. - Afirmo, mesmo sem ter nenhuma certeza disso. A situação estava saindo completamente do controle e Oliver me conhecia bem o suficiente para saber que minhas palavras não haviam sido sinceras. E sob seu olhar cético, suspiro incomodado, desviando o olhar. - Eu vou lutar na semana que vem contra o Cachorro Louco.

- O quê? - Balbucia o outro, dividido entre o medo e a descrença. - Damon! Esse homem é conhecido por lutar com seus rivais até a morte. Ele já matou muita gente e é completamente brutal. Não pode lutar com ele!

- Eu preciso. - Suspiro, enquanto aperto meus punhos.

- Não! Não precisa!

- Oliver!

- Damon! Eu não vou deixar você ir. - Impõe meu melhor amigo, indignado. - Ficou maluco? Acha mesmo que eu vou permitir que você vai de encontro a sua possível morte?

- Eu vou ganhar. - Respondo, encarando-o.

- Você não tem certeza disso. - Retruca Oliver, negando veemente. - Você está há muito tempo sem lutar, Damon. Olha como você ficou em apenas uma noite!

Casamento de JulhoOnde histórias criam vida. Descubra agora